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A Bíblia nas concepções de Dan Brown e José Saramago

por Samuel de Paiva Pires, em 27.01.10

(Breve ensaio elaborado no âmbito da disciplina de Agenda do Pensamento Contemporâneo, leccionada pelo Professor José Adelino Maltez ao 1.º ano do Mestrado em Antropologia, frequentada pela minha pessoa como disciplina opcional do Mestrado em Ciência Política)

 

 

Se há autor que em Portugal atingiu um estatuto quase intocável é José Saramago. Laureado com um Prémio Nobel, a sua vasta obra encontra-se traduzida e publicada em diversas línguas e países. O seu mais recente livro, Caim, foi acompanhado por declarações polémicas em relação à Igreja e à Bíblia, algo que sempre foi característico no autor – recorde-se a polémica em torno de O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Desta feita, Saramago veio dizer que “a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”[1].

 

Dan Brown, por seu lado, alcançou o estrelato da literatura mundial com o controverso Código Da Vinci, fazendo agora chegar às livrarias O Símbolo Perdido. Sempre com o secretismo, a maçonaria e a religião como pano de fundo, torna-se extremamente oportuna a sua última obra quando analisada em conjunto com Caim, com o objectivo de percepcionar divergentes concepções sobre a Bíblia.

Na realidade, independentemente daquilo que separe as concepções de cada autor, importa realçar, em consonância com o Professor José Adelino Maltez, que a relação do Homem com Deus é o mais premente assunto na Agenda do Pensamento Contemporâneo. Ademais, arriscamos afirmar que sempre o foi. Não é difícil encontrar na História da Humanidade fundamentos religiosos na base da esmagadora maioria dos movimentos políticos, sociais, culturais, artísticos e literários.

Aliás, como veremos, nesta relação, um dos elementos mais importantes é o Apocalipse, o milenarismo e a escatologia, referências de grande parte das tentativas de alteração ou mudança de algo na sociedade, muitas das vezes enformando ideologias comummente designadas por progressistas e, portanto, identificadas com a esquerda – que cai no paradoxo da literatura doutrinária de justificação assente numa oposição a uma religião quando ela própria se baseia em princípios e valores que, mais do que ideológicos, são religiosos.

Em O Símbolo Perdido, recorrendo à fórmula a que já habituou milhões de leitores, Dan Brown leva-nos numa aventura em busca do Mistério Maçónico, um grande segredo que, quando revelado, supostamente trará uma nova e grandiosa época em que o conhecimento sobre os maiores mistérios da Humanidade estará ao alcance de todos.

Através de uma narrativa perpassada por sucessivas descobertas em torno do poderoso simbolismo da cidade de Washington, onde se misturam elementos e símbolos maçónicos, rosacrucianos, alquímicos e católicos com valores filosóficos e princípios científicos, Dan Brown procura integrar de forma holística estas três componentes da vida de qualquer indivíduo, a religião, a filosofia e a ciência, concluindo por uma interpretação simbólica da Bíblia. Esta, não mais é do que uma obra que revela o conhecimento humano em todo o seu esplendor, tendo, alegadamente, para além do significado literal, uma segunda camada de significado que pode ser interpretada apenas por alguns, à semelhança do estilo da escrita maçónica, i.e., com uma interpretação literal ao alcance dos profanos e uma segunda inteligível apenas pelos irmãos maçónicos.

Saramago, por seu lado, reinterpreta a narrativa bíblica com Caim como personagem principal, levando-nos desde o Jardim do Éden até à Arca de Noé, passando por Sodoma e Gomorra, pela Torre de Babel, pelas conquistas de Josué, entre outras alegorias que se encontram no livro sagrado do catolicismo. Para o autor, o machismo e a fome são produto da Bíblia[2], os desaires na vida, nomeadamente, o não ter trabalho, casa, roupa ou comida, no caso, de Adão e Eva, são culpa de Deus[3], e o facto de um irmão matar outro é também culpa de Deus[4].

Não deixa de ser paradoxal, ou mesmo incongruente, que Saramago coloque o ónus de várias vicissitudes da vida e do mundo sobre uma entidade na qual não acredita. Porém, reconheça-se a consideração de Saramago quanto à maldade de Deus, quando este pede a Abraão para sacrificar o próprio filho[5], quando destrói as cidades de Sodoma e Gomorra[6] ou quando mata milhares de pessoas no sopé do Monte Sinai[7].

