Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Toda esta enxurrada de novidades acerca das trocas e baldrocas banqueiras, parece ter vindo mesmo a calhar. Em referência a 2009, as organizações internacionais atribuem previsões nada positivas para o desempenho da nossa economia e ainda não decorreu qualquer mesa redonda, face-a-face, prós e contras ou outras iniciativas do género, contemplando uma abordagem séria aos problemas que se avizinham e que não são de fácil resolução. A cacofónica guerrinha suicida entre os rotativos e as correspondentes correias de transmissão mediática, remetem-nos logo para uma espécie de Batalha da Jutlândia, onde em hábeis manobras, os contratorpedeiros posicionavam-se a favor do vento, lançavam cortinas de fumo e permitiam aos dreadnought's uma melhor disposição na linha de batalha, para numa mortífera bordada, esmagar o adversário. Tal e qual.
Apenas uma nota: no meio desta melée de couraçados pesados, estamos nós, os barquitos com os pescadores do costume. Pescadores à linha, porque as redes já se foram há muito!
A crise financeira internacional tem obrigado a bailout plans e nacionalizações para permitir injectar liquidez nos mercados, incentivar o consumo e evitar falências de instituições bancárias e financeiras com muito peso nas respectivas sociedades, primordiais para a sustentabilidade económico-financeira das famílias, empresas e respectivo Estado. Em Portugal a crise veio mesmo a jeito para nacionalizar um banco que as elites políticas sabiam ser perpassado por trocas de favores, corrupção e gestão danosa há já vários anos, até porque grande parte dos indivíduos envolvidos nessas "brincadeiras" faz parte dessas elites, e agora está-se a desencantar um plano para salvar o Banco Privado Português, que gere apenas fortunas milionárias. Mas o dislate e o descaramento destes politiqueiros da terceira república não tem limite?
Estou, finalmente, depois de já muitas vezes o ter prometido, a preparar um longo post, que ainda vai demorar uns dias, sobre o Fascismo. Vão aguardando...
Para os mais distraídos, Marx e Lenine foram dois burgueses que viveram nos séculos XIX e XX respectivamente. O primeiro escreveu, entre outras obras, o Manifesto do Partido Comunista, um livro dividido em quatro pequenos capítulos: “Burgueses e proletários”, “Proletários e Comunistas”,”Literatura Socialista e Comunista” e “Posição dos comunistas para com os diversos partidos oposicionistas”. O segundo foi um exilado na Suíça, que aquando da revolução de Fevereiro de 1917, voltou para a pátria mãe para poder assistir de perto a uma demonstração de artilharia medieval.
Pegando no I Capitulo do Manifesto de Marx e Engels, ficamos a perceber que livres e escravos, barões e servos, proletários e burgueses são afinal dois extremos imutáveis cuja relação seria sempre hostil. No caso de Barões e servos e em alturas de escravidão, ainda podemos perceber que o ambiente era hostil (muitas vezes os senhores não pediam por favor no fim de ordenarem seja o que for) … No caso dos séculos XX e XXI acho que é grotesco pensar que há uma barreira tão grande entre “povo” e a “burguesia” nas sociedades ocidentais, quem o afirme só o poderá fazer legitimamente se enquadrar num destes padrões: o desconhecimento da raspadinha (principal meio de ascensão em sociedades ocidentais, ao alcance de um proletário cuja fábrica ou oficina tenha nas proximidades um quiosque) ou então viciou-se no filme “Coreia do Norte, jornadas de uma democracia”.
No seu grande rol de intervenções, Marx afirmou em 1884 que a religião é o ópio do povo. Quanto a esta afirmação devemos dar o desconto ao senhor alemão; se ele fosse a uma quinta à noite ao Bairro Alto, perceberia certamente que o ópio é o ópio do povo. Voltando agora a coisas sérias, Bernardino Soares é um político… (peço desculpa). Apesar do que disse anteriormente, acho que algum crédito deve ser dado a diversos políticos comunistas como Estaline; citando Diácono Remédios “Este Estaline apesar de todos os defeitos de ser comunista, tinha o seu lado bom pois aniquilou muitos dos seus colaboradores comunistas” para além disso tinha uma posição democrática em relação aos seus opositores, como podemos verificar no caso Trotsky, que lamentavelmente morreu durante o período de férias de Natal no México (Ironia).
