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Ainda a questão da indumentária na UCP

por Samuel de Paiva Pires, em 22.07.11

Por motivos profissionais, isto é, por me encontrar até dia 30 no 16.º Seminário da Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico, não posso agora continuar a alimentar este debate, pelo que apresento as minhas desculpas aos respectivos interlocutores. Voltarei ao mesmo no início de Agosto. Entretanto, registo apenas que talvez muitos devessem ler On Liberty de Stuart Mill e os vários ensaios de Oakeshott sobre o que é ou deve ser uma Universidade. Em Portugal, como mostra esta atitude da UCP, são cada vez mais, apenas e só, um prolongamento do tipo de ensino do Secundário. Num país onde a cultura e o modo de pensamento universitário são o que todos sabemos, subverte-se completamente a ideia de universidade. O mesmo é dizer que os estatutos de presunção artificial continuam a fazer escola num país onde importa mais o parecer do que o ser. Eu que até sou um tipo conservador no que à indumentária diz respeito, não deixo de notar que a UCP e muitos outros parecem ter-se esquecido de uma ideia chave do liberalismo anglo-saxónico (o tal que gerou as melhores universidades do mundo), a da tolerância. E posto isto, deixo-vos apenas esta breve passagem de Stuart Mill: "To be held to rigid rules of justice for the sake of others, developes the feelings and capacities which have the good of others for their object. But to be restrained in things not affecting their good, by their mere displeasure, developes nothing valuable, except such force of character as may unfold itself in resisting the restraint. If acquiesced in, it dulls and blunts the whole nature. To give any fair play to the nature of each, it is essential that different persons should be allowed to lead different lives. In proportion as this latitude has been exercised in any age, has that age been noteworthy to posterity. Even despotism does not produce its worst effects, so long as individuality exists under it; and whatever crushes individuality is despotism, by whatever name it may be called, and whether it professes to be enforcing the will of God or the injunctions of men."

publicado às 21:00


1 comentário

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De Nuno Oliveira a 23.07.2011 às 02:06

Nós vivemos para a imagem. Somos educados dessa maneira. Se olharmos para um sujeito cheio de tatuagens e piercings, atribuimos-lhe imediatamente a capacidade cerebral de uma porta. Um verdadeiro calhau. Causa repulsa em muitas pessoas. Numa sociedade onde pagar mais para andar com roupa com um símbolo, ostentando assim uma capacidade financeira (que muitas vezes é irreal) não se pode esperar melhor das instituições. Como a maior parte das pessoas são desonestas e hipócritas na sua interacção com o resto do mundo, a expectativa de uma instituição é a de que quem não se vestir de modo a condizer com as suas ideias preconcebidas, não a leva a sério. Muito teremos nós evoluído, como sociedade, neste aspecto. Há uma transformação, principalmente nas grandes cidades, onde já é mais difícil perceber as diferentes classes sociais. Norma social inculcada até há uns tempos atrás. Não porque as pessoas achem que a imagem seja irrelevante, mas porque se estão completamente borrifando. Isto poderia ser bom. Mas não é. A razão prende-se mais com uma forma de afastamento da comunidade, de uma forma egoísta do que com um verdadeiro despir de preconceito. Quanto a uma universidade particular, e fazendo sinceros votos que consigam mudar a mentalidade das pessoas que a lideram,  temo que, na minha busca pela liberdade de opinião, tenho de admitir que a opção de decidir é da inteira responsabilidade de quem a gere. A opção de decidir frequentar a dita universidade cabe também à pessoa que espera aprender algo nela. Não gosta? Não a frequente. Ou cumpra enquanto a tenta mudar. A universidade pública já será diferente. É de todos e para todos. Ninguém deve moralizá-la à sua imagem.

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