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«Num país ensimesmado como o nosso, ter a política externa nas notícias e em escrutínio até parece mentira. Há dias, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, divulgou uma estratégia que, não sendo inteiramente nova, tem méritos mas levanta algumas questões. A maior vantagem é concentrar na tutela inevitáveis sinergias entre diplomacia e comércio externo, embaixadas e internacionalização empresarial, entre plataformas que abrem novos mercados e que captam investimento estrangeiro. Tudo o que Portugal não precisa é de proliferação de circuitos que ninguém domina ou é responsabilizado. Significa o modelo e o propósito a quase salvação nacional, como colocou o Presidente da República? Muito do crescimento económico passará por esta estratégia, mas um ambiente de pressão excessiva sobre os diplomatas pode ter efeito contrário: desvalorizar o gene político-diplomático e hipervalorizar um papel para o qual não foram formados e que parece fazer deles homens de negócios em detrimento de agentes políticos. Por outro lado, sem o justo equilíbrio nesta matéria e moderação na tábua de salvação, parece que esquecemos o que está a montante: Portugal como um dos países menos atractivos e competitivos a nível fiscal. Pode-se eliminar as duplas tributações, mas se o colete de impostos às pessoas e empresas se mantiver é difícil que o clima económico prospere. Outro mérito identifica a geografia desta diplomacia económica. Dispersar as nossas relações económicas para além da Europa é tão importante como o critério que lhes assiste. Excessiva colocação dos ovos na cesta árabe ou a atracção sem meios na Ásia precisa de bom senso. Ainda há mercados cuja aproximação política confere prioridade e com potencial de relação económica mais estável. Política externa é critério e estratégia. Mas uma estratégia para um país atlântico chamado Portugal.»