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Logo em Outubro de 1910, as novas autoridades do regime instaurado pelos obuses de 75mm, expropriaram uma colossal quantidade de bens pertencentes à Igreja. Nem mencionando as depredações que levaram à fogueira estátuas, preciosas alfaias e paramentos religiosos, há que mencionar pilhas de livros, inconábulos, arquivos, etc. No entanto, entre os bens mais cobiçados, encontravam-se os imóveis que foram logo ocupados por organismos estatais ou apêndices parasitários do novo regime, como "comissões para a promoção do ensino", ligas várias e outras necessidades prementes de agrado à devorista clientela que ainda medra sob várias denominações aggiornadas.
Quantos edifícios foram deixados ao mais completo abandono e depredação? Muitos, demasiados. Despiram-nos da decoração, talhas douradas e outras riquezas que para sempre se perderam após o saque, aproveitando uma mão cheia de gatunos bem instalados. Um desses imóveis foi a Igreja de Campolide, imponente construção que se ergue nas imediações da Penitenciária de Lisboa. Está sob a alçada do sempre esquivo Ministério das Finanças que durante tantas décadas deixou cair o "imóvel de interesse público" (séc. XIX) na situação com que hoje deparamos. É certo que continuam os useiros rodriguinhos da "falta de verba", "situação jurídica" e outras desculpas do estilo, chegando-se ao cúmulo - suprema ilegalidade - da igreja nem sequer se encontrar registada na Conservatória do Registo Predial, ou na matriz predial. Sabemos o que por outras palavras, isso significa: a construção praticamente "não existe", habilidade que outras entidades - como a Câmara Municipal - tem usado para demolições dentro da área histórica. Com a hipotética extinção da Penitenciária, já se calculam as manobras especulativas a que a CML se propõe com os seus amigos do costume. Lembrem-se do que se passa na Duque de Loulé, onde o 35 caiu vítima do camartelo, após a sua retirada do Inventário Municipal. Hoje, um miserável mamarracho (Fundo BES do primo Salgado) está em construção naquele terreno.
O Provedor de Justiça solicitou ontem ao dr. Teixeira dos Santos, a restituição gratuita da igreja de Campolide ao Patriarcado, mas a tutela não está nada interessada em qualquer tipo de justiça. Quer continuar a enfardar, mesmo se neste caso, lucrar com o roubo dos seus predecessores. O mesmo se passa com a Real Quinta de Caxias - ao abandono pelas Forças Armadas - , cujo legítimo e roubado proprietário é o Duque de Bragança. O Estado - "nós" - quer devolver a igreja de Campolide à respectiva paróquia, mas exige dinheiro pelo ressarcimento do roubo que vergonhosa e abusivamente perpetrou. Por aquilo que não consegue manter, exige mais de 46.600 contos (233.000€)! O descaramento é total.
Ladrões, devolvam o que roubaram!