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Adoro receber hate-mail e hate-comments. Fico a saber que não sou patriota, que sou um pseudo-intelectual, que não tenho sentido de humor, que não faço nada pelo país, que sou só conversa e nada de trabalho, que sou vaidoso e egocêntrico. Isto vindo de gente que nem me conhece. E eu é que me levo demasiado a sério, caríssimo Afonso Azevedo Neves?
Pena que os portugueses não se levem tão a sério na fiscalização dos governantes como se levam na sua verborreia de lugares comuns como o “eu é que sou patriota, tu és anti-patriota”, misturado com insultos e com aquela típica mania de quem pouco aprecia a liberdade individual que os leva a querer saber da vida dos outros com o “você de certeza que não faz nada pelo país”. Mais clichés houvessem, mais os portugueses os utilizariam.
Ademais, Rodrigo e Afonso, não vale a pena preocuparem-se, as até agora 8 mil visualizações do meu anti-patriótico post (parece que por estes dias quem prefere ser preciso no conhecimento de factos históricos e acha ignóbil um país com 9 séculos de História colocar-se na situação de pedinte não é patriota) em nada afectam o meio-milhão de visualizações do vídeo que se arrisca a levantar de tal forma o moral dos portugueses que não tarda estamos a marchar sobre a Finlândia. Pelo que, para mim, que não tenho sentido de humor, não posso deixar de dar gargalhadas com este post do José Costa e Silva: “Pequeno país farta-se de ser bonzinho: Portugal deixa-se de “vídeos” e ameaça “reduzir a pó” países que boicotarem ajuda”.
Permitam-me ainda os preclaros leitores e leitoras relembrar, mais uma vez, a célebre frase de Samuel Johnson, bem a propósito deste processo que de há cerca de um ano a esta parte tem vindo a acontecer, em que de repente, todos sem excepção, inclusive o Primeiro-Ministro, somos muito patriotas: “O patriotismo é o último refúgio de um canalha”. E que bem que fazia a muita gente ler The Patriot, onde Johnson critica o falso patriotismo, o daqueles que se assumem a todo o momento como grandes patriotas, enquanto vão prejudicando a nação.
Só para finalizar, tal como era expectável e como já aqui tinha escrito, é mais que certo que a Finlândia vai apoiar (nem que seja pela abstenção) o resgate. A reapolitik assim obriga. Ou andará muita gente a dormir e sem saber que a Alemanha não se pode dar ao luxo de não resgatar Portugal? Vou adorar é ver muitos portugueses satisfeitos com o vídeo e com o seu pseudo-patriotismo a dizerem que foi este que levou ao apoio. Falta ver é se os seus autores também enveredam pelo mesmo. E talvez até José Sócrates se associe ao vídeo, que de tão patriota que anda um dia destes até desmaiará de amores com a simples visão da azul e branca.