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Aterradas pelo desagregador processo de autonomias, as autoridades espanholas procuram convencer a sua opinião pública, da inevitabilidade de um futuro Estado unificado peninsular, ainda que para tal procure novas soluções integracionistas. Uma delas, consiste no acenar da cooperação transfronteiriça e os exemplos mais marcantes residem na Extremadura-Alentejo e Galiza-Minho-Trás os Montes. Os governos autónomos das províncias limítrofes, têm desenvolvido intensa actividade aliciadora nas franjas da fronteira portuguesa, desde o sector empresarial, até à saúde, educação, etc.
O plano é conhecido e oferece uma miríade de possibilidades de condicionamento da vontade de resistir das autoridades portuguesas, geralmente radicadas nos centros de decisão longe da fronteira. A questão das águas, os portos de escoamento ou entrada de mercadorias, as vias de comunicação e agora, as universidades, são alguns dos aspectos que têm merecido uma especial atenção por parte dos espanhóis. No meio de uma tremenda crise económica e financeira, as autoridades de Lisboa têm contemporizado, vendo logicamente em Espanha, um motor da nossa debilitada economia que no país vizinho, tem agora o seu maior parceiro. Um erro de mais de duas décadas que ameaça a autonomia de Portugal.
A proposta de institucionalização de uma versão do Benelux entre Espanha e Portugal, pode satisfazer as necessidades internas dos nossos vizinhos, convencendo finalmente catalães, bascos ou o recente arrivismo galego, da necessidade material da pertença a um espaço económico com claros reflexos políticos. Mas os espanhóis querem ir mais longe que aquilo que o dito Benelux supõe e todos sabemos o que tal significa. No entanto, o que os nossos vizinhos não parece quererem reconhecer, é o interesse nacional português, cada vez mais indeciso perante uma Europa que já nos proporcionou melhores dias e as possibilidades que surgem de novo, daquelas áreas do planeta com as quais mantivemos uma convivência de séculos. Portugal não é uma Catalunha e muito menos ainda, um País Basco.
Conhecendo e aproveitando o estertor desta fase do regime português, a Espanha ataca e quer convencer com as vantagens materiais que só podem ser lobrigadas pelos sectores financeiros/empresariais, perante os quais a população portuguesa nutre bem fundamentadas suspeitas. Antecipando-se ao que eventualmente possa suceder a médio prazo, Madrid vê a grande oportunidade que pelo menos, adie um desenlace que muitos adivinham.
Sendo absolutamente indesejável para a segurança de Portugal, a ameaça da balcanização de Espanha poderá significar um risco agravado de arremetidas a que a nossa irresponsável e fraca classe política, poderá não ser capaz de dar resposta. Resta-nos a esperança da súbita reacção popular que a todos poderá surpreender.