O erro de Saramago consiste precisamente na interpretação literal que faz da Bíblia, e na concepção utópica que tem de Deus. Para o autor, Deus sendo perfeito deveria fazer com que o mundo fosse perfeito. Esquecendo-se que Deus fez o Homem à sua imagem, e que o Homem é por natureza imperfeito, considera que Deus e a Bíblia são as razões pelas quais o mundo não é melhor, retirando qualquer ónus à acção dos homens – que a mais das vezes agem invocando Deus, acreditando numa entidade mística que responde aos anseios do seu eu mais irracional. A este respeito, em nosso ver, correctamente, Saramago assinala o pretensiosismo daqueles que afirmam que os desígnios de Deus são inescrutáveis, como se eles pudessem percepcioná-los e comunicar directamente com Deus[8].

Já Fernando Pessoa assinalava que “o erro capital de todas as definições perfeitas é a perfeição. Uma cousa perfeita deixa sempre suspeitas de não existência”[9]. A perfeição é utópica, e a utopia resulta de uma racionalização que, na História, encontra no Iluminismo o seu expoente máximo, chegando a acreditar-se que só é verdadeiramente livre aquele que se liberta pela razão.

Os sistemas racionais, assentando numa alegada cientificidade que deu corpo à Modernidade e rejeitou a Antiguidade e o papel central que a religião detinha na vida individual e em sociedade, começam desde logo com o sucedâneo de Rousseau e do que este idealizou, ou seja, Karl Marx, cujos ensinamentos vão servir de base aos revolucionários bolchevistas de 1917 e à experiência do comunismo, no qual Saramago se filia ideologicamente.

A acompanhar o comunismo, refiram-se o fascismo ou o nazismo, sistemas que apregoaram o racionalismo e que nem se aperceberam que eram tão ou mais religiosos que a religião católica ou outras. Isto porque, mais do que baseados na ciência, são baseados numa crença apocalíptica. Deve-se, no entanto, notar que Apocalipse significa revelação, ou seja, não é algo negativo, ao contrário do que o emprego habitual da palavra deixa adivinhar. Significa que, após uma revelação, após uma determinada alteração, como cantam os comunistas, “o sol brilhará para todos nós”.

No fundo, estamos aqui a recorrer aos ensinamentos de John Gray[10], considerando que estes sistemas racionais são baseados nesta escatologia milenarista, uma crença apocalíptica numa revelação ou alteração que fará com que o mundo seja um lugar melhor. O problema que a tentativa de colocar uma utopia em prática levanta é o de que os fins passam a justificar os meios, e todas as atrocidades cometidas em nome de uma ideologia passam a ser desculpadas pelas boas intenções iniciais. Isto é precisamente o mesmo que aconteceu com todas as guerras combatidas em nome de Deus. No essencial, ideologia e religião confundem-se, quando não são exactamente o mesmo, contrariando o que muitos dos mais radicais ideólogos pensam.

Saramago padece do viés da interpretação comunista da História, que é não só uma religião como uma profecia historicista que nada tem de científico. Acontece que as profecias não são susceptíveis de teste, tal como acontece com o marxismo, que, como assinala João Carlos Espada, “profetizou o advento inexorável do socialismo e do comunismo sem lhe atribuir um horizonte temporal definido”[11]. À luz da metodologia e teoria falibilista do conhecimento de Sir Karl Popper, é impossível refutar uma teoria que “anuncia a sua concretização sempre para o futuro”, pelo que se trata “apenas de uma crença ou de uma superstição”[12].

Saramago cai no erro e no paradoxo de criticar algo que é precisamente o mesmo que defende, dando especial relevo aos aspectos negativos da Bíblia, de Deus e da religião, esquecendo-se do importante papel que estes elementos desempenham na vida de milhões de indivíduos e das diversas sociedades, e preferindo salientar os ideais utópicos comunistas, esquecendo-se das atrocidades cometidas em nome destes. Se tem noção deste erro, só pode, então, ser considerado como intelectualmente desonesto.

Dan Brown, tendo uma interpretação mais simbólica, alude a um sincretismo universalista, reconhecendo os limites da capacidade racional do Homem, dado que a vida é precisamente uma mistura dos três elementos já referidos (religião, filosofia e ciência/razão), onde não há lugar à perfeição utópica, constituindo-se a Bíblia como uma das mais belas obras da Humanidade.

A divergência entre as duas concepções advém precisamente da concepção da natureza humana que dá corpo às respectivas obras. Só podemos concluir que se Deus fez o Homem à sua imagem, ele próprio só pode naturalmente ser imperfeito, pelo que a Bíblia reflecte precisamente essa natureza imperfeita, com os seus aspectos positivos e negativos.