Lenine foi sem dúvida um governante fiel aos ideais marxistas, tendo a sua primeira grande medida uma Nova Política Económica, que assentava no desenvolvimento da Indústria, de uma forma capitalista (visto que o capitalismo não era assim tão mau como diziam), explica a NEP como sendo uma medida que nos faz dar um passo atrás para dar dois à frente, a intenção era boa, mas infelizmente Lenine tropeçou com esta história dos passos e Estaline resolveu substituir esta política pelos planos quinquenais, o que agradou bastante às populações mobilizadas (Ironia).
Houve uma coisa que Marx, Lenine e todos os outros se esqueceram de referir; a corrupção não é algo exclusivo das “classes superiores”, todo o homem que se vê com tamanho poder rara ou dificilmente se desprende do mesmo, daí o mal das ditaduras, não têm um prazo definido nem uma obrigatoriedade ideológica ou política.
Não querendo difamar ou chacotear o sentimento e ideais comunistas (que respeito tal como qualquer pensamento livre), penso ser mais que óbvio que olhar a história de um lado sem conhecer os outros, nos faz ter uma visão errónea da realidade do mundo. Enquanto pensadores livres não nos podemos limitar a ouvir a história dos três porquinhos contada pelos pobres cujas casas foram sopradas.
Muito a propósito do último post do Samuel, chega a notícia da visita de Medvedev a Caracas. Coincide com a realização de manobras conjuntas entre russos e venezuelanos, numa aparente demonstração de um "render da guarda" da hegemonia no Caribe.
Sendo a Rússia uma potência absolutamente distinta da defunta URSS, iniciativas deste tipo apenas poderão ter como explicação, um bastante tímido levantar da voz, nitidamente dirigido à próxima administração norte-americana. O espaço vital outrora ocupado pelos soviéticos, deixou de existir e desde Pedro o Grande, a Rússia jamais conhecera um período de um tal recuo das suas fronteiras, mesmo aquelas onde apenas exercia uma forte influência política.
Toda a Europa central e oriental integrou a UE e a totalidade dos antigos Estados satélites, participam na OTAN, sendo precisamente aqueles que manifestam maior identidade com as posições da política externa norte-americana. Na Ásia central, a Rússia perdeu o contacto directo com todos os países banhados pelas quentes águas do Índico, região onde uma vez mais, o antigo super-rival se instalou com bases militares, penetrando também no sector económico. A recente confirmação do secretário de Estado da defesa dos EUA - que transita da administração Bush para a de Obama -, é um claro indício, de que apesar de uma certa dose de reformulação, a política global promovida por Washington, não sofrerá radical alteração. Acima de tudo, estão os interesses da superpotência económica.
A Venezuela e Cuba, tornam-se assim, meras curiosidades que confirmam a marginalidade de uma política destinada apenas a pressionar quem verdadeiramente interessa, até porque no caso de Caracas, a economia depende fortemente da exportação de produtos petrolíferos para os EUA. O aumento das importações noutros pontos do globo, seguido de uma brusca redução na compra de crude, deixaria o regime de Chávez numa situação periclitante , senão insolúvel. Sob o ponto de vista militar, a máquina de guerra russa não pode competir directamente com a sua congénere americana e isto, em todos os sectores, desde as forças terrestres, à aviação e principalmente, à marinha. O factor territorial, hoje com linhas muito mais recuadas que aquelas obtidas em 1945, consiste num aspecto essencial a que a estratégia do Kremlin se conforma.
Tal como há um século, a Rússia dos nossos dias, é um gigante a quem alguém aperta fortemente as narinas, não o deixando respirar. Uma simples consulta ao mapa, confirma a suposição ou a caricatura.
Até já.
O Chefe do Estado dos republicanos, declarou hoje ter recebido plenas garantias do seu dilecto amigo dr. Loureiro. Desta forma, sublinhou ainda que não tem qualquer razão para duvidar da palavra dada. A atitude fica-lhe bem, pois demonstra constância na fidelidade a uma velha amizade de décadas. Mas o problema é outro e diz respeito à conveniência e ao que se chama "interesse de Estado".
