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Cá estão os brados generosos à cata do dinheiro dos outros. É claro que compreendemos bem o que se está a passar na Grécia, tal como também não são totalmente desconhecidos, os motivos pelos quais aquele país se encontra numa situação idêntica à portuguesa.
A lista de pantagruélicos indignados é aquela que se espera e espantosamente tende a perfeitamente coincidir com os artistas que fecharam os olhos ou colaboraram com todas as artimanhas daquela plutocracia tão fingidamente detestada. O povo grego "em luta contra o cortejo de sacrifícios que lhe tem sido imposto", resume-se a uns tantos milhares de radicais que em Atenas queimam prédios, lojas e o património que podem destruir ou quando lhes é possível, roubar. Os restantes gregos, uns tantos milhões que igualam o nosso número, ficam-se pelo maioritário silêncio resignado, naquela surda surpresa pela política imposta pelos mesmíssimos "mãos-largas" que a tudo recorreram para o enriquecimento ilícito, distribuindo uns óbulos pelos crédulos. Conhecem-se os nomes de casta e o apelido Papandreu é bem familiar aos nossos choramingueiros aflitos de Lisboa e arredores, com ele decerto partilhando "ideais" comuns. Entre os signatários da cartinha portuguesa, passam os vultos de afamados negociantes de causas para proveito próprio, algumas das quais situadas naquela parte do mundo onde "não existe pecado", a sul do equador. Tal como na Grécia, em Portugal instalaram o sistema da destruição maciça da indústria e da agricultura, estabelecendo loucas engenharias financeiras, prestidigitações de serviços, betonismo pesca-comissões e outras habilidades que deram sumiço aos dinheiros estruturais, uma espécie de somatório dos fumos da Índia e do ouro brasileiro.
Não nos iludamos com estes manifestos de solidariedade que são antes de tudo, um ataque preventivo àquilo que suspeitam poder ocorrer nas suas proximidades. Este cavalheirame não suporta ser desautorizado "via U.E." Não quer qualquer escândalo em termos internacionais, uma vez que o que se passa dentro de portas lhe é relativamente indiferente, tendo espalhado as suas pequenas comissões de censura muito hábeis na gestão dos previsíveis danos. O que verdadeiramente os preocupa na Grécia e em Portugal, é “a crescente fractura entre os cidadãos e o poder político". Em suma, temem pela própria barriga.
Imaginemos o que significaria a condenação da brilhante 3ª República à bancarrota? A quem poderiam estes indignados de banquete imputar as culpas, a não ser precisamente apontando o dedo à plutocracia com quem se mancomunaram e a quem pediram milhares de milhão ao longo do último quarto de século?