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A "Fundação" da Casa de Bragança, um esgoto salazarista

por Nuno Castelo-Branco, em 09.03.12

Desde a sua imposição através de canhoneio, a República Portuguesa sempre foi a imunda toca do mais descarado ratazanismo. Se passarmos sobre as rápidas conversões do formiguismo branco ao caceteirismo da PIDE, teremos bem á vista casos bem próximos e tão chocantes como roubos, falsificações ou simples abuso de poder. Se alguns ainda se lembram do esbulho dos bens depositados pelos refugiados - os tais pretensos "retornados" - nas representações diplomáticas nacionais nos novos países saídos do antigo Ultramar e o longo processo de expropriações e depredação de propriedades alheias, temos um velho caso, quiçá o primeiro e potencial modelo para todos os desvarios subsequentes. A 2º República deixou escola e consequente praxis claramente consuetudinária, apenas mudando a verborreia.

 

A "Fundação" da Casa de Bragança é um exemplar da prepotência da República Portuguesa, um assalto legalizado por ditatorial decisão. O roubo salazarista do património do Ducado de Bragança permaneceu impune e mais ainda terá servido para emprego de quem tem sucessivamente encabeçado uma "organização" que mais não é, senão uma aparente coutada para o conhecido princípio da distribuição de potenciais manjedouras. Será interessante a imprensa investigar a situação que por lá grassa há gerações e talvez, quem sabe?, descobrindo aquelas usuais "coincidências" que há muito ditam a norma neste país. É alegadamente um daqueles redutos tão do agrado do actual redil, sapiente como este foi e é em reciclar todo o lixo proveniente da 2ª República, aliás numa primorosa cópia daquilo que esta mesma fez em relação à sua precedente. Assim sendo, da 1ª até à 3ª, o desfiar do rosário de arteirices, saques, prepotências e outras poucas vergonhas, consiste numa ininterrupta cadeia.

 

A maioria dos nossos leitores ainda não saberão do dislate, mas há que informá-los do completo escândalo que se passa em pleno Panteão da Casa de Bragança, onde os caixões do Duque D. Duarte Nuno e de outros familiares da Casa Real e Ducal, estão ignominiosa e intencionalmente votados ao abandono, aguardando há décadas pelo seu lugar de direito. Encontram-se a um canto e cobertos por plásticos, dada a ausência de decisão - é este o subterfúgio que os cobardes usam para a recusa - em sepultá-los devidamente, tal como dita o direito e a tradição. A não ser este o caso, como justifica então a Direcção da "Fundação" este desplante?

 

O último episódio desta escabrosa saga de fascistíssimos desmandos, mentiras e conluios com o poder - um dos mais corruptos de que há memória na nossa História -, diz respeito ao recente falecimento de S.A.S. a Infanta D. Maria Adelaide. Os desconhecidos pigmeus que encabeçam a secundo-republicana "Fundação" da Casa de Bragança, recusaram o depósito do ataúde de S.A.R. no Panteão Ducal. Uns tantos intérpretes de gente sem aquele mínimo de estatura que sequer pudesse chegar às unhas dos pés de D. Maria Adelaide, arrogantemente negaram o óbvio. Pouco lhes importa a dimensão moral da falecida e aquele tímido reconhecimento do Estado em que a própria República, sobre evidente pressão da opinião pública, tardiamente colocaria a Senhora naquele patamar inatingível por não importa qual nababo da plutocrática cleptocracia vigente. 

 

Diz-se que a inefável criatura decisora da recusa da entrada da Infanta no Panteão, nem sequer sobreviveu quarenta e oito horas à prepotência. Hoje não estamos para floreados e recorrendo aos velhos e bem apropriados ditos populares, "cá se fazem, cá se pagam". Enterre-se e esqueça-se.

publicado às 16:20


58 comentários

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De FLV a 09.03.2012 às 19:32

Peço desculpa mas o meu comentário saiu truncado e com erros fora da minha responsabilidade.

Aqui vai novamente:

A fundação da Casa de Bragança é o espelho do País que somos há 800 anos.
Rei D. Manuel deixou os seus bens à nação para fazer um "Museu", para usufruto da Nação e mais não deixou escrito...infelizmente, a partir daí, estava aberta a porta para se fazer o que se quisesse.
Lamentavelmente, quem executou esta vontade algo "etérea" foi Salazar, que criou esta "entidade".
Os testamenteiros de El Rei D. Manuel, deixaram que isso acontecesse, Salazar e o Estado Novo aproveitaram-se e mais uma vez, os monárquicos acordaram tarde de mais e não souberem apresentar alternativas, não souberam ser parte da solução.
Questões jurídicas à parte (se os bens perteciam a D. Manuel ou ao Duque de Bragança e como tal não poderiam ser "legados" a outrém) realmente é um escândalo o que se tem passado na FCB, um pequeno reino, cheio de gente pequena, com um sistema de circuito fechado, que não estão à altura de gerir um património que pertence a Portugal!
Ou seja, o espelho de quem tem gerido o nosso País: capelinhas de avental, desprezo pela memória, auto satisfação patrimonial, gestão de favorecimentos, objectivos pessoais e por aí fora....

Mas mais uma vez, considero que o movimento monárquico está a "atacar" o problema de forma errada...mas isso são contas de outro rosário (não o Poidimani..ehehehe)



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De Nuno Ramos a 11.03.2012 às 20:40

Caro FLV, 
os Bens pertenciam ao Duque de Bragança, Dom Luís Filipe, mas se este foi assassinado com o Sr. seu pai, é óbvio, que quem herdou os bens e os passaria ao seu primogénito, assim como o título Ducal de Bragança, foi Dom Manuel II. Infelizmente, este não teve descendência, logo não existindo Duque de Bragança, nem mais Monarquia que pudesse atribuir o título Ducal a alguém, o nosso último Monarca, era livre, como o foi, de fazer dos seus Bens, o que bem lhe aprouvesse!!!
Nuno Ramos.
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De Rui Falcão de Campos a 19.04.2015 às 05:03

Isto é bestialmente lógico! As regras da sucessão são uma abóbora. Rei morto, rei disposto. Ninguém sucedia ao Sr. D. Manuel - que nunca foi duque de Bragança, o que torna a ideia de poder dispor de algo de que nem um só dia na vida foi dono ou usufrutuário. Depois de mim, o dilúvio. Como Deus não concedeu descendência aos reis de facto que usurpavam o trono de Portugal, D. Manuel II tinha obrigação de ter presente que quando o soberano morre sem geração, há sempre quem lhe suceda.
Salazar, logo que intuiu de que massa era feito o Senhor D. Duarte II, e sabedor da recepção que Marcel Caetano tinha tido quando foi apresentar os seus deveres, aproveitou-se para diminuir a influência da casa real, roubando o apanágio e palácio que lhes dariam o estatuto correspondente ao Seu valor intrínseco.

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