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O SIS, a OTAN e Bangkok em Lisboa?

por Nuno Castelo-Branco, em 05.11.10

A muitos poderá parecer estranha a presença de Portugal na OTAN, dado o fim da Guerra Fria e ao deplorável papel desempenhado por alguns dos membros aliados, durante o decorrer das campanhas no Ultramar. No entanto, a OTAN consiste num dos pilares da independência nacional, devendo-se este facto ao relevante posicionamento estratégico de Portugal e dos seus arquipélagos Atlânticos. É óbvio que os Estados Unidos da América e o Reino Unido, não veriam de bom grado o desaparecimento deste país e a posse daquelas importantes posições insulares, por um Estado que mesmo sendo aliado, não oferece a certeza do posicionamento político e militar em agudos períodos de crise. Assim, há que prosseguir a tradicional aliança com a principal potência marítima que sendo os EUA, confirma uma política em 1372 consagrada pela Aliança Luso-Inglesa.

 

Pelas piores razões, está hoje Portugal presente no noticiário internacional, devendo-se isto não só às dificuldades económicas, mas também a uma inegável percepção geral do fim de um ciclo. Não tendo o nosso país, qualquer peso de relevo na economia internacional, o regime parece vacilar e estamos certos de uma abstenção geral, no caso de uma profunda convulsão que derrube o edifício constitucional em vigor. Desde que Portugal não coloque em causa a segurança das vias marítimas que ligam a Europa às Américas, Mediterrâneo e Atlântico Sul, é previsível o encolher de ombros perante o que possa vir a acontecer. Um render da guarda em Lisboa, pode até vir a ser silenciosamente bem-vindo.

 

As notícias dizem que já começou a enxurrada de elementos desestabilizadores provenientes de outros países europeus (?), visando criar o caos em Lisboa. Especializados no vandalismo, apresentam-se praticamente impunes diante as cidades invadidas, pois a legislação ocidental a tudo aquiesce e sempre em nome dos "direitos básicos" das gentes. Em Londres, na Haia, Paris ou Berlim, vociferam imãs que apelam ao desbragado terrorismo e opressão, enquanto "multiculturalistas" incendeiam, espancam quem bem entendem e escaqueiram a ordem estabelecida.

 

O princípio falacioso do igualitarismo absoluto quanto ao direito de manifestação, faz esquecer aquela lei básica, consensual e informalmente consuetudinária, que dita o exercício da violência, como exclusiva propriedade e direito do Estado. De facto, a própria provisão de por vezes prolixos articulados que garantem Direitos, Liberdades e Garantias, é inseparável desse monopólio da "violência democrática" que a Lei geral estabelece com o exclusivo fim de proteger a esfera pessoal dos sujeitos singulares, assim como o interesse geral de que o Estado é o máximo, aliás, exclusivo, depositário ou representante.

 

Qualquer veleidade de reedição em Lisboa, das deploráveis cenas que rotineiramente preenchem durante alguns dias, a abertura dos telejornais em todo o mundo, deve ser precavida através do uso de todos os recursos disponíveis. Nas actuais condições de descalabro da ordem interna, qualquer movimento subversivo - pois é disso mesmo que se trata -, poderá ter as mais nefastas consequências. Simplesmente, a "República Portuguesa" não tem aquela força anímica que vimos noutras paragens, onde em Bangkok, por exemplo, permitiu um complicado movimento de exaustão dos desordeiros através do seu confinamento e posterior derrota em todos os campos. No Golfo do Sião, o Estado existe e tal como em Espanha, a Coroa é incomparavelmente mais poderosa que qualquer agente partidário de escolha de oportunidade. Portugal não suportaria a visão da Baixa a arder e a destruição da propriedade pública e privada. Nem nos mais desastrados momentos de descalabro da Ordem Constitucional - como no 3, 4 e 5 de Outubro de 1910 -, se assistiu a extensivas cenas de devastação, pois o alvo era tão conhecido como bem localizado e neste caso, foi a Igreja.

 

O que se prepara poderá ser muito pior e de difícil controlo. Centros comerciais, o Bairro Alto, o Chiado, a Avenida onde se estabeleceram as grandes marcas, o velho centro histórico sempre propício a golpes de mão e a rápidas retiradas, poderão ser os principais pontos de interesse para as milícias que não haja qualquer dúvida, estão profissionalmente organizadas. Pequenos hotéis, pensões da zona do Cais Sodré, Martim Moniz, Conde Redondo, Chile, Almirante Reis, Bairro Alto, Avenidas Novas - e até algumas casas e sedes partidárias -, poderão ser algumas bases onde se refugiarão os "activistas". Os elementos internos, decerto minoritários, são bem conhecidos e deles tivemos uma fraca ou patética notícia nas cerimónias do Centenário do Regicídio, quando um punhado de marginais conotados com o BE, "vivaram" abertamente o recurso ao assassínio do Chefe de Estado e família. Possivelmente estarão já em contacto com os energúmenos que vão chegando de outros pontos da Europa. Outro factor a ter em conta, será o possível afluir de vulgares saqueadores que deparando com uma oportunidade única, decerto a aproveitarão, aliando-se aos "políticos".

 

Tal como qualquer país civilizado, Portugal tem a imperiosa necessidade de serviços de informação que garantam a segurança dos cidadãos, dizemos, do Estado. Para isso, exige-se a circunspecção dos agentes políticos - que escandalosamente não tem existido -, o sentido do interesse geral e o não hesitar perante qualquer tipo de ameaça à segurança interna. Se para tal urgir mobilizar todo o tipo de unidades policiais e militares disponíveis na área metropolitana de Lisboa, que assim se faça e sem qualquer tipo de pruridos. Se é ou não legal trazer regimentos para o centro da capital, essa é uma discussão a ter após o fim da Cimeira. Não poderá existir qualquer tipo de "diálogo contemporizador com os organizadores do evento". Deverá ficar bem claro que Portugal não é a Suíça, a Alemanha ou a Espanha. Aqui, não!

 

Portugal não suportará em Lisboa, a repetição dos acontecimentos que o mundo presenciou na capital da Tailândia. Os mesmos homens vestidos de negro, a mesma prepotência, o desastre anunciado. As forças da ordem têm forçosamente de garantir a circulação de pessoas e bens, assim como a manutenção da normalidade do comércio, transportes públicos e privados. No caso de ceder e consentir no enxovalho, o regime arrisca-se a um 5 de Outubro, mas desta vez bem diferente. Mais precisamente, ao contrário.

 

Simplesmente e em resumo, o regime não pode falhar.

publicado às 09:42







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