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Há umas semanas, o Luís M. Jorge notava que o Maradona havia desaparecido da blogosfera nos meses que precederam o lançamento do recente O Meu Pipi - Sermões, daí decorrendo a sua sugestão de que poderíamos estar em presença da mesma pessoa. O vocabulário e a escrita do Maradona são, sem dúvida, de um plano muito superior ao que habitualmente se encontra na bloga. Contudo, há outra referência blogosférica que também desapareceu durante uns meses, para regressar nas últimas semanas, e em grande. Trata-se, claro, do célebre Dragão. Se bem que seria um caso verdadeiramente notável e surpreendente, pois ao contrário do Maradona, o Dragão não tem por hábito o tipo de escrita do Meu Pipi, a verdade é que nem mesmo o primeiro se compara ao segundo no que ao vocabulário concerne. E tal como o Pipi consegue escrever coisas verdadeiramente admiráveis, com uma erudição vocabular fenomenal, também o Dragão o faz. Ora atentem:
«Bem, à falta gritante de ideias próprias, o cromo que nos pastoreia teve a humildade de apelar às ideias dos outros. Louve-se o público reconhecimento e auto-penitência deste vácuo cabeludo. O problema é que, para bucólico enredo, as ovelhinhas são de todo dignas do pastor. E como se tal monturo não bastasse, sobram umas regras ainda mais lazarentas que o presépio. Atente-se só neste detalhe formidável: a melhor ideia é necessariamente a mais votada. Supimpa! Fazendo fé nos últimos trinta anos, o resultado acabado e resplandecente duma série de votações maioritárias em determinadas "ideias" a concurso é, entre várias outras maravilhas, a bancarrota, a perda da independência, a ruína moral e económica, a usurpação da república por seitas e séquitos, a administração da injustiça, a cleptocracia burocrática.»