Resta-nos concluir como principiámos, afirmando que a relação do Homem com Deus continua a ser uma das problemáticas mais prementes no pensamento contemporâneo -  e provavelmente continuará. Em especial, aquilo que preocupa ambos os autores aqui tratados, a existência, ou não, de Deus, continuará a ser um mistério. Entre o jacobinismo anti-clerical e o fanatismo religioso, assinale-se o paradoxal provérbio popular que nos diz que Deus existe, apesar de nós próprios podermos não acreditar nele. Simplesmente, porque milhões de indivíduos acreditam em Deus. É, tão só, um facto sociológico, com o qual temos que lidar.

Referências Bibliográficas

Livros

Brown, Dan, O Símbolo Perdido, Lisboa, Bertrand, 2009.

Espada, João Carlos e Rosas, João Cardoso, orgs., Pensamento Político Contemporâneo – Uma Introdução, Lisboa, Bertrand, 2004.

Gray, John, A Morte da Utopia, Lisboa, Guerra e Paz, 2008.

Maltez, José Adelino, Princípios de Ciência Política – Introdução à Teoria Política, 2.ª Edição, Lisboa, ISCSP, 1996.

Saramago, José, Caim, 7.ª Edição, Alfragide, Editorial Caminho, 2009.

Webgrafia

“"Bíblia é manual de maus costumes", diz o escritor José Saramago”, in Público Online, 18 de Outubro de 2009. Disponível em http://www.publico.clix.pt/Cultura/biblia-e-manual-de-maus-costumes-diz-o-escritor-jose-saramago_1405681. Consultado em 17/01/2010.

 


[1] Cfr. “"Bíblia é manual de maus costumes", diz o escritor José Saramago”, in Público Online, 18 de Outubro de 2009. Disponível em http://www.publico.clix.pt/Cultura/biblia-e-manual-de-maus-costumes-diz-o-escritor-jose-saramago_1405681. Consultado em 17/01/2010.

[2] Cfr. José Saramago, Caim, 7.ª Edição, Alfragide, Editorial Caminho, 2009, p. 20.

[3] Cfr. Idem, ibidem, p. 25.

[4] Cfr. Idem, ibidem, p. 38.

[5] Cfr. Idem, ibidem, p. 82.

[6] Cfr. Idem, ibidem, p. 101.

[7] Cfr. Idem, ibidem, p. 106.

[8] Cfr. Idem, ibidem, p. 39.

[9] Cfr. Fernando Pessoa, Cinco Diálogos sobre a Tirania, in Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, introdução e organização de Joel Serrão, Lisboa, Ática, 1980, p. 320 apud José Adelino Maltez, Princípios de Ciência Política – Introdução à Teoria Política, 2.ª Edição, Lisboa, ISCSP, 1996, p.24.

[10] Cfr. John Gray, A Morte da Utopia, Lisboa, Guerra e Paz, 2008.

[11] Cfr. João Carlos Espada, “Karl R. Popper: A Sociedade Aberta e os seus Inimigos” in João Carlos Espada e João Cardoso Rosas, orgs., Pensamento Político Contemporâneo – Uma Introdução, Lisboa, Bertrand, 2004, p.24.

[12] Cfr. Idem, ibidem, p. 25.

publicado às 00:07


11 comentários

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De JP a 27.01.2010 às 11:56

Caim foi o primeiro livro de JS que consegui ler. E fiquei profundamente convicto da fé do autor.
Uma observação: salvo a epígrafe inicial, o Antigo Testamento é o centro das atenções. Não é redutora a referência ao catolicismo? Já não digo as outras igrejas cristãs, mas não seria o judaísmo o alvo central do livro?
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De Samuel de Paiva Pires a 27.01.2010 às 12:04

Tem razão JP, talvez devesse ter alargado ao judaísmo. Quanto ao livro de Saramago, confesso que nunca li nenhum outro do mesmo autor, mas vou fazer por isso brevemente. E, no fim, fiquei com a mesma impressão quanto à fé de Saramago, apesar do que aparentemente proclama.
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De manuel gouveia a 27.01.2010 às 18:42

Gostei muito deste texto. Julgo que Saramago aborda este assunto com um subtil sentido de humor, a sua interpretação à letra da Bíblia produz situações inadmissíveis à luz de uma moral católica...
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De Samuel de Paiva Pires a 27.01.2010 às 21:41

Touché, Manuel. Obrigado!
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De zedeportugal a 27.01.2010 às 19:20

Só podemos concluir que se Deus fez o Homem à sua imagem, ele próprio só pode naturalmente ser imperfeito, pelo que a Bíblia reflecte precisamente essa natureza imperfeita, com os seus aspectos positivos e negativos.

