Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Como é difícil ser liberal em Portugal

por Samuel de Paiva Pires, em 23.09.11

A respeito desta infeliz posição de Carlos Abreu Amorim quanto à criminalização do enriquecimento ilícito,  ler o que escreve hoje João Luís Pinto:

 

«Hoje, o deputado Carlos Abreu Amorim vai contribuir com o seu voto para o estabelecimento de um gravíssimo precedente jurídico com consequências (a ser consentido pelo tribunal constitucional – o que não me alimenta particulares esperanças) inevitáveis, essas sim, para o cercear da esfera privada da liberdade dos cidadãos e para a amplificação desmesurada dos poderes asfixiantes do estado.

 

Vindo de um jurista e qualificado liberal a viver em dificuldade em Portugal, um libelo de defesa apresentado como sendo dos cidadãos cumpridores (temo até pensar o que isso seja) é algo que, se possível de compreender como um devaneio alimentado por um acesso de deslumbre passoscoelhista, não é possível de aceitar e, diria mesmo, de perdoar.

 

Qualificar como um dia histórico para a vida do parlamento português um dia particularmente negro, em que se vai dar um passo significativo não contra a “corrupção” ou os traficantes de influência da esfera do estado – destinatários que só poderão ser engolidos por ingenuidade -, mas sim para colocar um pé na porta na Liberdade e no direito que deve assistir a todos a um processo judicial digno de um Estado de Direito, baseado em regras claras, em igualdade de armas e no assegurar de uma efectiva capacidade de defesa e presunção de inocência dos arguidos, é algo que não pode deixar de me desiludir profundamente.

 

Travestir tudo isto em nome de um populismo justiceiro e de uma capa feita para enganar tolos de que vale a pena sacrificar liberdades fundamentais e princípios em nome de resultados, ver para esse efeito o PSD e o CDS votarem alegre e (pelos vistos) orgulhosamente ao lado da extrema esquerda parlamentar que em outros momentos tanto criticam, é algo que me entristece fortemente e que não posso deixar de assinalar e lamentar.»

 

E como leitura complementar, a respeito da idiotice que é a proposta que o parlamento vai hoje votar, ler o Carlos Loureiro, Pedro Caeiro, Miguel Noronha, André Azevedo Alves e novamente João Luís Pinto.

publicado às 13:15


7 comentários

Sem imagem de perfil

De Eduardo F. a 24.09.2011 às 00:01

Assim é, caro Samuel. Somos uma espécie exótica e tida por moralmente infestante.
Imagem de perfil

De Samuel de Paiva Pires a 25.09.2011 às 13:55

Ainda que a esmagadora maioria das pessoas nem sequer tenham um entendimento correcto do que é ser liberal.
Sem imagem de perfil

De Carlos Velasco a 25.09.2011 às 10:48

Só os ingénuos acreditam que é difícil ser liberal em Portugal, especialmente quando se vive dos recursos públicos...
Fosse o liberalismo algum antídoto contra o socialismo, e não a sua cara metade na dialéctica da revolução, não seria praticado com tanto entusiasmo pelas elites comunistas chinesas e russas.
Difícil mesmo é ser conservador e pagar impostos para manter certas criaturas lombrosianas bem alimentadas:

 http://www.youtube.com/watch?v=ktkgkA_ooh8
Sem imagem de perfil

De Eduardo F. a 25.09.2011 às 13:54


"[É] difícil ser liberal em Portugal, especialmente quando se vive dos recursos públicos".


Não sei se pretende visar alguém em especial mas o seu entendimento de "liberal", a avaliar pelo que escreve, nada tem a ver com o meu.
Sem imagem de perfil

De Carlos Velasco a 25.09.2011 às 15:07

"Não sei se pretende visar alguém em especial mas o seu entendimento de "liberal", a avaliar pelo que escreve, nada tem a ver com o meu."

Nisso o senhor tem total razão. Eu aceito que o liberalismo é o que a história demonstrou que é, enquanto você aceita que o liberalismo é o que os seus advogados dizem ser, tal e qual os comunas em relação à sua querida ideologia. Basta um deles chegar ao poder e fazer m..., e deixa de ser comunista.
Não é o que estão a fazer com o CAA?
Imagem de perfil

De Samuel de Paiva Pires a 25.09.2011 às 13:57

Caríssimo, subscrevo o Eduardo F. no comentário em resposta ao teu.
Sem imagem de perfil

De Carlos Velasco a 25.09.2011 às 15:01

Caros,

Entre o vosso entendimento do que é ser liberal, e do que o liberalismo é historicamente, há uma enorme distância, que equivale ao que separa o discurso de um mentiroso da sua prática.
Não fosse assim, Karl Marx não teria proferido elogios ao liberalismo, vendo nele a fase burguesa da revolução, fase essa que sedimentará o terreno ao socialismo, a fase final da revolução que deitará abaixo a civilização greco-judaico-cristã.
Mas, para não ficarmos por aí, poderia também citar o economista Joseph Schumpeter, que demonstrou bem o que digo aqui na sua obra Capitalism, Socialism and Democracy.
Não querendo me alongar, vos sugiro um estudo profundo da história das corporações, dos grupos de interesse e das fundações promovidas por estas, da biografia dos nomes que mais se destacaram na defesa do liberalismo materialista (a Ayn Rand é um bom começo), do resultado prático das revoluções liberais do século XIX e da imensa quantidade de "liberais" que recentemente trataram de nos lembrar dessa realidade tão incómoda que faço questão de referir: a de que o liberalismo não passa da cara metade do socialismo na dialéctica revolucionária.
Querem exemplos dos últimos vinte anos (e nem referirei os "liberais" europeus)? Thaksin, Mel Zelaya, Collor de Mello, Menem, Santos (na Colômbia) e Sebastian Pinera. 
Portanto, não me venham com essa conversa promovida nas universidades e nos partidos acerca da dicotomia socialismo/liberalismo, pois entre acreditar na manada e nos factos puros e duros, ainda que isso custe o isolamento, eu fico com a segunda opção.
Abram os olhos.

Comentar post







Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas