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O argumento da idade/antiguidade. O típico lugar-comum de quem julga que a idade é um posto seja lá para o que for, especialmente para validar argumentos numa discussão, como se um tipo mais novo não pudesse ser mais conhecedor e inteligente e derrotá-lo intelectualmente. Parece-me ser uma coisa muito portuguesa, esta variante do "respeitinho." Qualquer pessoa que caia na estupidez deste argumento falacioso está obviamente a pedir para que eu nem sequer perca mais um segundo que seja a debater com ela, até porque recorrer a isto implica automaticamente dar-se por vencida e, portanto, o meu trabalho aí está feito.

publicado às 18:03


12 comentários

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De Tiago C a 29.03.2012 às 09:55

Dois ou três apontamentos;
A idade não trás, como é óbvio, mais inteligência. Com a idade adquirimos sabedoria e acima de tudo pragmatismo e saber fazer. Mal vai o Samuel se acha que com a sua idade já está preparado para todas as adversidades da vida.
Este post demonstra por si só, a sua natural imaturidade, que nada tem que ver com o ser ou não inteligente. A maturidade ganha-se com a idade e é também com a idade que ganhamos a forma de saber responder aos desafios do quotidiano.
Numa troca de ideias, ou memso numa discussão, ao contrário do que escreve o Samuel, a derrota intelectual não está presente, nem é um propósito em si. Quando ainda novos, somos levados a pensar que tudo temos que fazer para impor, aos outros, a nossa opinião, derrotá-los intelectualmente, como afirma o Samuel. Mas vai ver que não, Samuel. É muito mais gratificante expormos as nossas ideias, ouvirmos as dos outros, mesmo contrárias às nossas, e com isso adquirirmos conhecimento, demonstrando maturidade e com isso ficando mais sábios.
No post acima, por exemplo, o Samuel demonstra alguma imaturidade, o que é normal, quando generaliza e deprecia os portugueses, acusando-os do tal "respeitinho". Não é tipico dos portugueses esse tal respeitinho que o Samuel fala, é tipico sim de pessoas mal formadas e essas há-as em todos os paises. Como irá aprender ao longo da vida, as generalizações nunca são um bom caminho. Podem parecer um bom argumento mas facilmente quem as produz é "apanhado na curva". O que o Samuel está a fazer com este post, e depreendo que o faça precisamente pela sua pouca idade, é um exercicio de esperteza, isto é, lança uma atoarda para o ar, generaliza, no sentido de ganhar apoio fácil e entra, acredito sem o querer, em demagogias. As bases académicas são importantissimas, mas nunca, por nunca, descure a experiência que lhe trazem os anos de vida. Por exemplo, se conseguir por de lado divergências ideológicas, e acredito que o consiga, leia a crónica de ontem do Ferreira Fernandes no DN. Aquela crónica nunca seria escrita por uma pessoa nova, pois para escrever o que FF escreve, como o escreve, só mesmo depois de ter vivido.
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De Samuel de Paiva Pires a 29.03.2012 às 10:45

Enfiou a carapuça, foi? ImageTanto paternalismo, lugar-comum e inferências e generalizações erradas sobre alguém que não conhece ainda lhe pode fazer mal...
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De xico a 29.03.2012 às 12:31

Se a velhice não deve ser um posto, para além da sabedoria acumulada, também a arrogância não devia ser argumento numa discussão. Se alguém inferiu sobre si algo que não devia, numa discussão cabe-lhe esclarecer. O argumento insolente é também sinal de derrota. Não será? Pelo menos da educação. Se for novo, só o paternalismo e a sabedoria do mais velho lhe pode perdoar, se for velho não tem perdão.
Quanto a generalizações, o seu post está cheio delas.
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De Samuel de Paiva Pires a 29.03.2012 às 12:43

Logo agora que eu tinha concordado consigo, sai-se com uma coisa destas. Cabe-me esclarecer,porquê? Não sou responsável pela estupidez e interpretação errada dos outros. Só me cabe esclarecer se eu quiser e achar que isso pode ser frutífero, o que normalmente só acontece com quem respeito intelectualmente. Não faria  mais nada da vida se tivesse que esclarecer todas as interpretações erradas daquilo que penso e escrevo, especialmente quando isso vem de insuficiências (as tais leituras...) que não me cabem a mim suprir em terceiros (nem poderia).

Quanto a generalizações, as leituras ajudam a perceber uma coisa, sabe? Que não há Ciências Sociais sem generalizações. E que estas são explicações de princípio, aproximações e não imagens totais da realidade social. Mas generalizar sobre um indivíduo em concreto, avaliando-o sem o conhecermos, é muito diferente de generalizar sobre comportamentos generalizados e tendências de vários indivíduos que se verificam numa realidade social. E normalmente dá asneira e aquilo que na psicologia se chama projecção... E eu não tenho paciência para quem pugna por esse "coscuvilheirismo", nem tenho que esclarecer seja o que for sobre tiradas que dizem mais de quem as profere do que do alvo das mesmas.

