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Super-potência adiada

por Nuno Castelo-Branco, em 30.11.10

É com disfarçada espectativa, que muitos portugueses esperam ver o Brasil erguer-se como a grande potência mundial que há tanto tempo queremos e esperamos. Em Brasília, a administração Lula da Silva tudo tem feito, para dar a impressão de que que o shangri-la não está assim tão longe e que é coisa para dentro de momentos.

 

Não é, infelizmente. O que temos visto nos últimos dias, assemelha-se demasiadamente a uma guerra civil, onde a subversiva ousadia dos meliantes só poderá ser entendida, como o fruto da extrema debilidade ou descarada cumplicidade dos consecutivos governos brasileiros. Como foi possível chegarmos ao ponto de ver homens armados de metralhadoras, morteiros e RPG's, fazendo frente a poderosos efectivos convencionais do Exército? Que "super-potência" permite ter os seus campos ameaçados de ocupação por bem determinadas hostes que se instalam como Estados dentro do Estado, acabando por condicionar toda a política federal? Será imaginável vermos Pequim, Nova Deli ou Moscovo cercadas por "bairros problemáticos" onde as máfias ditam a lei a seu bel-prazer, possuindo até elaborados esquemas de importação de armas de guerra convencional, como se de Estados independentes se tratassem?

 

Como é encarada essa condição de poder emergente por países, que tendo evidentes problemas de desigualdade - China, Índia e Rússia -, jamais permitiram o estado de coisas que há décadas se eternizam num Brasil, onde o crime violento e a milícia armada se tornaram profissão facilmente reconhecida?

 

Bem vistas as coisas e dados os evidentes interesses regionais, o Brasil arrisca-se ao perigo da anarquia e por fim, a tão profundas dicotomias regionais, que inevitavelmente poderão ocasionar graves problemas na sua coesão territorial. O terrorismo é evidente, sente-se e domina através de várias fórmulas. É um facto. Em matéria de afirmação da autoridade do Estado, Brasília podia seguir o exemplo de Abhisit.

 

"Ontem a bandeira da República brasileira foi hasteada no topo da favela do Alemão, empolgadamente, como se em Iwo Jima."

 

Este não foi um acto de vitória que assegura a segurança da comunidade. O desfraldar da bandeira em "sinal de vitória," foi antes de tudo, um exemplo de inacreditável fraqueza de um Estado que não controla o próprio território reconhecido em qualquer mapa internacional. Trata-se de uma conquista e veremos então, quanto tempo Brasília garantirá essa re-anexação.

 

Dois mil soldados para a ocupação de favelas? Isto não é normal. Resta-nos apenas a esperança das autoridades portuguesas aprenderem a lição, até porque tudo isto, está muito distante da Cidade de Deus de reminiscências medievais.

publicado às 16:54


1 comentário

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De Carlos Velasco a 01.12.2010 às 23:11

Caro Nuno,

Lembrei deste seu texto após a leitura do novo artigo do Olavo de Carvalho:

http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/11647-os-baroes.html

Um abraço.

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