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Um oportuno e sucinto artigo da autoria de Mário Soares, sumariamente foca alguns aspectos da situação que a pujante China hoje vive. Evocando a aparente contradição entre o comunismo "dogmático, reconhecidamente duro, e uma economia neoliberal de capitalismo selvagem", o autor poderia ter ido mais longe, procurando dissecar o que verdadeiramente se esconde por detrás dessa realidade. Tal como vimos nos ainda recentes acontecimentos ocorridos na Baixa da capital tailandesa, a plutocracia encontrou na forma de organização do Estado maoísta, um quase perfeito enquadramento das massas, submetidas estas aos ditames do Partido que pela clara coerção física e moral, impõe as regras, desloca populações, mantém o silêncio e a disciplina. É certo tratar-se de um primeiro estádio em que a contemporização do PCC também se deve à necessidade de aquisição de know-how e avidez de novos mercados.
Podemos então questionar acerca da capacidade que os ocidentais terão em indefinidamente continuarem a comprar produtos chineses, dada a constante desindustrialização e consequente empobrecimento da outra rica Europa. Paralelamente há ainda que perceber a forte hipótese de a China enveredar pelas possibilidades oferecidas pelo seu mercado intern, com as inevitáveis transformações políticas que tal opção encerra. Este consite sem dúvida, num aspecto essencial com o qual o mundo terá de contar.
A China vai cimentando algumas submissões na região e além-mar, mas também encontra novas desconfianças e decerto bastantes precauções por parte de países que não estarão dispostos a demasiadas cedências perante delírios de grandeza que até já reivindicam o Mar das Filipinas e o controlo das passagens para o Índico como imaginadas fronteiras naturais. Como o Ocidente poderá aproveitar esses potenciais aliados temerosos e conhecedores daquilo que os chineses têm desenvolvido em regiões tão problemáticas como os Himalaias, o Médio Oriente e o Sudeste asiático, é a incógnita que se coloca.