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Só um povo profundamente imbecilizado, intelectual e culturalmente desenraizado, superficial e à deriva se deixa penetrar à bruta e sem lubrificante pela besta estatal com laivos totalitários e modernizantes que anda sempre com o "progresso" a revestir-lhe a glande, ainda gemendo de prazer quando o Leviatã, pegando-lhe nos quadris e espancando-o sem qualquer pejo, lhe ordena que se submeta completamente aos seus ditames. Que existam indivíduos que assim se deixem violar, parece ser o normal anormal de uma sociedade cada vez mais passiva. Que existam outros que, na condição de auto-proclamados iluminados, se achem no direito de resumir ao que as suas mentes parcamente conseguem processar algo que não foi desenhado por nada nem ninguém, que se origina de forma espontânea e natural e que evolui gradualmente em resultado das interacções entre milhões de indivíduos ao longo do tempo, é também normal, atendendo à mesquinha vaidade egocêntrica que fere os estultos asnos em causa, muito pouco apropriadamente rotulados de sábios. Que existam aqueles que designam os anteriores, os que deslumbrados com o poder, se decidem a revelar à saciedade o seu profundo desrespeito pelos eleitores e compatriotas, violando-os ininterruptamente até se satisfazerem com a deturpação ou aniquilação do eu do sujeito passivo, reflectida na servidão voluntária deste, parece ser também normal, ou não seja a política a actividade por excelência em que os homens verdadeiramente se revelam, e na qual, pese embora a qualificação de arte nobre, mais estupores moralmente corruptos e intelectualmente ineptos se pavoneiam. Que haja também os que, atendendo ao precedente de andarmos a ser linguisticamente fornicados desde 1911, para outros acordos remetam de forma a pretensamente justificar a existência de mais um, como se qualquer um deles não fosse apenas um orgasmo do Leviatã, e ainda os que criticam Vasco Graça Moura pela decisão de acabar com o acordês no CCB, justificando-se com a necessidade de respeitar os preceitos legais que do estado emanam, esquecendo-se que nem tudo o que é legal é legítimo – e, neste caso, bem pelo contrário –, e que esse tipo de argumentação, aplicado noutros casos, permite justificar toda e qualquer norma que emane do estado, por mais criminosa que seja, entrando no domínio da adoração estatal – afinal, moderna e Iluministicamente sabemos que quando se deixa de adorar Deus, passa-se a poder adorar qualquer coisa, e bem assinalou Jung que a adoração do estado é a religião moderna e uma forma de escravatura –, são apenas sintomas da imbecilidade torpe que parece ter atingido muitos portugueses. Que exista um Acordo Pornortográfico, e que os portugueses assistam impavidamente à implementação deste, não sendo apenas espectadores mas espetados, é apenas obsceno, abjecto e repulsivo. Trata-se, na verdade, de felação sadomasoquista ao espeto do estado moderno e dos seus idiotas ideólogos.

 

Leitura complementar: Contra o processo de apagamento da identidade portuguesa em curso; Contra a novilíngua do acordês.

publicado às 00:31


2 comentários

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De tomas a 07.02.2012 às 15:33

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De Anónimo a 07.02.2012 às 23:04

Excelente!


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