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Dia "histórico", dizem eles

por Nuno Castelo-Branco, em 21.06.11

Num país que perdeu a memória, tudo é considerado histórico, desde três golos marcados fora de portas, até a uma subida de divisão, a chegada de Mourinho para banhos no Algarve, uma Páscoa sem mortes na estrada, ou um pepino do Entroncamento. Hoje foi a vez do Parlamento, completamente derretido e em delíquios pela eleição da "primeira mulher a desempenhar um cargo máximo do Estado".

 

Como se fosse verdade!

 

Sabemos que a Senhora Assunção Esteves não terá a tarefa faciliatada, dada a actual conjuntura que o país vive, mas daí a saltar-se sobre a memória da verdadeira História, vai um tanto. Tivemos duas mulheres Chefes do Estado e outras que estiveram para sê-lo, embora os acasos da vida o tivessem impedido pelo seu desaparecimento antes do tempo ou pela sua passagem para segundo plano. Tivemos uma Catarina de Áustria, conscienciosa e infatigável trabalhadora que com abnegação foi Regente. A espanhola Luísa de Gusmão, foi naquelas horas de desastre esperado do regresso da opressão estrangeira, o baluarte de firmeza que ao comando da Regência, administrou um país falido e atacado na Europa e no Ultramar. Regentes foram outras mulheres, como Catarina de Bragança, Isabel Maria de Bragança  e as Rainhas Maria Pia de Sabóia e Amélia de Orleães, entre outras. Em qualquer um dos mencionados casos, com responsabilidades infinitamente superiores àquelas que Assunção Esteves enfrenta e no entanto, todas desempenharam a sua obrigação com o sucesso que a História reconheceu. 

 

Assunção Esteves não enfrenta qualquer invasão militar estrangeira e não tem de se preocupar com o império que nos tempos de Catarina de Áustria, ia de Caminha a Macau. É claro que a Presidente do parlamento terá umas tantas dores de cabeça com a lida das tricas inter-partidárias - e uns tantos namoricos entre deputados(as) e deputadas (os) -, mas enfim, há que não exagerar. Pelos vistos, os nossos representantes não medem as proporções e dedicam-se à auto-complacência, cumprindo a sua tradição.

 

Não tendo a noção do ridículo, o Parlamento está desvanecido porque é dirigido por uma "das suas", seja lá isso o que for.  

 

É de facto, um dia estórico.

publicado às 18:02


9 comentários

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De scriabin a 21.06.2011 às 20:02

"o Parlamento está desvanecido porque é dirigido por uma "das suas","


Pois, aí é que está. Não está lá  porque os pais não tinham filhos homens para o cargo.
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De Anónimo a 21.06.2011 às 20:48


a merda continua a reinar.
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De Anónimo a 21.06.2011 às 23:54

Ficaram todos de rabo a dar a dar. Cheira-lhes a buraco e pronto! 
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De LUIS BARATA a 22.06.2011 às 09:33

Caro Nuno, sem desmerecer as figuras históricas que mencionaste, admiráveis sem dúvida, a verdade é que reinar ( ou ser regente ) não é governar e há muito que assim é.
Aliás, se mesmo entre homens foi possível um José Luciano de Castro dizer ao Rei que " o interesse nacional é o que o meu Partido disser" quanto mais com soberanas mulheres cercadas por marechais-duques por todos os lados...
Saltando os séculos, há que dizer que a função de Presidente da A.R. não é tão decorativa como às vezes se diz, especialmente numa conjuntura como a presente em que será preciso legislar muito e depressa e provavelmente rever a Constituição.
Para lá da curiosidade histórica de ser uma mulher, tenho admiração intelectual por Assunção Esteves e fiquei contente com a sua eleição.
Já que andam sempre com a "paridade" e as "quotas" na boca ao menos por uma vez passou-se das palavras à acção.

 
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De Nuno Castelo-Branco a 22.06.2011 às 20:28

Luís, Catarina de Áustria e Luísa de Gusmão, de facto reinaram e a última, numa conjuntura desesperada. A Dª A. Esteves não governa nenhum império, (ainda) não tem tropas espanholas no Alentejo, nem enfrenta uma guerra com a Espanha e a Holanda. Não valerá a pena compararmos as situações, até porque mesmo Dª Isabel Maria teve muitíssimas mais responsabilidades que a gira do PSD. Sabes perfeitamente o porquê deste entusiasmo em certas bancadas. Nem toda a gente anda a dormir.
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De nuno l. a 22.06.2011 às 14:58

E a Maria de Lourdes Pintassilgo não foi primeiro-ministro?
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De Anónimo a 22.06.2011 às 20:24

Foi. Quantas semanas?
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De LUIS BARATA a 23.06.2011 às 09:28

Não me digas que a Dra.Assunção é maçona! Bem, quanto ao primeiro marido dela não há dúvidas...
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De Nuno Castelo-Branco a 24.06.2011 às 15:56

Quando a ouvi quase a guinchar a palavra "repúúúública", fiquei logo desconfiado. 
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