Chame-lhe o que quiser, mas se quer mesmo saber o que penso da insolência ou arrogância, e ainda no sentido do que acima escrevi, aqui tem: http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1692145.html
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De xico a 29.03.2012 às 17:12

Li com cuidado a sua ligação. Fiquei esclarecido. Se alguma coisa posso recomendar-lhe, permita-me que seja Platão, já que não atrevo os Evangelhos. Mas continue a ler Maugham, principalmente os contos.
A vaidade é uma virtude? Lá saberá Wilde. Para mim é dos pecados capitais o mais difícil de escapar. Mesmo quando somos virtuosos dificilmente conseguimos fugir à vaidade.
A fazer de árbitro não se esqueça de jogar de vez em quando, para que possa aprender alguma coisa com a sua própria passagem no campo e tornar-se sábio na velhice. Todos lembram Ronaldo e o que faz, mas ninguém se lembra do árbitro que lhe marca as faltas.
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De xico a 29.03.2012 às 17:14

E lembre-se de uma coisa, dita por um velho que aprendeu num momento difícil. Não vale a pena perder um amigo só poque se tem razão.
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De Samuel de Paiva Pires a 29.03.2012 às 17:25

Agradeço as recomendações. Por acaso a Bílbia e Platão estão na minha lista de leitura. E lerei em breve o De Senectute. E claro que sim, na amizade, tal como no amor, a razão pouco importa. Pode ser que, como diz aquele lugar-comum, "com a idade isto passe."
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De Tiago C a 29.03.2012 às 12:51

Se quer continuar com essa postura infantil e arrogante, pois que continue, a casa é sua. Passe bem.
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De Samuel de Paiva Pires a 29.03.2012 às 12:51

Se lhe aprouver, deixo-lhe a mesma recomendação que ao Xico: http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1692145.html
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De xico a 29.03.2012 às 12:25

O argumento do respeitinho é sempre trágico. A velhice devia ser sinónimo de sabedoria e os novos deviam procurâ-la e reconhecê-la nos velhos, se a tiverem.
A sabedoria provém da experiência acumulada e aos velhos custa ver os novos repetirem os mesmos erros que fizeram. Umas vezes por medo de os ver tropeçar, outras vezes com medo que eles ultrapassem as dificuldades onde eles soçobraram.
De resto a humildade é sempre uma virtude a cultivar, tanto por novos como por velhos. E ler. Muito. Dado o tema, permita-se uma recomendação: Da velhice de Cícero! Outro velho e sábio.
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De Samuel de Paiva Pires a 29.03.2012 às 12:34

Nem mais. O problema é quando os novos lêem muito mais que os velhos e estes se tentam valer da idade, que não é argumento algum para validar qualquer ideia num debate intelectual. A inteligência e a sabedoria não dependem automaticamente da idade, isto é, não há uma relação ou uma condição que garanta que a idade é sinónimo de inteligência ou sabedoria. Não nego que a idade traz vantagens inegáveis do ponto de vista da reflexão e ponderação. Mas não confere um critério de verdade objectivo e irrefutável que sirva para validar qualquer ideia ou teoria.
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De tomas a 29.03.2012 às 21:19

A experiência consiste em conclusões tiradas de estudos estatísticos com o rigor que nos apetecer dar-lhes na altura, o que significa que para uns terá melhores resultados, para outros terá piores, e na ausência de método terá uma grande variabilidade mesmo para a mesma pessoa em diferentes situações. No entanto todas estas conclusões partilham um ponto comum: nenhuma delas foi fundamentada em argumentos racionais. Alguém com uma boa ginástica intelectual e muito tempo nas mãos pode posteriormente formular uma explicação lógica, mas a veracidade da conclusão não depende dessa explicação - algo que é verdade é verdade independentemente de alguém ter uma explicação para isso ou não, as maçãs não ficavam suspensas no ar antes de haver quem desse uma explicação racional para elas caírem.

O acto de se invocar o argumento da experiência numa discussão pressupõe que o objecto da discussão é decidir sobre a verdade do assunto em causa, e não fazer um showcase do catálogo outono-inverno de factos e argumentos relativos ao tema. Quando o objecto da discussão é "derrotar intelectualmente" o "adversário", a verdade passa a ser um espectador inocente prestes a levar com o carro de corrida desgovernado e só interessa o jogo de rebater argumentos segundo as regras da lógica. Nesta configuração o debate dura até um dos oponentes exaurir a sua reserva de factos e argumentos e a sua capacidade de adequar argumentos novos de improviso às circunstâncias. De certa forma é um esgrimir de pilas enciclopédicas, muito comum nos círculos académicos. O facto de os intervenientes no seu hubris normalmente equivalerem a victória à determinação da verdade e à "possessão da razão" é uma das principais fontes de hostilidade da população em geral para com os académicos/intelectuais, que os académicos/intelectuais tendem - coerentemente - a confundir com inveja.

Depois de muitas conversas de café umas com pessoas mal informadas, outras comigo a falar de coisas que pouco conheço (porque ser parvo até é giro), a conclusão hilariante a que cheguei é que argumentos racionais nada provam. São a forma menos ineficaz que conheço para aproximar verdades, mas imputar-lhes certeza é cair na cilada do dogma religioso.

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