Caro Samuel,
Não vou fazer uma recensão crítica do texto, por desconhecimento dos seus pressupostos prévios (o tema, a intenção, a bibliografia aconselhada, etc) e, também, por falta de disponibilidade. Restrinjo a minha crítica à afirmação conclusiva(?) supra transcrita.

A conclusão está profundamente ferida de erro e demonstra um desconhecimento evidente da Bíblia, ou melhor, do antigo Testamento, que é a História de um povo - portanto de homens e não de Deus -, e um desconhecimento maior ainda da própria da natureza de Deus.

Ando de há muito a pensar publicar uns textos expositivos de reflexões sobre muitos equívocos a que o senso comum conduz a nossa apreciação de Deus. Em conversa, tenho entupido, literalmente, muitos senhores professores de filosofia em discussões onde eles se conduzem a conclusões como a sua.
Assalta-me apenas a dúvida quanto ao lugar onde publicar textos dessa natureza.
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De Samuel de Paiva Pires a 27.01.2010 às 21:43

Caríssimo Zé,

Tem toda a razão. Nunca li a Bíblia e limitei-me a expor os pontos de vista de ambos os autores, pelo que, é apenas natural que incorra em algum erro. Confesso, no entanto, que fiquei com vontade de ler a Bíblia. Falta-me é o tempo...

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De Anónimo a 30.01.2010 às 21:51

Jovem Doutor,
li o seu texto, bem escrito, sem dúvida, como sempre. Uma boa base de discussão. Não sei se gosto de Saramago, conheço muito pouco dele, não quis conhecer, talvez por influências de outros ligados à Literatura e à História que, apesar de o conhecerem, não apreciam o estilo nem o conteúdo dos seus escritos.
Eu creio em Deus, não porque milhões de pessoas acreditam nele. Simplesmente creio, porque Deus sente-se. Passei por um período em que questionava a sua existência, sobretudo quando as coisas não corriam de feição, mas o tempo ensina e ilustra. Para certas coisas não há explicação da Razão. Simplesmente aceitam-se. O que já fui lendo sobre as críticas ao novo trablho de Saramago só me lembra o Livro de Job. Este depois de desferir toda a sua dúvida, mágoa e incompreensão em Deus, querendo equiparar-se-lhe no combate, acaba por o encontrar desta forma. O encontro intimo e directo com Deus depende da forma como cada um o procura e o quer percorrer.



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De Miguel a 22.08.2012 às 09:00

A ""relação do Homem com Deus" é um  fenómeno da antiguidade, não do "pensamento contemporâneo".

Deus está morto. Não há deuses na idade moderna, apenas tradições que se prolongam por inércia em acabá-las (igrejas, missas, rezas e salamaleques)

Há no entanto muita gente que se aproveita dessas tradições para reivindicar uma autoridade moral, descabida e ultrapassada, que de outro modo dificilmente teriam.


E as referências ao comunismo? Que ataquezinho descarado. Não há quaisquer referências a comunismo ou política moderna no Evangelho Segundo Jesus Cristo.


Já agora, no que diz respeito às "utopias", não há nada mais utópico que religiões e promessas de paraísos depois da morte. Óbvio apelo ao sobrenatural para justificar e controlar o natural - poder temporal, autoridade moral, etc.



O livro do Saramago é apenas uma paródia engraçada, idêntica a tantas outras, que põe a nu o ridículo que são "livros sagrados" como a Bíblia.
Se a Biblia fosse publicada agora, seria rejeitada em todo o mundo civilizado, pela quantidade de barbaridades, ódio e "maus costumes" que elogia.
É um livro morto, ultrapassado à décadas, que só sobrevive pela ignorância de uns, e maquiavelismo de outros
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De Miguel a 22.08.2012 às 09:01

# ultrapassado à séculos, quero dizer
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De Miguel a 22.08.2012 às 09:30

Qualquer pessoa que leia a Biblia percebe facilmente que "deus não sabe o que faz".

Enfim, era apenas um manual de 'bons costumes 'para a antiguidade longínqua, que agora já está completamente ultrapassado.

E é até bastante intragável numa perspectiva literária, aquela escrita arcaica de relato cru e repetitivo de eventos sem qualquer interesse...

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