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O regresso da Sublime Porta?

por Nuno Castelo-Branco, em 01.06.10

Um video que mostra bem o acolhimento reservado aos israelitas. Conhecem-se bem os activistas a bordo e o tipo de influência político-religiosa em causa.

 

 

Apenas os entusiastas das "grandes causas" poderão negar a evidência: o governo Erdogan optou por uma saída airosa - mas com bastante ruído mediático - da já tradicional aliança entre a Turquia e o Estado de Israel. Hoje ninguém duvida da escalada de um islamismo mais radical que o primeiro-ministro turco tenta ingloriamente colocar em paralelo com a democracia cristã europeia. Nada de mais falso. O assalto ao poder total, a destruição do Estado khemalista, a obliteração do poder das forças armadas, a conquista do palácio presidencial e a aproximação ao Irão, são factos que denotam uma evolução que apenas poderá preocupar os europeus. Praticamente afastado o ingresso na periclitante União Europeia, a Turquia prepara-se para se tornar numa potência regional com influência segura em algumas regiões da Ásia Central e no Médio Oriente, ao mesmo tempo que recupera o papel outrora reservado à Sublime Porta como protectora dos muçulmanos. No entanto, este afastamento acaba por ser uma feliz ocorrência para uma Europa ciclicamente ameaçada pela recessão e declínio demográfico. Serve como um alerta.

 

Entretanto, os apoios que Erdogan recebe imediatamente, são bastante elucidativos. Pequim já disse presente!

 

Não está em causa a crítica à abusiva política israelita na região, mas esta incursão à Faixa de Gaza consiste num mero pretexto para o corte de relações e realinhamento político. O planeamento foi cuidadoso e o efeito mediático esclarece quem disso tenha qualquer dúvida. Restará saber qual será a reacção norte-americana e as consequências na OTAN.

 

Uma questão que poucos colocam, é a presença de mais de 600 "activistas" a bordo de um navio de ajuda humanitária. Conhecendo-se o tipo de "activismo" de certo recorte, imagina-se o tipo de missão a que iriam.

 

Apesar da solidez da sociedade liberal de Constantinopla, terá início uma escalada nas ruas e coloca-se a questão de uma reacção turca, no caso de uma atitude estrangeira relativamente ao problema curdo. É uma arma que decerto não tardará a ser utilizada em caso de imperiosa necessidade. Junto dos radicais islamitas, a Turquia perfila-se já como o seu próximo campeão, infinitamente mais credível, poderoso e ameaçador do que qualquer arrivista iraquiano, sírio ou líbio. Sem comparação possível.

publicado às 10:40


2 comentários

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De P.F. a 01.06.2010 às 17:46

De facto o linchamento foi uma autêntica selvajaria. Mas, por outro lado, o que legitimou aquela abordagem do Exército israelita ao barco?
Cada vez mais em relação ao conflito do Médio Oriente me coloco na moderadíssima opinião de achar que eles se merecem uns aos outros.
Qual será a posição da NATO face a um conflito grave entre dois dos seus filiados?
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De Nuno Castelo-Branco a 01.06.2010 às 17:48

Bem, Israel não é um filiado, mas sim "afilhado" americano. Ou o contrário?

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