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A falta que um pai faz

por João Pedro, em 29.07.11

 

Um pormenor que me chamou a atenção no caso do duplo atentado mortífero na Noruega: um dos entrevistados foi o pai de Anders Breivik, o terrorista do momento. Ao que parece, o senhor, um diplomata na reforma a viver no Sul de França, separou-se da mãe do autor dos atentados quando ele tinha um ano e não tem contacto com ele há 15. Diz-se agora "absolutamente chocado" e espera que o filho "se suicide".

 

 Mas já que ele aprova o suicídio, talvez estivesse na altura de comprar cianeto, uma corda resistente ou um par de balas. É que um pai que corta o contacto com um adolescente quando este tem dezassete anos tem no mínimo as suas responsabilidades. Sabe-se que os nórdicos têm uma visão dos laços familiares bem diferente da que temos no Sul da Europa. Se a emancipação precoce é largamente fomentada, também a quebra de relações familiares se tornou regra. Não só se pretende que os jovens se "façam à vida" muito novos, como ao que parece, devem cortar definitivamente com as origens. Um caso na minha família, através de um casamento, demonstrou-me como o afastamento das raízes familiares pode ser perverso e doloroso. É dos tais casos em que os sistemas nórdicos nada têm de "civilizados" ou "superiores". O corte e o enfraquecimento das relações familiares representa antes decadência, individualismo extremo, e talvez explique em parte a alta taxa de suicídios na região. A referência paterna, o apoio familiar em ocasiões de crise, a inculcação de valores de pais para filhos é vital para qualquer desenvolvimento são. E nenhum pai que se preze corta simplesmente os contactos com um filho de dezassete anos. Para mais, não parece padecer de problemas económicos. Ao que parece, o progenitor "biológico" não pensou nem pensa nisso. Já que os noruegueses estão em reflexão, recuperando do choque, Talvez fosse uma boa ocasião para pensar se não terão falhado no espezinhamento dos seus valores familiares.

publicado às 03:46


9 comentários

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De areia_do_deserto a 29.07.2011 às 04:19


Tem razão, o senhor deveria estar a penitenciar-se, mas caramba, tanta gente que passa por momentos doloríssimos e não anda por aí a matar uma mosca...o que dirão as Crianças que são usadas como arma de arremesso em divórcios em que uma das partes as quer afastar do outro progenitor só por sentimentos menores como a vingança?...veja os exemplos que há nos tribunais portugueses em que Crianças sofrem por causa do egoísmo dos adultos...e será que todas se vão converter em psicopatas ? a psicopatia é genética- está comprovado por scans cerebrais que o cérebro de um psicopata é distinto de uma pessoa "normal"...ponho entre aspas porque esta espécie parece sempre muito normal...
..quanto ao suicídio da criatura, seria um acto apropriado, mas uma criatura com este perfil nunca o faria, ele até se sente orgulhoso pelo que fez...repare, o mais paradoxal nisto tudo é que um psicopata associa duas competências ao extremo: a racionalidade e o instinto de sobrevivência....
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De Nuno Oliveira a 29.07.2011 às 13:02

Está provado científicamente que a personalidade é totalmente ambiental, ou seja, da educação que recebemos no nosso seio familiar, escola e amizades. Os média também têm uma influência grande no resultado final. De acordo com as concluões de um ex-director do Centro de Estudos da Violênica da Universidade Médica de Harvard, todos os criminosos mais violentos foram alvos de abusos enquanto crianças, e não me refiro apenas a abusos sexuais. A grande maioria presenciou actos de violência extrema, em si próprios ou em entes muito chegados. Com isto quero dizer que, embora nem todos os que sofrem ou presenciam abusos sejam criminosos violentos, todos os que são foram vítimas durante a fase de crescimento mais vulnerável. Saberemos, um dia, se tiverem coragem, da realidade do crescimento do norueguês. A atribuição de culpas não deve servir para castigar os eventuais causadores mas para se tentar mudar as razões que causam estas situações.
Gostaria de acrescentar que acredito que o problema é muito profundo, e na sua génese está a construção social em torno do egoísmo que o sistema economico-financeiro produz.
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De Anónimo a 29.07.2011 às 12:26

Foi exatamente isso que eu pensei quando ouvi a entrevista desse pai.
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De O Corcunda a 30.07.2011 às 01:22

Muito bem.
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De Nuno Castelo-Branco a 30.07.2011 às 10:47

Nem mais!
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De areia_do_deserto a 30.07.2011 às 17:08


