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Samuel, não existe qualquer caça a bruxas... caçadoras!

por Nuno Castelo-Branco, em 07.01.12

Diz-se que no vale do Nilo, ainda há quem adore o deus Aton, participando em cerimónias evocativas durante os períodos de tempestades solares ou do solstício. Na Índia as vacas são sagradas, assim como algumas espécies de macacos que saltitam de telhado em telhado, obrando livremente sobre pedras de templos bem carcomidos pelo passar dos séculos. Há quem acredite em discos voadores, na Terra oca, na base nacional-socialista de um IV Reich na Antártida, enquanto outros com um sentido mais prático das coisas, agremiam-se em sociedades discretas e infinitamente mais eficazes. Para colocar um ponto final quanto a este desinteressante tema, apenas queria deixar uma sucinta resposta que todos possam facilmente entender, de tão visíveis são as evidências.

 

O meu querido amigo Samuel cita o Prof. Adelino Maltez que nos lembra a história de um "GOL (que) não começou em 1910. Foi fundado e existe continuadamente desde 1802. Já esteve em 1806-1808, na luta contra Junot, em 1817, 1820 e por aí fora. Sempre com a liberdade."

 

Terá sido assim? Claro que não, senão vejamos: 

 

Para sermos mais correctos, quando o país inteiro já tinha conhecimento do Tratado de Fontainebleau que destronava a Casa de Bragança e retalhava o nosso território em proveito de franceses e espanhóis, o embrião do GOL  foi receber Junot às portas de Lisboa, logo escrevendo uma carta a Napoleão a implorar um Rei - da "casa" Bonaparte ou um sargentão serviçal de ocasião - para Portugal. Os irmãos ainda tiveram o topete de enviar uma deputação a Baiona e não sendo suficiente tal protesto de amizade por quem ocupava o país saqueado e o reduzia a um governo-geral, os então pouco discretos convivas, foram entusiasticamente arregimentar-se na Legião Portuguesa ao serviço do invasor depredador da Pátria. Chegaram mesmo a participar na III Invasão Francesa e nas campanhas de Bonaparte na Prússia e na Rússia. Isto tem um nome, vem no dicionário e a palavra começa pela letra T. Sabe-se que nas últimas décadas consiste num termo que caiu em desuso, mas nem por isso deixa de surgir na lista das ignomínias mais repulsivas.


Quanto ao presente caso que tantos aborrecimentos tem dado a quem há oito gerações manda no nosso país, há quem entre para estas organizações, com o límpido fim da promoção de grandes ideais enunciados e que  afinal poderão resumir-se a três. Também se conhece o pendor que outros têm por cerimónias iniciáticas, fardamentas exóticas, arquitecturas que agradariam a Cecil B. DeMille ou senhas e contra-senhas que nos remetem para os tempos da nossa infância. Tudo isto é natural e tão trivial como os clubes de modelismo, de arqueiros ou recriação de torneios medievais.

 

A partir do momento em que se conspira contra a legalidade constitucional - repito, constitucional - do Estado, promove-se a eliminação física do soberano, a perseguição a um amplo sector da população portuguesa - a Igreja "concorrente" e os seus seguidores -, indiscriminadamente se prende e coage aqueles que se pretende ver afastados do poder, estamos então perante uma situação bem difícil de resolver, se é que tem resolução. Neste caso que tem varrido a imprensa na última semana, as discretas entidades surgem ligadas aos interesses económicos - cá está o vil metal em causa, daí o frenesim - , ao espiolhar da vida pública e privada dos cidadãos, assim como ao claro prejuízo do interesse e formal dignidade do Estado. Para que sejamos claros quanto a um aspecto relevante, os já nada discretos, lesam a "concorrência" no campo da economia. Colocar amigos em lugares onde os concursos não passam de um pro forma, afastar outros em benefício da irmandade e para cúmulo, tentar obter-se o controlo das instituições estatais detentoras de armas, da informação e defesa do Estado, é demais. 

