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E do anterior post do Nuno, o meu bom amigo João Freitas acaba de ver um artigo seu publicado na Raia Diplomática, dedicado a esta temática. Deixo alguns parágrafos do mesmo:
«Ora, considere-se a situação portuguesa. Um país de pequenas dimensões mas dotado de uma longa linha de costa e de um potencial de ZEE avassalador (não esqueçamos os arquipélago situados em pleno Atlântico) é um país que necessita de se projectar para o mar e assegurar os seus interesses no mesmo – fundamentalmente os económicos e os da chamada defesa passiva, se tivermos em conta a conjuntura política e diplomática coeva. No entanto, é por ter em conta precisamente essa conjuntura que se pode afirmar, com certeza relativa e fundamentando o postulado na explicação perita de quem opera submarinos, que a nossa pátria necessita de uma esquadrilha de submarinos bem equipada e, sobretudo, bem guarnecida.
Numa conjuntura europeia (e também global) em que quem tem a capacidade de defender e assegurar presença nos locais dotadas de recursos e cuja imposição e o ditame político–jurídico é feito porque quem detém o poder real, Portugal deve estar equipado do argumento da capacidade de defender os seus interesses e assegurar presença activa nos locais susceptíveis de conferir vantagem estratégica à nação. O investimento nos submarinos significa exactamente essa possibilidade. Em situação de argumento entre Portugal e as potências europeias, concernente aos recursos de alto potencial económico que, crêem algumas análises recentes, poderão estar presentes na ZEE portuguesa, o nosso país apenas poderá arguir supremacia sobre a exploração do espaço e fiscalização estatal do mesmo se puder afirmar – com conteúdo que consubstancie dita afirmação – que tem a capacidade e os meios de assegurar a defesa dessa zona e a exploração económica efectiva da mesma.»
(...)
«Acresce também fazer menção do caso da partilha de informações. É um facto pouco sabido, mas não por isso irrelevante, que Portugal só tem acesso a informações (a dita ‘intelligence’ na terminologia securitária anglo-saxónica) sobre áreas nas quais se pode realmente projectar e/ou que sejam do seu interesse imediato. Sem submarinos, uma porção (qualitativa) considerável de informações ser-nos-ia como que bloqueada pelos nossos aliados atlânticos; isto sem repetir menção do que foi dito atrás.
Ou seja, os nossos parceiros na NATO, em situação de paz, não estariam vinculados a partilharem certas informações estratégicas e tácticas connosco. Algo que se poderia traduzir numa insegurança acrescida causada pela incerteza. Algo fatal no incremento e manutenção do poder nacional, assim como da prosperidade interna.
Pelo dito, e também porque a compra dos submarinos significa um sinal de dedicação à projecção atlanticista portuguesa na realidade internacional (enviando um sinal aos nossos aliados) e, igualmente, porque se traduz numa capacidade de manutenção da linha de costa acrescida, importa concluir que a compra dos submarinos prefigura uma acção fundamentalmente lógica, necessária e desejável.»