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O panorama político e social português e europeu é exasperante. Neste cantinho à beira mar plantado, onde não nos governamos mas já nos deixamos governar, a impotência assola uma nação perante os aprendizes de feiticeiro obrigados ao temor reverencial troikista, e até aparecem economistas do FMI a realçar o grande consenso social existente em Portugal quanto ao esforço que é necessário realizar, confundindo consenso com resignação e revolta perante a imposição e o esbulho fiscal que defrauda até as medidas e os cálculos da própria troika. Entre quem nos salva e quem se quer salvar, já dizia Millôr Fernandes que "o país que precisa de um salvador não merece ser salvo", embora até vão aparecendo candidatos a salvador nacional que se assemelham na voz, nos métodos e nos cargos a um outro que foi chamado ao Terreiro do Paço nos idos de 1926. Muito menos merecem ser salvas as muitas futebolíticas luminárias adiantadas mentais que deixaram a minha geração bem tramada mas que continuam a pavonear-se por aí sempre prontas para a baixa política em qualquer palco ou em frente de qualquer câmara, debitando chorrilhos de verborreia ignorante em palavreado do vira o disco e toca o mesmo, que vai pouco mais além da intriga política e do clássico exercício de ilusão do Zé Povinho. E também não merece ser salvo este continente, que mais ano menos ano colapsará sobre si mesmo, importando não confundir os sintomas com as causas quando certo Comissário Europeu até sugere que as bandeiras dos porcos (PIGS) sejam colocadas a meia-haste. Afinal, ainda há pouco tempo Nigel Farage evidenciava no Parlamento Europeu que dez dos actuais Comissários Europeus foram comunistas ou próximos disso. Acrescente-se os que colaboraram ou viveram sob o regime nazi. E não esqueçamos que só os idiotas, como muitos cá do burgo, é que acham que comunismo e nazismo não são, na essência, a mesma coisa. Até foram mitigados, expurgados do mal e travestidos nesse outro ismo que dá pelo nome de social-democracia, onde até cabem democratas-cristãos, liberais e conservadores, alegres contribuidores para o OPNI deloriano que, afinal, é apenas a mais arrojada experiência socialista europeia de que há memória. A Europa vai continuar a existir, a União Europeia também. O nosso país também. Apenas não nos moldes que temos como garantidos. Agarrados a projectos políticos mais mortos que vivos e cuja sobrevivência depende da nossa falta de resistência e se alicerça no nosso medo e ausência de imaginação, preferimos ignorar que a vida como a conhecemos acabou. A quinze minutos de terminar o jogo ainda estamos todos vivos.