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Transparência (2)

por Samuel de Paiva Pires, em 23.04.10

 

No seguimento do primeiro post, aqui fica um caso real. Consideremos três sujeitos, nomeadamente, eu, um amigo a quem vamos dar o nome de Zé, que tem uma pontuação, segundo os mais que discutíveis critérios de selecção, inferior à minha, e um amigo a quem vamos dar o nome de António, que tem uma classificação superior à minha.

 

Eu fiquei classificado no 111.º lugar para uma determinada entidade. O António ficou poucos lugares à minha frente para essa mesma entidade. Para uma outra entidade, o António ficou nos 50 primeiros, e o Zé ficou nos vinte lugares seguintes. Eu fiquei em 160.º para esta segunda entidade. Conseguem perceber isto? Eu não. Ou melhor, talvez até consiga...

 

Aos senhores do Gabinete do Ministro das Finanças que todos os dias visitam este blog, e, em especial, aos senhores que gerem a BEP, o Instituto de Informática do mesmo Ministério, bem como ao Governo em geral, gostava de perguntar se achavam mesmo que as pessoas não tinham vários amigos e conhecidos a candidatarem-se e não iam começar a cruzar a informação? Não se podiam ter dado ao trabalho de esconder um pouco melhor? Ademais, quanto mais tempo passa sem que permitam visualizar as candidaturas dos candidatos, como anteriormente era possível, mais suspeitas deixam recair sobre este processo.

 

Recapitulando o que ontem escrevi, gostava tanto de ver as candidaturas das cento e poucas pessoas que ficaram à minha frente nos estágios do PEPAC. Porque é que será que já não é possível ver? E gostava ainda mais de perceber como não pedem CVs, não fazem entrevistas, não diferenciam as universidades, não diferenciam licenciaturas pré e pós-Bolonha, não conta para nada estar a fazer mestrado... Muito transparente e meritocrático este processo, não haja dúvida...

 

Estará o nosso Estado tão desesperado que precise de "enchouriçar" na Administração Pública 5000 jovens independentemente das suas qualidades? Qual o benefício de contratar por contratar, a "martelo"? Custava assim tanto ter encetado um processo mais demorado mas mais justo, que permitisse recrutar realmente os melhores de entre os candidatos? Há maneiras correctas, justas e boas de fazer as coisas. E depois há formas injustas e erradas. O Estado português, por alguma razão, parece ter tendência para fazer as coisas como não devem ser. Tudo o que pode ser mal feito, é-o. Entretanto proclamam bonitos princípios, que em pouco ou nada correspondem à autenticidade da praxis quotidiana. Deve ser a isto que chamam de ética republicana. Muito rigor, transparência e competência, claro está.

publicado às 20:01


7 comentários

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De Mourão a 23.04.2010 às 20:59

Caro Samuel e seus amigos, os senhores estudam...estudam... ora não podem ser assim tão ingénuos...
Acreditaram os senhores que tudo iria ser feito de forma profissional?
Como podem os senhores acreditarem em tal se a "boca de esfregona" é conivente e cúmplice dos roubos que estão a ser feitos às contas bancárias dos contribuintes e dos familiares daqueles que nada têm que ver com supostas dividas... e com tantas outras aldrabices, que circulam por entre ministérios... Assim sendo só são aceites aqueles que a "boca de esfregona" entende que se regem pela mesma filosofia "roubalheira vigarista democratica"
Sabe q quem me refiro ... BOCA DE ESFREGONA? não é a manuelinha!
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De Nuno Castelo-Branco a 24.04.2010 às 11:36

Há uns anos, também enviei a papelada necessária para concorrer a provas para um conhecido Ministério. Com carta registada e aviso de recepção, tal como convinha.
Nunca recebi qualquer resposta, ou convocatória para a prestação de provas. Nunca. Uns tempos depois, uma funcionária do dito Ministério, dizia-me em sonoras gargalhadas:
"Aaaaah, mas o que queria? Nós metemos lá quem queremos, há que ter confiança e conhecer as pessoas!"
Fiquei esclarecido.
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De Anónimo a 25.04.2010 às 20:46

Ora e«nem mais. Por isso a Função Pública da Administração Pública é a sopeirice e a merda que temos.

E na verdade quem não gosta não come...por isso eu não voto nem perco tempo com sopeiras que saem à rua à hora do almoço de braço cruzado ... com a carteira na mãozinha a ver-se, desejosas de comer uma sopinha...estão de dieta...mas uma dieta sui generis, porque logo a seguir à sopinha de balcão, aí vai um rissol ou um bolo maior que a barriga de muitos.

Depois lá voltam, todos muito confortáveis com o estômago aconchegadinho, disparam umas assinaturas, e toca de se porem ao telefone a contar os males dos seus pecados...ou vão à casa de banho e encontram alguém do departamento ao lado e quedam-se no corredor a falar do chefe e da subida de carreira e até do caraças...

Portanto, meus caros, quereis Portugal onde? Eu digo-vos na cauda defeituosa de algum canto do mundo não assinalado no mapa...uma espécie de Robinson Crusoe...na verdade Portugal nem isso é...mergulhou de cabeça, anda por baixo, nem à tona vem como a baleia...tal é o peso e a vergonha da asnada que por aqui se vê.

E o tipo continua a sua maratona pelo mundo, a rir-se estrondosamente dos bestas que o elegeram, e agora andam calados, se calhar a pensar na alternativa do passas zarelho..mais m...do mesmo.

Agora sim, é altura de todos usarem mascára, porque tudo cheira muito mal...
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De Bruno Miguel Madeira a 24.04.2010 às 22:36

Sugiro um grupo no Facebook para encontrar, comparar e desmascarar esta autêntica fraude branqueada por um pseudo-concurso.
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De Mourão a 25.04.2010 às 15:08

Como gosta de histórias de réis e rainhas ver http://balalaica-croche.blogspot.com
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De KX a 27.04.2010 às 12:40

Boas, esclarecendo melhor a situação, independentemente das ideias de cada um, o facto de vários candidatos ficarem em posições diferentes de entidade para entidade, está relacionado com os critérios de avaliação optativas por cada respectiva entidade, isto é, são diferentes, logos os resultados são difrentes (para evitar esta exposição de ignorância, deveria consultar a legislação do concurso)

Em relação há visualização dos dados pessoais de cada cadidato, há o que se denomina privacidade, e apesar de vocês não se preocuparem com isso, mas há quem se preocupe bastante.

Claro que menciono que tudo isto não invalida que haja acompanhamento e pressão social sobre actos menos licitos, de modo a uma maior transparência de tudo, e consequentemente uma maior eficiência dos serviços neste caso.

Cumprimentos...
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De Samuel de Paiva Pires a 27.04.2010 às 12:48

Meu/minha caro/a,

Um amigo meu que tem uma pontuação menor que a minha em todos os campos ficou 100 lugares à minha frente. Quanto à ignorância, estamos conversados. Leia melhor o post e perceba o que escrevi.

A privacidade que invoca não tem qualquer cabimento dado que se trata de um concurso público - alegadamente. A Administração Pública responde perante os cidadãos e contribuintes em tudo o que lhe diz respeito. À esfera pública deve aprouver a transparência, precisamente para evitar estas situações. Seja como for, já consegui provar que houve trafulhices, como seria de esperar, num processo inquinado à partida pelos critérios extremamente discutíveis.

Quanto ao "esclarecer melhor a situação", creio que também estamos conversados.

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