Era apenas uma questão de tempo, já o avisaramos. Com a crise a bater forte à porta e a mudança do Governo, o lobby nuclear regressa agora "ao combate". Pela mão dos mesmos de sempre, é de novo Patrick Monteiro de Barros que volta a reafirmar o interesse em construir centrais nucleares em Portugal "sem recorrer a um centavo do Estado", desde que, para isso, o Governo esteja disposto a avançar.
Patrick Monteiro de Barros adiantou mesmo que, "no dia em que Portugal tiver uma ou duas centrais [nucleares], passará a ser exportador de energia para Espanha e França"(!), acrescentando que "esta ideia não agrada nada aos operadores espanhóis".
O empresário, que comentava o futuro da energia em Portugal, observou que a energia nuclear poderá tornar-se numa alternativa viável "daqui a 15 anos", altura em que as eólicas estarão na sua fase final de concessão, mas que, para atingir esse objetivo, é essencial começar agora.
Esta é a última "novidade": tentar convencer tudo e todos, com o Governo à cabeça, que a aposta no nuclear não custará um cêntimo aos Estado, ou seja, aos contribuintes lusos. O líder da Petroplus Holding, que falava no fórum 'Finance Energy' em Lisboa, disse, aliás, estar disposto "a construir uma ou duas centrais nucleares", acrescentando que, para isso, "basta dar-nos acesso ao mercado e depois quem tem unhas toca guitarra".
Monteiro de Barros não aprendeu mesmo a lição. Não entendeu nada do que se passou. Faz totalmente de conta de que nada sucedeu. Parece nem ter consciência da falência total das centrais do ponto de vista de segurança. Já para não falar da questão do urânio.
Perigos do nuclear? O que é isso? O rebentamento e as mortes e as contaminações da (ultramoderna) central do Japão? Mais uma ilusão.
Um conselho (este sim gratuito) a Monteiro de Barros: dedique-se às regatas porque essas, por sinal, não são inimigas do ambiente.
Da nossa parte, hoje como no passado, a resposta é a de sempre: NUCLEAR, NÃO OBRIGADO!