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Péssima impressão

por Nuno Castelo-Branco, em 16.06.11

Tenho uma excelente memória e em conformidade, recordo-me de sempre ter desejado o maior sucesso a todos os governos que se têm sucedido no poder em Portugal. Os únicos que não mereceram esta confiança, terão sido os de Vasco Gonçalves, uma espécie de Quisling em potência declarada. Não houve comício ou manif em que não tenha participado para o derrubar. Este executivo PSD/CDS, pode assim contar com a benevolente expectativa da esmagadora maioria dos portugueses. No entanto, a primeira impressão não foi positiva e isto, devido a uma ninharia.

 

Numa pífia réplica do Tratado de Versalhes num desnecessário e quase ridículo "dia da assinatura do Acordo de Governo", o ainda não empossado executivo já manifestou o primeiro capricho. Teimou em prosseguir os crassos erros de comunicação do seu antecessor e desta forma, indica querer estar demasiadamente atento à ocupação do tempo de antena televisiva.

 

Uma soit disant cerimónia num hotel qualquer, como se de futebóis e respectivas "acompanhantes" em férias estivéssemos a tratar. O pior de tudo, consistiu na barafunda desorganizativa que já poderá mostrar o que nos espera, embora o topo da parvoíce consistisse naquela insólita espera de uma hora e vinte minutos. Tanto tempo para os dois chefes de Partido dizerem mais umas tantas banalidades chachistas, ouvidas e re-ouvidas pela quinquagésima vez?! Falta de respeito para com uma imprensa que desde sempre foi hostil à Direita, não parece ser um bom auspício para os anos que teremos pela frente. Nem sequer pensando no vulgo que em casa ou no local de trabalho ia seguindo o não-acontecimento, os nossos senhores do PSD/CDS entretiveram-se naquela chat-room hoteleira, fazendo render não se sabe que peixe. Imagina-se a conversa, entre um café e umas baforadas no Winston:

 

- Eh pá, já passaram dez minutos... Vamos?

- Não, pá,... eles que s'a lixem! Olha como essa malta nos tem tratado durante estes anos?! Agora que esperem, têm de se habituar... Era bom conseguirmos aguentar os gajos até ao telejornal da uma".

 

Tudo isto para nada e dizendo em português corrente, só para "chatear" ou marcar posição. Posição bem ingrata, há que dizê-lo.

 

Esperamos um governo escupulosamente pontual nos seus compromissos e queremos um governo discreto que raramente se preocupe em surgir na abertura dos telejornais. Um governo que corte radicalmente nos exibicionismos, nas mordomias próprias e de outros agentes do poder, seja ele político-institucional, ou aquele bem escondido nas empresas do Estado. Um  governo que se esforce em imitar o Duque de Bragança e a Rainha Sofia, passando a viajar em carreiras regulares da TAP ou em empresas low-cost, aproveitando para esquecer hoteís de luxo, criadagem, limusinices e outras palermices a que certa gente - do outro e deste executivo - ao longo de décadas nos habituou.  Não queremos um governo de "casos" e de "amigos". Deseja-se um governo que envie o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros para fora de Portugal, não para vaidosos eventos e "Cimeiras da foto", mas para dialogar e encontrar soluções para o futuro deste país que imperiosamente deverá cumprir um milénio de existência. Para começar e como única nota relevante do dia,  David Cameron contactou Paulo Portas e pelo que se depreende da sua mensagem, aponta-se o regresso ao bom e único caminho, em necessário - dizemos nós - complemento com a  CPLP.

 

Conhecemos o estilo. Gente Audista, Mercedeira-Benzeira, Bê-Éme-Dâbliozéssima - e para um ou outro de melhor gosto, Jaguarista -, que gosta de ostentar relógios platinés a ouro, festinhas de Kikis ao estilo do antigo T-Club e joguinhos e golf. Não nos agrada nada a perspectiva de mais exibicionismos que o país não tolerará.

 

De uma vez por todas, comportem-se como homenzinhos, é o mínimo que se lhes pede.

 

A primeira impressão foi péssima.

publicado às 14:28







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