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Pelo que se ouve dizer, anda por aí muita gente com gosto pelo "pulso forte". Um longo hiato de 64 anos, foi tempo mais que suficiente para destruir a memória do Parlamento, como normal sede do poder do Estado. António Barreto atreveu-se a sugerir isso mesmo a Constança Cunha e Sá e abstraindo-nos da actual situação de descrédito que poderá ser imputada a múltiplos factores, a concepção de democracia, a praça de outros tempos, está indissoluvelmente unida à legítima força do parlamentarismo. Se o Palácio de S. Bento poderá funcionar de melhor forma que aquela bem conhecida e hoje tão contestada, essa é uma outra questão que não invalida o princípio. São os cesarzinhos nacionais ou locais que o sistema engendra, quem impede a instalação desta civilizada evidência que a maior parte dos nossos parceiros europeus aceita como incontestável. Todas as demais francesices, não passam de sintomas do atávico atraso a que nos temos resignado. Esta, é a verdade que nenhuma mascarilha à Zorro libertador pode esconder. Neste sistema híbrido, tonou-se assim necessário cercar a representação nacional de órgãos perturbadores do seu normal funcionamento, proliferando abusivas inutilidades como Procuradores, Supremos e outros tantos focos de dispersão da soberania. Se atentarmos ao caso dinamarquês, perceberemos facilmente a razão da eficiência do Estado e da solidez do regime.
Andam por aí muitos equivocados democratas que apenas o são, por conveniente chancela que lhes acredita a fala e não por convicção de prática. A sede pelo encontrar da fonte do poder pessoal que imponha uma verticalidade do exercício da ordem, é de facto a base primeira da República, onde o princípio do genial livre arbítrio, acaba sempre por ser o exclusivo objectivo. Daí advém o eterno sonho pelo "homem providencial" e nalguns casos - além Atlântico e além Berezina -, do detentor da faculdade de decidir acerca da vida e da morte dos demais. Não é este, felizmente, o caso do sr. A. C. Silva que ao lado de qualquer bastante discutível e cabotino arremedo de César "à Sarkozy", não passa de um ignoto decurião sem as necessárias caligae.