Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Com o debate sobre a maçonaria surgiu novamente uma discussão em torno da temática religiosa no blog. Neste sentido, e porque já de há algum tempo a esta parte que esta temática vem surgindo em vários debates por aqui e não só, entendo por bem realizar aqui algo que está na moda por estes dias, uma assumpção.
Há alguns anos que ando às voltas com as minhas crenças religiosas e esta discussão voltou a fazer-me pensar nisto. Quando em criança/adolescente acreditava em Deus, mas nunca fui particularmente católico. Apenas acreditava e acredito em algo superior a nós, independentemente dos termos que as instituições humanas utilizem. Daí preferir o protestantismo ao catolicismo, que corta os intermediários que frequentemente levam à antropomorfização da Vontade Divina. Isto, aliás, pode ser facilmente compreendido a partir da minha posição política liberal.
Durante a redacção da tese de mestrado, escrevi aqui que a existência de Deus pode ser justificada como uma ordem espontânea, pelo que Deus seria a mão invisível de Adam Smith. Tomei isto como nota mental para desenvolver posteriormente. Ainda não envidei esforços que considere suficientemente satisfatórios para teorizar isto, que poderá ir eventualmente no sentido do panteísmo.
Porém, com o passar do tempo, tenho vindo a caminhar no sentido de definir melhor as minhas crenças. E entendo que é chegada a altura de assumir aquilo que mais convictamente sinto, pois se há uns anos procurei ignorar esta questão e separá-la do meu pensamento político, com o aprofundamento de algumas leituras e ensinamentos de mestres vários, entre os quais o Corcunda, tenho vindo a perceber que é fundamental que quem pretende teorizar a política se defina religiosamente, dadas as relações óbvias entre as duas.
Desta forma, para que não me tomem por algo que não sou, como tem acontecido em diversas ocasiões, e para que eu possa sentir-me livre para teorizar e justificar o meu pensamento político em virtude do que religiosamente sinto e, portanto, não ter que me justificar perante pensamentos políticos que decorrem de crenças religiosas que não possuo, assumo aqui que não sou católico. Sou agnóstico. Não só por temer a antropomorfização da Vontade Divina, mas também porque convictamente sinto que não posso provar a existência nem a inexistência de Deus. Julgo que é a atitude mais humilde a ter perante a magnificência e a complexidade do Universo e da ideia de Deus.
Entendo que já estava na altura de deixar aqui expressa esta minha posição. De resto, continuarei a estudar estes assuntos cada vez com mais afinco, para que possa melhor tentar compreender-me a mim próprio e ao mundo em que vivemos, sempre com as ideias de liberdade e tolerância em mente e sem dogmatismos.