Caro Nuno Oliveira, como diria Popper,  creio que na sua teoria da falsicabilidade, uma teoria científica é válida até haver outrra que a destrone...e o "Erro de Descartes" não remete para uma ligação estreita entre anatomia e carácter? Claro que há vários factores que influenciam a personalidade de alguém, incluindo toda a sua experiência de vida...mas enquanto que uma boa natureza transforma o sofrimento numa forma de evolução espiritual, uma natureza nefasta converte-a em rancor hetero destrutivo, isto dentro de uma visão simplista...há pessoas que passarm por horrores e jamais io infligiriam a alguém, muito pelo contrário, pois sabem a dor que sentiram e, se o seu carácter for bom, tentam é proteger os outros da dor que experienciaram, seja esse alguém que for...

Aqui está uma das perspectivas  científicas: http://youtu.be/oaTfdKYbudk (http://youtu.be/oaTfdKYbudk)
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De areia_do_deserto a 30.07.2011 às 17:23


Voando, agora, para a twilight zone :) interessante, pois há perspectivas espirituais que advogam a reencarnação, que indicam que a alma escolhe o seu percurso e o indivíduo em que reencarnará...como tal, quando o indivíduo tem disso consciência o desafio é entender a Lição que tem de aprender de tudo o que lhe acontece, como factor de aprimoração anímica- é sua inteira responsabilidade fazê-lo...poderá, em momentos, como humano que é, sentir emoções negativas como revolta, ressentimentp, etc...mas, se souber reciclar espiritualmente emoções negativas em awareness (uso o Inglês, não por qualquer snobaria, mas porque creio que a semântica deste termo é a mais precisa aqui... :), autosupera-se...e essa autosuperação tem de ser quotidiana...não há cá indulgências ou créditos divinos eternos...são desafios diários, que iompçlicam uma auto-responsabilização e o encarar os outros e todas as experiências de vida como factores de auto-aprimoração...agora, descendo da nuvem de Juno, repare, um indivíduo que detém uma propensão genética para a psicopatia, se tiver na sua experiência de vida factores que a acentuem ou despoletem, ui! o mesmo se passa com a esquizofrenia que pode ser despoletada até com o consumo de drogas leves (há casos que o comprovam cientificamente....)...i.e., há vários factores internos e externos que podem ou não fabricar uma "máquina da morte" que é o que são os psicopatas...e uns matam fisicamente, outros matam emocionalmente (há um psiquitara norte-americano, cujo nome irei procurar) que estuda a psicopatia social - são indivíduos que parecem o Ken da Barbie em termos de máscara, mas cujo desporto favorito é destruir vidas...sabe quem contratou esse psiquitara para os detectar? foram vários CEOs de empresas que perceberam que certos indivíduos, quando chegavam a uma posição de relevo dedicavam-se não só ao assédio moral dos seus subordinados, como da própria destruição das empresas...
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De areia_do_deserto a 30.07.2011 às 17:27

ah, mas quanto à teoria de um mapa cerebral distinto destes indivíduos- será inato ou poder-se-á ir alterando à medida que certos factores externos potenciem certos traços distintivos internos? é que estes só são estudados quando cometem alguma atrocidade, i.e., quando o mapa já está alterado. Dde qualquer das formas há uma correlação entre anatomia e personalidade e, já agora, propensão genética...
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De areia_do_deserto a 30.07.2011 às 18:48


Mas dou-lhe razão num aspecto- a Família deveria ser uma Entidade Sagrada, na qual os adultos, principalmente os Pais (sejam de que nacionalidade sejam- o caso McCann é paradigmático...) deveriam colocar os Direitos de quem puseram no mundo do que os seus interesses' E o que é que assiste, diaraimente? Ao contrário, que trará consequências futuras...O mesmo se passa com aquele tipo de pais que encaram os filhos como mera extensão do seu ego, incutindo-lhes a incivilidade de poensarem que o seu egoísmo está sempre acima de qualquer direito alheio- o próprio bullying nas escolas o comprova- e os bulliers não correspondem, tantas vezes, aos miúdos carenciados, mas a filhinhos de gente abastada cuja acumulação e ostentação material é inversamente proporcional aos Valores e Princípios Éticos que não transmitem aos seus filhos...daí que estes encarem os mais frágeis como meros sacos de pancada onde descarregam toda a sua maldade e, tantas vezes, ausência paterna e/ou materna nas suas vidas, comprada por Ipods, roupas, matéria topo de gama...aí, dou-lhe toda a razão- há que se revolucionar toda uma maneira de ser e estar...

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