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Quando Paula Teixeira da Cruz proclama a proibição de deixarmos de acreditar na justiça, refere-se à justiça enquanto conceito filosófico ou a algum sistema de justiça em concreto? Suspeitando que seja o segundo caso, presumo que decerto não estará a falar do português. E se muitos deste descrêem em virtude do que se ouve e vê por aí, a isso acrescento que até eu já fui apanhado nas malhas kafkianas deste sistema, tendo sido acusado pelo Ministério Público de falsidade num testemunho em que disse a verdade - que foi invalidado, pelo que tive que limitar-me a assistir ao tecer da condenação de um amigo assente em erros processuais e materiais, que resultou numa avultada multa -, para posteriormente me "oferecerem" a possibilidade de suspensão e arquivo do processo que entretanto me moveram, sob a condição de eu me deixar extorquir em 500 euros a favor de uma instituição de solidariedade social (ao menos isso). Entre ir a tribunal lutar contra uma injustiça imposta violentamente, que me poderia prejudicar no futuro, e pagar para que uma certa juíza e uma determinada procuradora não me importunassem mais, preferi a segunda hipótese. Se dúvidas tivesse quanto ao kafkiano sistema de justiça português, ficariam desfeitas nesse dia. Mas, Senhora Ministra, acato a sua proibição, registando ainda a sua imensa aptidão para o cargo que ocupa, quando aqui há umas três semanas propôs a elaboração de uma lei tecnicamente impossível, porque discriminatória e contrária não só aos princípios gerais da abstracção e da generalidade como à Declaração Universal dos Direitos do Homem, de que Portugal é signatário. Enfim, cá ficamos a aguardar pelos resultados advindos do cumprimento do memorando de entendimento troikista.