 

Não há qualquer margem para um exagero e não existe caça às bruxas, até porque de facto quem governa Portugal há dois séculos, é a Maçonaria. Se ela naturalmente sofre de lutas e rançosos ódios intestinos, rotineiramente fazendo cair os seus próprios regimes - nem precisamos de enumerar quais -, tal se deve em primeiro lugar, à necessidade de reciclagem para que "algo mude". Ainda ontem, o Sr. Arnaut proclamava com orgulho, os inestimáveis serviços prestados à pátria e à liberdade, procurando reduzir a isto, a acção que o GOL tem na conformação desta nossa sociedade tão desigual e injusta. Se apenas se pretende contabilizar os sucessos que fizeram o seu tempo, qual foi a verdadeira razão para o violento desencadear da destruição da Monarquia Constitucional, qual a razão para a queda das 1ª e 2ª Repúblicas - bem ao contrário daquilo que querem fazer crer, o Estado Novo contou com muitos e bons irmãos, a começar pelo longevo Chefe do Estado e o Presidente da Assembleia Nacional - e chegando aos nossos dias, o actual estado de desagregação do esquema vigente? 

 

Lá estarão muitos idealistas e como agora se usa dizer, gente solidária? Certamente. Participarão nas tertúlias aqueles que apenas metafisicamente se preocupam com o devir da humanidade? É bem provável. 

 

O pior será o resto que sempre se soube, aquilo que agora se sabe e a incógnita enroupada de secretismo que talvez jamais vira á luz do dia, ou utilizando um termo mais próprio desta temática, da alvorada de uma manhã sem nevoeiro. 

 

A discussão está aí bem renhida e logo na imprensa que se julgava domesticada. Consiste num tema tão válido como o da gripe das aves, da doença dos pézinhos, do aeroporto na desértica margem sul, ou o TGV. Fale-se, debata-se o assunto, pois havendo limpidez, dissipar-se-ão receios ou desconfianças.

publicado às 19:51


5 comentários

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De Nuno Resende a 07.01.2012 às 21:23

Touché, Nuno. Para mim, a maçonaria oscila entre o ridículo e o dispensável - o que de humanitário ou solidário há que não se possa fazer sem recurso a artifícios cenográficos?
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De c. a 08.01.2012 às 03:25

Também ri com gosto com aquela da luta contra Junot! Foi uma facção de membros da maçonaria quem propôs a eleição de Junto para grão-mestre   e a substituição do retrato do Príncipe Regente D. João, pelo do Buonaparte. Foi demasiado, mas a proposta partiu de maçons portugueses.
Seria interessante ver os casos de colaboracionismo com os invasores, em Lisboa e na província, quase todos de membros da maçonaria.
Voltando aos tempos de hoje: a imprensa não está domesticada? Pouco falta. Um bom mapa da influência da maçonaria em Portugal, na imprensa e fora dela vê-se pela adopção do muito maçónico acordo ortográfico que veio coroar a obra maçónica de 1911. Não há maçon que não escreva em acordês e na assembleia da república torna-se patente a quem obedecem.
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De Anónimo a 09.01.2012 às 01:31

O Samuel que me desculpe, mas estou 1.000% d'acordo com o que o Nuno escreveu. Ele disse quase tudo o que havia para dizer sobre  a degradada politicagem maçónica e o mal que ela tem feito a Portugal desde há pelo menos duzentos anos. E mais não disse por ser desnecessário, por agora. Mas na sua resumida exposição está bem patente o que os portugueses sofreram e continuam a sofrer com estes apátridas como governantes, cujos procedimentos bárbaros, com as ligeiras alterações que os novos tempos exigiam, em tudo são iguais aos seus antecessores da 1ª República Eles odeiam visceralmente o nosso país e o nosso povo e só descansaram quando conseguiram amputar Portugal (isto para nos atermos sómente ao presente) da maior parte do seu imenso território e o  que ficou, entregá-lo de mão beijada ao capitalismo mundial, a  quem aliás eles próprios estão vendidos desde sempre. Ódio, inveja e maldade inexcedíveis contra tudo e contra todos, são os únicos sentimentos  que as suas mentes doentes conseguem albergar.
Maria
 
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De Cristina Ribeiro a 09.01.2012 às 01:41

Ridícula ( secundo 
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De Cristina Ribeiro a 09.01.2012 às 01:53

secundo Nuno Resende ) é o mínimo que se pode dizer de uma coisa cheia de " secretecidades " espúrias, muito, muito, obscuras que, ao longo da História, tem revelado uma, digamos, propensão para o MAL.

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