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Hoje aconteceram-me duas situações que me irritaram. A primeira foi quando ao entrar na estação dos correios, pousando os sacos com envelopes que carregava e dirigindo já o meu dedo à máquina das senhas que estava mesmo à minha frente, sou ultrapassado por um tipo nos seus 40 a 50 anos. Fiquei a olhar para ele, à espera do que iria fazer. Nem tugiu nem mugiu, agarrou na senha e continuou em frente. Lancei-lhe um "boa tarde também para si e obrigado pela falta de respeito e má educação". Não reagiu. Não querendo acreditar que aquilo estava a acontecer, alto e bom som afirmei "há gente mesmo muito estúpida." Ficou a senhora dos CTT a olhar para mim, e o tipo sem sequer dizer nada. Coloquei-me ao lado dele, ficando a aguardar a minha vez. Acabando eu por me despachar mais rapidamente do que ele, tendo sido atendido por outra senhora, no fim pedi a esta que apresentasse as minhas desculpas à colega pela minha tirada rude, derivada da irritação com a má educação do fulano. A colega, que ainda o estava a atender, fez um gesto de anuência com a cabeça e o tipo, novamente, não teve nenhuma reacção.
De seguida apanhei o autocarro. Quando me preparava para sair, estava um senhor dos seus 80 anos de pé. Olhei em volta e vi 2 pessoas que não teriam mais de 30 anos sentadas. Perguntei-lhes se alguma delas poderia ceder o lugar. O senhor em causa agradeceu-me mas retorquiu que não era necessário, que se sentaria quando fosse possível, e as duas pessoas deixaram-se estar impávidas e serenas.
Estes pequenos incidentes, somados a muitos outros que todos os dias presenciamos, são sintomáticos da desagregação da sociedade portuguesa. Quando perdemos o respeito uns pelos outros no espaço público, podemos até ter o país económica e financeiramente mais próspero do mundo, mas passamos a ter uma sociedade de que qualquer pessoa minimamente educada só pode ter vergonha. Quando a falta de educação e de maneiras civilizadas passam a ser a regra e não a excepção, algo de muito errado se passa em Portugal.