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A respeito da intervenção na Líbia

por Samuel de Paiva Pires, em 20.03.11

 

1 - A UE anda há anos a financiar organizações nos países do Magreb que estimulem e promovam a democracia nos respectivos países. Agora temos alguns dos seus Estados-Membros à cabeça desta operação. Estamos cada vez mais próximos do ideário norte-americano neo-conservador do que se possa pensar.

 

2 - Guardar como nota mental que a Rússia que agora se abstém e mostra reservas quanto à intervenção, é a mesma que interveio na Geórgia precisamente sob o mesmo pretexto de protecção dos civis. Não são apenas os europeus e norte-americanos que são hipócritas.

 

3 - Sarkozy deveria convidar Kadhafi para jantar e aproveitava para comparar com o ditador o tamanho dos respectivos órgãos reprodutores. Poupava-se muito trabalho e dinheiro nesta “Bigger dick foreign policy”.

 

4 - Nos EUA, com uma economia já de si fortemente deficitária, em larga escala devido aos elevadíssimos custos das guerras em que estão envolvidos, o próprio Messias da esquerda europeia viu-se empurrado para esta guerra. É bom para Obama que desta feita haja realmente um plano realista pois o desfecho desta será determinante para o seu futuro político.

 

5 - Se fosse vivo, Huntington rir-se-ia dos seus críticos. E Barry Buzan continua a ter razão. Criámos um sistema de permanente ingerência interna nos assuntos uns dos outros, e com a retórica dos direitos humanos estamos cada vez mais a encurralar-nos a nós próprios com hipocrisias e double standards.

 

6 - E talvez o mais importante. Sabendo que é apenas uma questão de tempo até Kadhafi ser apanhado, se não o for morto, o que é que lhe acontecerá a seguir? O que é que os mesmos líderes que andam há anos a apaparicá-lo e a deixá-lo passear com a sua tenda e guarda pretoriana por aí irão fazer?

publicado às 20:57


2 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 21.03.2011 às 18:24

Se o funcionamento da ONU não obedecesse a fórmulas tão complexas, a acção podia ter sido imediatamente desencadeada. O que me espanta é a quantidade de "assobiadores para o lado" com quem Kadhafi pode contar, uma estranha aliança dos ronhonhós PC/BE de outras décadas, com um não sei o quê isolacionista "europeu continental".  


Quem queira perder algum tempo a escutar "antenas abertas" na SIC (por exemplo), ficará ciente do total, absoluto e até indecente desconhecimento que tanta gente revela acerca do assunto que nestes últimos dias ocupa os noticiários. Desconhecem o limiar da pobreza em que os líbios vivem. Desconhecem ou esqueceram os feitos indecorosos com que Kadhafi pontilhou a sua demasiadamente longa carreira, estéril e claramente nociva carreira. Desconhecem o facto de a Líbia nem sequer ser uma nação e consequentemente, qual o método utilizado pelo actual regime para se manter no poder. Desconhecem a colossal e abjecta diferença exibida pela entourage de Kadhafi, relativamente a 90% da população. Desconhecem a rejeição de qualquer regra de conduta diplomática,  as guerras, os subsídios subversivos, os atentados e crimes por encomenda perpetrados pelo bandido. Desconhecem a total ausência daquilo a que chamamos Lei, susbstituída no simulacro da sociedade civil local, pelo apetite que no momento  o "líder" quer ver satisfeito. 
Vivemos um tempo em que as caricatas teorias da conspiração americana, substituíram a "Terra oca",  os OVNI, a "falsidade da chegada USA à Lua", "Hitler viveu até 1978", etc. Agora, todo o juízo move-se em torno do petróleo e inventam-se as mais inacreditáveis estorietas, imaginando-se a entrada - vindas de onde, com metralhadoras encontradas ou fornecidas por quem? - de hostes bem armadas e a tudo dispostas. É claro que não têm em conta o profundo desprezo e ódio existente contra o clã Kadhafi na parte leste do "país" - desde 1969! -, ignoram ou fazem por ignorar a abertura dos arsenais da Cirenaica por muitos soldados e oficiais, facultando armas ligeiras e anti-aéreas aos rebeldes. O que serve é o anti-americanismo "porque sim", como se um valor supremo fosse, liquidando qualquer análise mais aturada.
Sendo crítico acerbo - porque defensor da Aliança Portugal-EUA- dos Estados Unidos, tudo isto merece apenas um encolher de ombros e que... Kadhafi desapareça de cena e com um mínimo de "danos colateriais". 


Nem sequer se dão ao trabalho de passar uma vista de olhos a quem na comunidade internacional, atira algumas moedas à Fontana di Trevi kadhafista: Chávez, Castro, Jin Tao, Putin, Mugabe e talvez numa hora não muito distante, Kim jong Il. Tudo gente recomendável.
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De Francisco Castelo Branco a 21.03.2011 às 19:05

a UE é sempre num deixa andar, depois quando a situação está caotica, é só apertar

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