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Avelino de Jesus, num artigo que vale bem a pena ler na íntegra (via Blasfémias):
«A atitude face à emigração deve ser enquadrada numa posição de abertura face à mobilidade social e económica em geral. As restrições à emigração, quer em termos de políticas quer de pensamento, relevam sobretudo de posições ultraconservadores e reaccionárias, qualquer que seja a forma com que se disfarcem. É próprio destas perspectivas reprimir os movimentos de populações quer no interior quer para o exterior. É muito frágil a posição de alguns críticos segundo os quais "nem nos tempos do salazarismo se ouviu um governante dizer que os portugueses deviam ir embora"; claro que não, ouviam-se antes os tiros de perseguição nas fronteiras contra aqueles que procuravam sair a salto, contra a vontade dos que então, como agora, visam tolher a liberdade de circulação das populações.
Aqueles que - jovens ou maduros, profissionais manuais ou intelectuais - ousem emigrar, por necessidade ou ambição, merecem o nosso apoio e solidariedade.
O mesmo conforto merecem igualmente todos os que - incluindo os governantes - manifestem esse apoio e solidariedade àquela atitude de inconformismo radical.
O provincianismo e o cultivo de posições periféricas e isolacionista foram, e continuam a ser, dos principais obstáculos ao nosso desenvolvimento. Contrariar tais pechas - mesmo quando temos pela frente autênticas barreiras que, travestidas de posições progressistas, constituem puro terrorismo ideológico - não sendo tarefa fácil, não poderá ser contornada.
As críticas em apreço podem ser eleitoralmente rentáveis, porque fazem apelo aos reflexos mais atávicos, mas revelam uma ignorância da realidade e uma falência moral lamentáveis. »