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O Sr. Schulz proferiu umas tantas sandices a respeito da política externa portuguesa. Sabendo-se algo acerca da constante correria dos agentes de Berlim em direcção a todos os cantos do planeta, o caso português é diferente. A Alemanha pode exportar os seus produtos e até apostar na suicidária venda da sua tecnologia de ponta. Está no seu direito e esta é a sua política. Há até quem lhes possa recordar o precioso treino e oferta de tecnologia ao exército soviético que nos anos vinte e trinta, forjaria as armas e as tácticas que fariam os panzer russos tomar Berlim. Sendo a Alemanha um país recente e que não possui raízes fora do hinterland centro-europeu, necessariamente terá uma política bastante diferente daquela que o antigo Portugal pluricontinental poderá prosseguir.
"É evidente que para os alemães e restantes tribos europeias jamais tocadas pelo génio de Roma, a dimensão do mundo é diminuta: uns bantustões na Boémia, uns kimbos na Polónia, umas senzalas na Morávia, uns Xipamanines na Hungria, mais meia dúzia de kraal na Eslovénia e uns hotentotes nas faldas dos Cárpatos."
Passos Coelho esteve em Angola, tal como Sócrates visitou a Venezuela, o Brasil e vários países dos PALOP. É a política externa que nos interessa, libertando este país do acanhamento imposto pelas amarras apressadamente tecidas em troca de umas tantas auto-estradas e dinheiros que se volatilizaram nos bolsos de uns tantos "convivas da Europa de cá".
Há cem anos, os republicanos derrubaram o regime que foi por eles acusado de submeter Portugal à Inglaterra. Naquela época, perto de 30% do nosso comércio era feito com os britânicos. Hoje a situação é bem diversa e se avaliarmos os dados disponíveis, facilmente verificaremos estarmos perante um cataclismo que faz perigar a própria existência do país, atado e bem atado a um vizinho poderoso e cuja estabilidade poderá ser posta em causa por um qualquer motivo fortuito. Os indicadores percentuais do nosso comércio com o antigo Ultramar, Brasil incluído, são ridículos, vergonhosos. Há que reforçá-los, mesmo que isso desagrade aos atrevidos auto-nomeados tutores.
As viagens a Angola, Brasil, países asiáticos e a todo o espaço da CPLP - sem descurarmos outras paragens -, mostram aos arrogantes donos da U.E., o nosso interesse por um mundo aberto, há séculos por nós visitado e que jamais deveríamos ter abandonado.
Uma vez mais, os alemães regressam ao princípio da Festung Europa. Quando a nós se refere, tome em boa nota o Sr. Schulz, de não estar a falar da Croácia, Hungria, Finlândia, Rep. Checa, Dinamarca, Áustria e outros. Bastar-lhe-á olhar para um mapa e talvez perceberá o que está em causa. A U.E. - ou melhor, os alemães - estão irritados? Bom sinal.
Sigamos em frente.