Numa normal democracia europeia, a razão de Estado impõe-se sempre aos apetites, amuos ou rígidas intansigências do fulanismo político-económico, mesmo que em causa esteja o nome de um familiar, confrade político ou amigo dilecto. Parece que o dr. Cavaco Silva ainda não discerniu correctamente o amontoado de suposições, certezas e factos - verosímeis ou não - que teceram este confuso processo. O que é aparente, é toda esta sordidez demonstrada à opinião pública, atónita com brutais enriquecimentos sem explicação, impunidade na ilegalidade e completo desrespeito pelas mínimas regras de decência que é devida a depositantes, investidores e contribuintes. A imagem, embora ainda pouco nítida, é feia e os agentes responsáveis pelas instituições que tutelam o sector em questão, não têm convencido a opinião pública.
Até a este preciso momento, não existe qualquer razão sólida para duvidar a priori da palavra de honra do visado dos últimos dias. No entanto, estando supostamente a decorrer uma investigação, o dr. Loureiro não pode dar a Portugal, a péssima imagem de quem pretende resguardar-se de qualquer eventualidade, garantindo o seu lugar no C. E.
O dr. Cavaco Silva precipitou-se uma vez mais, fazendo-nos recordar outras solidariedades - bastante respeitáveis no plano pessoal, mas cujos beneficiários atiraram o país para a actual situação de exaustão moral - de há cerca de duas décadas. Hoje ocupa a posição cimeira do regime e assim, só nos resta cruzar os dedos e pedir ao Todo Poderoso para que as republicanas certezas vinguem.
Apenas uma questão: se, por absurdo, a credulidade do dr. Cavaco Silva não se confirmar no plano dos factos e da Lei, qual será a sua atitude política? É que erros desta dimensão têm consequências absolutamente piramidais. Aguardemos.
Yehudi Menhuin toca Brahms: Dança Húngara nº 4
o mínimo de credibilidade moral», diz António José Saraiva.
Há 33 anos, no dia correspondente ao de hoje, alguns homens devolveram-nos a esperança, ao livrarem-nos da maior e mais negra das ameaças, e como tal o festejamos, mas bem depressa o alento então insuflado se desvaneceria, até chegarmos ao estado amoral em que nos encontramos.
(artigo originalmente publicado no Pacta Sunt Servanda, Jornal do Núcleo de Relações Internacionais do ISCSP, edição especial das XVIII Jornadas de Relações Internacionais)
O multilateralismo será provavelmente a face mais visível das Relações Internacionais, em especial da diplomacia e das práticas diplomáticas, na actualidade. Comecemos no entanto por contextualizar brevemente a diplomacia e o bilateralismo para podermos entender o que é o multilateralismo.
Tradicionalmente a diplomacia pode ser considerada, de acordo com Calvet de Magalhães, como “um instrumento da política externa, para o estabelecimento e desenvolvimento dos contactos pacíficos entre os governos de diferentes Estados, pelo emprego de intermediários, mutuamente reconhecidos pelas respectivas partes". Embora algo restrita, esta definição é particularmente útil para considerarmos o conceito de bilateralismo, enquanto forma tradicional de condução das relações estado a estado, isto é, entre apenas dois estados, cuja importância na actualidade é menor do que no passado mas que continua a representar a mais tradicional prática diplomática.
Poderemos então definir simplisticamente o multilateralismo como uma forma de condução de relações entre três ou mais estados. Mas do ponto de vista teórico, o multilateralismo é, num contexto mais alargado, uma forma de cooperação entre vários estados para dar resposta a problemáticas específicas que, historicamente, encontra aplicação prática primeiramente no processo negocial da Paz de Westphalia, alcançada sob o inovador sistema de diplomacia colectiva, multilateral ou de conferência. A mais importante aplicação prática dos Tratados de Munster e Osnabruck de 1648 seria o sistema de multilateral de equilíbrio por via da, ainda por consagrar, balança de poderes, como forma de inviabilizar qualquer eventual poder hegemónico europeu.
