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O estado da democracia na Ucrânia continua cada vez mais preocupante. A farsa judicial contra Yulia Timoshenko, com base em acusações de abuso de poder na assinatura de contratos com a Rússia sobre fornecimento de gás que decorreram das negociações em 2009, perdura e nem com o apoio da comunidade internacional ela parece ter fim. A ex-Primeira-Ministra continua encarcerada.
O processo criminal contra si é apenas a ponta do iceberg visível para a Comunidade Europeia. Toda esta questão tem contornos graves não só porque se trata de uma clara tentativa de eliminar a líder do maior partido da oposição do governo quando a campanha eleitoral para o parlamento ucraniano começa no próximo ano, mas também porque enquanto o mediático julgamento decorre um grande número dos seus apoiantes em toda a Ucrânia estão a ser perseguidos judicialmente.
O uso dos meios judiciais com fins políticos depois das eleições presidenciais de 2010 tomou a forma de um polvo, atingindo não só a capital mas espalhando-se por todas as regiões. O objectivo do novo governo é claro, ao mesmo tempo que a líder da oposição se encontra sob julgamento vão dissipando todas as fontes de rendimento do partido provenientes dos empresários locais.
Na Ucrânia os partidos não recebem subvenção pública, são suportados pelas contribuições particulares. Por essa razão os empresários locais ligados ao “Batkivshyna” estão a ser perseguidos por forças policiais não oficialmente comandadas pelo governo.
Os empresários ligados a Yulia Timoshenko e ao “Batkivshyna” têm uma série de processos contra si e os seus parceiros de negócios. Durante a “realização das investigações” os órgãos policiais usam forças especiais para fazerem as buscas e apreensões nos escritórios e residências, não com o fim de encontrar provas, mas para demonstrar a força e o poder dos governantes nacionais, assustando os empregados e os próprios empresários.
Um dos maiores exemplos foi as apreensões e investigações que Arsen Avakov, líder regional de “Batkivshyna” em Kharkiv, sofreu. Dezenas de pessoas armadas com máscaras pretas romperam pelos seus escritórios na manhã de 07 de Julho e lá permaneceram até às 3 da manhã do dia seguinte, sem deixar que tanto Avakov como os seus funcionários pudessem sair do edifício. Dias depois as investigações parecem não ter fim contra outros empresários locais.
O mesmo tem acontecido com todos os negócios que apoiam oficial ou não oficialmente a oposição do governo Ucraniano. A gravidade é que se Tymoshenko continuar presa o partido da revolução laranja poderá estar em riscos de sobreviver, agora sem líder e sem rendimentos.
É importante que a Comunidade Europeia esteja atenta e tome consciência da profundidade da realidade Ucraniana, muitas coisas podem estar em risco neste país tão próximo de nós.
Por isso é que também não se fala de UE mas sim de "comunidade europeia", e a importância está nas relações político-económicas que a Europa tem com a Ucrânia. Para além de haver uma natural sensibilidade e preocupação das organizações europeias do risco que corre a democracia e liberdade nos países vizinhos bem como os seus parceiros partidários.