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Com uma crise política, social, financeira e com os juros a subir a alturas estratosféricas e os ratings da especulação a caírem para o patamar do lixo de sarjeta, será difícil convencermos qualquer investidor.
A sugestão que a Presidente Dilma Roussef deixou, foi a de uma aparente escusa, apoiando-se na salutar política do Banco do Brasil que apenas investe em dívidas "classificadas de AAA". Em poucas palavras parece zelar pelos interesses do seu país, coisa que para quase todos os agentes políticos de Lisboa, é coisa tão estranha como a existência de marcianos na Terra.
As relações entre Portugal e o Brasil, devem ser muito mais profundas que aquelas existentes com outros Estados, especialmente aqueles que connosco compartilham a península europeia. Os governos, esteja quem estiver no seu comando, devem facilitar a circulação de todo o tipo de bens e de nacionais de ambos os países. Mais ainda, urge estender a cooperação às esferas da educação - a existência de mais de 1000 estudantes brasileiros na Universidade de Coimbra, deve significar algo -, da ciência e assuntos da Defesa, assim como ao delineamento de programas conjuntos em todos os países pertencentes à CPLP, onde o peso brasileiro ainda se encontra muito aquém das possibilidades. O Brasil sugere pedir garantias para avalizar a compra de dívida soberana portuguesa e sabemos o que isso significa: activos que ainda possam ser encontrados em empresas como a TAP ou a GALP, por exemplo. Pouco mais existirá e assim sendo, há que estudar outros cenários, tirando pleno proveito da situação geográfica portuguesa e do imenso património cultural espalhado pelo mundo.
A ousadia foi durante algum tempo uma característica fundamental dos portugueses, fossem estes os defensores da raia face a uma Espanha tentacular, ou aqueles que tomando o sertão, alargaram o espaço que Tordesilhas lhes concedera na América do Sul. Bastará olhar o mapa do Brasil e esta é uma inegável evidência.
Chegou o tempo de irmos mais longe e recuperar alguns dos projectos de um futuro que a ignorância, preconceito e estupidez de alguns não deixaram vingar. Se pesquisarem acerca da verdadeira razão da intenção de D. Carlos I em visitar o Brasil em 1808, poderão ter uma ideia acerca do que era possível realizar-se, com bastos proventos para as duas margens do Atlântico. Se quiserem ir ainda mais longe, poderão até reconfigurar a hipótese de União gizada em 1815. A "Europa" poderá então barafustar como bem entender.
Que o Brasil não se fique por compras de dívidas ou de duas ou três empresas. Sugira ou exija mais, substituindo a Europa - a Alemanha - na imposição da estratégia. O Portugal do futuro agradecerá, pois este é o único caminho que interessa seguir.
Não sabemos é se os brasileiros ainda estarão interessados.