Posteriormente, após a Revolução Francesa e a epopeia protagonizada por Napoleão Bonaparte, os estados europeus viram-se na eminência de refundar e reforçar o sistema internacional vigente. Reunidas as principais potências europeias no Congresso de Viena, o principal objectivo era o garantir um sistema de gestão do equilibro de poderes, alcançado pela consagração da chamada balança de poderes. Através do Concerto Europeu instituiu-se uma forma de consulta entre as diversas potências, e através da Santa Aliança, isto é, um sistema de segurança colectiva constituído pela Prússia, Rússia, Áustria, Grã-Bretanha e França, evitava-se que qualquer poder hegemónico surgisse, intervindo-se militarmente em caso de ameaça à ordem estabelecida.
As Conferências de Haia de 1899 e 1907 sobre a solução pacífica de conflitos internacionais, prenunciam a instituição de uma série de mecanismos que viriam a ser consagrados no Direito Internacional Público como a mediação, conciliação ou arbitragem, e marcam o último grande momento da diplomacia multilateral antes da I Guerra Mundial, conflito originado em certa parte em virtude de uma engrenagem complexa proporcionada pela diplomacia secreta, especialmente no que concerne a tratados de aliança, o que Woodrow Wilson aponta nos famosos “14 Pontos de Wilson”.
Após a I Guerra Mundial, com o Tratado de Versailles institui-se a Sociedade das Nações, cujo Pacto, em conjunto com a posterior Carta das Nações Unidas e os diversos mecanismos de resolução pacífica dos conflitos, consagram, de acordo com o Professor Victor Marques dos Santos, a diplomacia multilateral como “instrumento permanente do relacionamento político”.
No pós-II Guerra Mundial, a Ordem de Ialta institui uma nova lógica de Santa Aliança, desta feita sob a égide do Conselho de Segurança das Nações Unidas, relegado para segundo plano durante a Guerra Fria, período em que os dois pólos do sistema se materializaram em alianças político-militares, a NATO e o Pacto de Varsóvia.
Com a Queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, a segurança deixa paulatinamente de ser o tema central da agenda internacional, que, de então a esta parte, tem sido perpassada por uma enorme diversificação das temáticas e problemáticas cujas respostas são exigidas aos actores estatais. Por outro lado, a tendência acentuada do fenómeno da globalização provocou uma fragmentação das economias nacionais que tem vindo a obrigar a um reagrupamento dos estados sob espaços e fenómenos de governação que encontram aplicação prática nos conceitos de cooperação, regionalismo e integração, as três formas mais comuns de multilateralismo na actualidade.
Para finalizar, de tudo o acima exposto podemos concluir que o multilateralismo é um fenómeno inevitável na lógica de condução das relações entre estados no sistema internacional actual, fruto de um processo histórico que gradualmente acentuou a falta de capacidade dos estados para individualmente dar resposta a problemáticas diversas, impelindo-os a cooperar com vista a dar respostas colectivas a essas problemáticas comuns, o que, na prática, se reflecte na instituição de diversas organizações e fora internacionais nos mais diversos âmbitos e na instituição e adopção de políticas e instrumentos comuns.
O novíssimo blog dos amigos João Távora e Paulo Cunha Porto, entre outros ilustres bloguistas, Risco Contínuo! É um dia se sol este na blogosfera lusa!
Rachmaninov toca Rachmaninov: concerto para piano nº 2
Rachmaninov toca Rachmaninov: concerto para piano nº 3
Diz, muito bem, o Nuno.
O novo blogue, em que, entre outros, escrevem João Távora, Paulo Cunha Porto e Duarte Calvão.
Bem-vindos!
verde outra vez, naquele renovar que todos os anos testemunhava, mais ou menos por esta altura, apeteceu-lhe embrenhar-se nele, sentar-se na erva, desfrutar do sol que não haveria de durar muito.
Pensou então na secretária cheia de papéis: que não, não seria sensato.
" A sensatez, sempre ela! Amanhã dou-lhe uma folga ", prometeu-se.