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O massacre executado na Noruega, consiste num daqueles eventos que inevitavelmente ocorreria naquele ou noutro país próximo de nós. Independentemente da verdadeira opção política do autor do crime, cremos que os media se apressaram a apontar o dedo ao que se considera ser a extrema-direita. Neste conceito cabem vários matizes, desde os sectores mais conservadores da chamada direita clássica, até aos grupos nacional-socialistas que nos pressupostos e prática revolucionária, mais seriam condizentes com o que denominamos de extremismo esquerdista que ocasionalmente ataca em dias de organização de cimeiras internacionais. Para confundirmos ainda mais a questão das "fidelidades ideológicas", recordemo-nos da osmose eleitoral que ocorreu há vinte e cinco anos em França, quando o PCF foi despojado dos seus tradicionais votantes que até aos nossos dias, se passaram para a Frente Nacional de Le Pen.
O rapaz Breivik é mais um destes alucinados à beira de uma explosão manienta que no seu caso, aconteceu da pior forma, espantando o próprio artista da grande cena. Noutras paragens, simplesmente teria feito o mesmo numa universidade, geladaria ou centro comercial, não invocando qualquer razão especial. Este Breivik julga-se um iluminado e dada a repercussão mortífera do acto, torna o acto digno de comentários que escapam aos similares crimes de sangue que ciclicamente preenchem os noticiários.
Os textos que nos vão chegando, apontam para uma completa desorganização conceptual, sendo nisto paradoxalmente inovador. Ali não se vê qualquer laivo de fascismo ou do nacional-socialismo pretérito, mas uma mescla de sonhos de Cruzadas com elmos resplandecentes de um passado que muitos ainda consideram vivo e bem presente. Em suma, um autêntico jogo de play-station tornado realidade. As sagas nórdicas poderão ter apimentado o todo e para consolidar o incómodo geral, eis que surge uma boa parte da população de Israel, como potencial aliada táctica a defender, tirando o apetecido argumento redutor invariavelmente utilizado para colocar uma pedra sobre um assunto indigesto. Mesmo a sua noção de multiculturalismo não é nítida, fixando-se apenas na questão islâmica. Se os judeus são aparentemente integráveis, então como poderemos considerar os conceitos do rapaz Breivik? O que é afinal aquilo que diz ser o multiculturalismo?
Alternando os uniformes paramilitares com o avental maçónico e assumindo-se como "anti-racista, anti-totalitário, anti-nazi, anti-fascista, anti-islâmico, anti-democrático - naquilo que considera ser a democracia representativa -, anti-pacifista, anti-Estados Unidos da América, anti-imperialista, anti-feminista", encontramo-nos perante alguns dos princípios que considera como fundamentais. Uma espécie de base de acção como a daqueles grupos que nos EUA combatem o chamado ZOG, mas neste caso, sem o nazismo dos Sieg Heil! ou o sempre conveniente "caso judaico". Será isto algo de novo, ou a invocação do regime de Vladimir Putin é susceptível de nos oferecer uma pista? Não nos parece próprio, sequer considerar qualquer uma das hipóteses.
Não estamos perante algo de sólido ou relevante. Para já, talvez seja um tema do foro psiquiátrico, pois a política tem "costas largas". O rapaz Breivik é um chanfrado, mas há que reconhecer a existência de um problemático caso na Europa.