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O debate Monarquia-República

por Nuno Castelo-Branco, em 04.02.12

Fiquei arrependido por me ter remetido à assistência, não me juntando ao meu irmão em defesa do posicionamento dos monárquicos portugueses. O debate mal chegou a sê-lo e a inexperiência do painel era flagrante, ponto fundamental que deixou o Miguel impaciente, especialmente quando eram quebradas as regras mínimas da civilidade. Bem conheço as suas expressões de aborrecimento ou de incómodo, não conseguindo disfarçá-las.

 

O actual Chefe do Estado foi o bode expiatório para todos os males que afligem a nação e não sendo eu um suspeito de seguidismo no que respeita ao Prof. Cavaco Silva e seus apoiantes, fiquei perplexo com a virulência dos ataques pessoais que alternavam entre a assistência e o próprio campo afecto à defesa da República. "O Cavaco", "o Aníbal, "o Silva", consistiram nas expressões mais frequentes, preferindo não deixar aqui por escrito outras bem mais cortantes e impublicáveis. Ao meu lado, duas raparigas declaradamente pró-Monarquia comentavam as intervenções, desabafando uma delas ..."se eles dizem isso do Presidente da República, imagina o que nós poderíamos dizer!"

 

Precisamente, este é o ponto fundamental. Nós não o faremos. Em sucessivos posts neste blog, bastas vezes fui severíssimo com o actual Chefe do Estado, contestando atitudes, verberando a péssima política prosseguida durante o seu consulado em S. Bento, ou apontando a dedo o seu círculo de amigos. Debalde procurarão entre tudo o que escrevi, ataques pessoais que se imiscuam na sua vida privada, ou qualquer tipo de disparatado desprezo pela sua origem social, aspecto que por regra é invocado pelo chamado núcleo cavaquista, na ilusão de um pretenso nivelamento sem pés nem cabeça.

 

Há uns dias e após a cerimónia da atribuição da Ordem de Mérito à Infanta D. Maria Adelaide, um parente de S.A.R. o Duque de Bragança, advertia-me quanto ao ..."perigoso momento que o país vive (sendo) imprescindível que do nosso lado, não haja qualquer tipo de participação em campanhas pessoais, indecências ou faltas de respeito. Não faremos aquilo que os republicanos fizeram a D. Carlos e à Rainha. Nem pensar! Não lhe parece?"

 

Este foi o desabafo que consiste numa clara directiva que "vem de cima". Os republicanos afanam-se em esmagar a reputação do seu Presidente, não olhando a meios para obter a sua mais que improvável queda. No debate Monarquia-República, estiveram presentes dois políticos republicanos, um deles pertencente à escassa "maioria presidencial". Nem um queixume, nem uma única admoestação que procurasse moderar os ânimos dos mais exaltados anti-cavaquistas tinto-verde. Nada. Permaneceram plácidos, saboreando a coisa que decerto lhes terá dado farto gozo e chegando um deles ao ponto de sugerir que ..."em vez de os monárquicos andarem a recolher assinaturas para a mudança do regime, seria melhor fazerem-no para exigir a demissão do Presidente". Assim mesmo, foi o que se disse, remetendo-nos para os tempos em que o antepassado de um dos actuais partidos rotativos, o Partido Progressista, por mau hábito recorria aos republicanos como arma de arremesso no jogo político. Não cometeremos tal erro e se os sustentáculos do regime, deste se pretendem desembaraçar, então que o façam como tão bem aprenderam durante as décadas que antecederam os acontecimentos de 1908-10.

 

Connosco não poderão contar. Haja decência. Como poderão verificar, o tipo de esclarecimento que o meu irmão transmite no video que aqui deixamos, é a mensagem que mais importa.

publicado às 21:40


19 comentários

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De Zuruspa a 06.02.2012 às 11:51

Só conversa, sa treta, e da mentirosa.

Ai tanta liberdade na monarquia constitucional. Convenientemente esqueceu-se de coisas täo "insignificantes" como  ditadura de Joäo Franco e a  vergonhosacapitulaçäo aos ingleses.

Ah, mas isso foram com certeza mentiras da "imprensa republicana".

Eu é que perdi 11 minutos de vida a ouvir estas patranhas.
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De Kalidás a 06.02.2012 às 13:51

Não, amigo Zuruspa. O João franco foi um ditador sim, mas a Carta previa esse tipo de ditaduras a prazo.
Quanto ao ultimato, foi um desastre provocado pelo Barros Gomes. Ali foi tudo explicado, o Zuruspa é que não esteve lá.
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De Nuno Castelo-Branco a 06.02.2012 às 14:04

Zuruspa, é uma pena V. Exa. não perder sequer um segundo para tentar perceber o que era esse conceito de ditadura. Se pesquisar melhor, nos videos incluídos no youtube está a explicação, mas decerto não quer ouvi-la. Na época, chamava-se ditadura ao governo  poder passar a decretar com o Parlamento fechado.  Esse recurso estava previsto pelo texto constitucional e no nosso tempo, a isso chama-se "estado de excepção", raramente utilizado e tal como então, por breves momentos decorrentes da instabilidade ou de ameaça às instituições. Francamente, nem sequer estamos assim tão longe disso, creia no que lhe digo. Quando da reabertura das duas casas do Parlamento - que era quase imediata -, esses decretos iam a discussão e eram ou não eram aprovados. Como vê, o conceito de ditadura era diverso daquele em que está a pensar. Entretanto, a imprensa dizia o que bem entendia, existia o direito a reunião, etc. Se se der ao trabalho de consultar os jornais da época, perceberá e desde já o aviso acerca de uma situação muito diferente daquela que o país passou a suportar após 1910, quando chegou a censura, o assalto e destruição de jornais, a prisão dos opositores, etc, etc. Para nem sequer falarmos das "levas da morte", por exemplo. Mas isso são "acidentes" que não quer recordar, talvez por involuntariamente estar mal informado. paciência, nada de grave e que não tenha óbvio remédio.
No que respeita ao Ultimatum - aliás uma responsabilidade clara da loucura da demagogia republicana -, poderá saber mais aqui:
http://estadosentido.blogs.sapo.pt/43986.html


Para melhor compreensão dos últimos anos da Monarquia, recomendo-lhe a obra D. Carlos, de Rui Ramos (disponível em qualquer livraria, por módico preço) É um trabalho sério, detalhado, de fácil leitura, agradável e elucida-o perfeitamente acerca da verdade dos acontecimentos. 

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