Caro Nuno,
No essencial concordo com a contraposição aqui deixada pelo Nuno Oliveira.É que, sejamos honestos, aparte o facto de o vídeo que dá o mote ao post ser mais-que-óbvia propaganda panfletária de um lobby muito bem identificado (o que de per si nem é pecado algum), em qualquer recurso é evidente que a realidade económico-monetária do nosso tempo nem pouco mais ou menos pode ser reduzida a termos e conclusões deste simplismo.
A verdade — e para tanto basta olhar de relance para as 3 maiores economias do mundo, E.U.A., R.P.China e Japão, e facilmente concluímos que o 'músculo' de qualquer um dos três não emana das respectivas capacidades de aforro, mas sim do que lhes dá causa: produção industrial, em grande, de bens de uso e consumo de grande procura e numa escala inacessível à larga maioria dos seus potenciais concorrentes, ou seja pura simples capacidade de produção de riqueza, e o resto, como se costuma dizer, é cantiga!
Não deixam de ser, qualquer uma das três economias referidas, enormes balões de contradições — não me canso de o dizer: fala-se hoje do perigo do descalabro da dívida soberana norte-americana, mas não há país mais 'tecnicamente falido' que este que me acolhe — o velho Japão (défice orçamental actual na casa dos 235% do respectivo P.I.B. [umas 17 a 25 'Grécias'], e isto muito antes do terramoto de 11.03...). Alguém deu por ela?... Muito poucos, essa é que é a verdade. E não porque não tenha corrido tinta o bastante sobre o assunto desde a implosão da 'economia-bolha' japonesa de há vinte anos a esta parte, mas pur'e simplesmente porque a capacidade produtiva (ou seja a capacidade real de gerar liquidez) deste país nunca esteve em causa — ao contrário de outros cujo o nome aqui me dispenso invocar... Pois que, na verdade, são grandes as diferenças entre quem produz algo "que se veja" (ainda que em dificuldades) e um qualquer desempregado crónico de longa duração, há anos a viver do fundo de desemprego. Esta comparação, em meu modesto parecer, é a que melhor reflecte a realidade dos nossos dias.
Amigáveis saudações a toda a equipa,
Luís F. Afonso, NBJ, Japão.