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Vir prudens non contraventum mingit

por Fernando Melro dos Santos, em 25.06.17

A História do sufrágio no Portugal pós-Abrilino é a história de um compadrio que se sublima numa putrefacção lenta, em larga medida alimentada por duas seitas diferentes de um mesmo culto, ao qual penso que será adequado denominar de social-proxenetismo, e que é indissociável do espírito Constitucional da República, por seu turno retrato fidelíssimo do povo.

 

Na essência, desde 1976, colectivistas de índole medíocre e sem quaisquer intentos de promover a evolução do país fingem, mediante acordos prévios entre as suas facções e terceiros que possam adjuvá-las, dividir-se distribuídos entre margens opostas de barricadas ideológicas. No terreno, contudo, que difere inteiramente do mapa, o que se vê com a devida paralaxe orbital é um cenário absolutamente ordeiro e síncrono, pautado pelo fito único de manter a alternância no saque ao erário - agora Europeu e de liquidez exacerbada - mantendo a ordem social através da expansão controlada do aparelho do Estado e respectivas sinecuras, prebendas e bloqueios.

 

A populaça, timorata e de parco contento, vai embalando nos esguios bracinhos a batata fervente que todos passam em diante, como se viesse a arder dos resquícios cintilantes de algum raio beirão. 

 

Quando Pedro Passos Coelho, a última figura minimamente digna a ter segurado o tubérculo, começou a tresandar a caixão, foi lesta uma das seitas - digamos, os Capacitados - a desmultiplicar esforços para os seus caciques, sequiosos do rancho e à beira de uma síncope nervosa, não perderem o comboio uma vez escancarado, de novo, o vazio odioso que deve ser preenchido por quem saiba dar destino ao rio dourado que canga fiscal, BCE e esquemas de clareza dúbia vão permitindo rolar. 

 

Por sua vez, guiada pelos medidores de calendas usuais, e cegos para uma realidade que os minimiza, a segunda seita promove selectos festins e elege xamãs em preparação para o féretro do governo que está, ignorando grosseiramente que se este governo ainda está, contra o torvelinho de desgraça que acometeu a terra na semana passada, é porque algo o sustém.

 

A arrogância crónica que tolhe a praça é, assim, mal disfarçada quer tentem escamoteá-la por detrás de piadas boçais na boa tradição da extrema-esquerda como faz a primeira seita; quer, à moda dos segundos, seja ela mal tapada a vinho e a bifes por entre oratória onanista nas Avenidas Novas, numa patine finissima da paroquialidade consanguínea que MEC tão bem definiu

 

É assim, amiguitos. Estamos entregues a sanguessugas sem espinha. De várias cores, é certo, como as belas luzes que adornam as aldeias ainda não ardidas para festejar os santinhos padroeiros. E isto vai durar sem qualquer agitação, sobressalto ou alternância, até ao momento e nem um dia além do momento em que o BCE entender reciclar o milagre da dívida. 

 

A partir daí bem podeis capacitar populações, congregar tribos, ou que merda vos aprouver tomar em plenário como cicuta final, que o desfecho estará traçado e será magnífico de contemplar a partir desta varanda. 

publicado às 19:53







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