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Há 25 anos, um programa bem actual

por Nuno Castelo-Branco, em 29.12.10

Do arquivo de Pacheco Pereira, a campanha CDS-NM de 1987

 

Numa muito oportuna conversa com Mário Crespo, o Professor Adriano Moreira marcou o caminho  que Portugal desejavelmente deveria trilhar, nesta que é sem dúvida, uma das mais aflitivas situações que já conhecemos. Sem império, engolido numa aliança militar de contornos pouco nítidos e onde perdeu muita da importância estratégica a que durante séculos se habituou, o país viu agravar-se ainda mais a sua autonomia, com o desastre económico que uma apressada adesão política a uma aliança económica, implicou para o seu tradicional sector produtivo.

 

Adriano Moreira vem dizer aquilo que há um quarto de século e perante uma escandalizada imprensa alinhada com o sistema, o então movimento Nova Monarquia propunha. Foi por isso mesmo que a NM fez a campanha do CDS nas eleições de 1987.

 

Os arquivos dos jornais dos anos de 1983-92, decerto guardarão reportagens, comunicados e entrevistas  a alguns dirigentes da então N.M., comprovando - entre alguns erros tácticos de difusão da mensagem -, a perfeita coerência do projecto que sucintamente aqui vos deixamos.

 

"A urgente reforma do sistema eleitoral e a adopção de uma mais perfeita relação entre o eleitor e o eleito; a reforma do Parlamento, com a redução de deputados eleitos pelos Paridos para a Câmara Baixa e a criação de um Senado nomeado por academias e centros de investigação, sindicatos, confederações, etc, com direito de decisão final acerca da aplicação de vultuosos investimentos públicos; a urgente simplificação de um mapa autárquico que baseado na "idade da carruagem" e que tal como hoje acontece, servia então para dar emprego às camarilhas partidárias; total oposição ao esquema da regionalização proposto sob as mesmas bases dos arquipélagos atlânticos, simples pretexto para a extensão partidocrática; o necessário incentivo à modernização do aparelho produtivo industrial e uma urgente revisão da política agrária; a reconstrução da frota pesqueira, necessária também pela extensão da Zona Económica Exclusiva que ainda hoje se encontra ao abandono; a manutenção da Reserva Alimentar Nacional, não cedendo às exigências das quotas impostas pela CEE; o repensar de toda a política urbana e a severa limitação do crescimento em direcção às zonas envolventes das cidades, outrora terrenos agrícolas; o fim da falsa política de florestação baseada no ímpeto industrial do sector do papel/celulose; cuidadosa re-estruturação das Forças Armadas, concentrando esforços na Armada e numa reduzida força de intervenção eficiente, bem equipada e preparada para missões nas zonas de influência portuguesa; garantindo a defesa do património, o estabelecimento de legislação e de entidades supervisoras da demolição e construção, com a adopção de critérios correspondentes às especificidades regionais; no campo da política externa, o reconhecimento do fim do ciclo imperial e o forte investimento na reaproximação com o antigo Ultramar - Brasil incluído -, diplomacia em prol da libertação de Timor, cuidadosa negociação com a China a propósito da hipótese de cessão de Macau; no estertor da Guerra Fria, alargamento da zona de segurança da NATO a Marrocos, garantindo a segurança do regime Alauíta e o flanco sul da Aliança."

 

De uma forma bastante aleatória, estas são apenas algumas das muitas ideias propostas pela organização que era composta por gente cuja média etária, rondava os 25 anos. Chamaram-lhes de tudo, desde "neo-colonialistas", a "reaccionários do sector primário", "neo-fascistas e inconsequentes". Afinal, "os garotos" tinham razão e muitos dos temas acima enunciados, são hoje considerados "triviais", embora jamais encarados como uma real perspectiva de mudança. Hoje, com o dobro da idade, verificam que as sumidades que cavaram o fosso em que Portugal se encontra, apresentam este programa antigo, como um novo Paradigma. Não é apenas o Prof. Adriano Moreira que hoje surge a dar voz ao Programa da Nova Monarquia, pois o próprio Prof. Cavaco Silva o insinua, acompanhado até por uma boa parte da esquerda, onde o PC se inclui. De forma costumeira, apenas se esquecem da Monarquia, o fatal escolho em que a corrida pela manutenção do estado de coisas tropeça e urge afastar.

 

Não aprenderam nem mudaram nada.

publicado às 14:26


3 comentários

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De miguel castelo branco a 29.12.2010 às 17:29



Nem mais. Nós, os "putos imberbes" estávamos no caminho certo e fomos crucificados e quase nos mataram por proferir heresias que hoje todos reclamam. Entretanto, Portugal perdeu 20 anos à volta de pequenos nadas e grandes ilusões.
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De João Afonso Machado a 29.12.2010 às 18:48

Caro Nuno:
Ainda hoje guardo religiosamente a obra de Mário Saraiva e Jacinto Ferreira (devidamente dedicada e autografada) e a memória de João Taborda. Velhos tempos! Gosto de os recordar.
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De Nuno Castelo-Branco a 29.12.2010 às 19:28

É evidente, a necessidade de termos alguma perspectiva que a distância temporal proporciona, mas havia uma sincera vontade de reorganizar o país e muito há para aproveitar. De facto, o arranjo da outra democracia, não é incompatível com a democracia representativa (Partidos), antes pelo contrário. Aí, Mário Saraiva ficou preso aos seus anos de juventude, nos anos 30/40, insistindo numa etapa ultrapassada. Mas a base estava lá: atenção ao que sabemos fazer, preservar o que temos e aceitar naturalmente o futuro e as novidades que chegam. 

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