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(fotografia por Pedro Azevedo picada daqui)
Esta fotografia que no ABC do PPM tinha como título "Não é Alegre", tem uma outra característica a meu ver bem mais interessante: a citação de Jorge Sampaio. Diz o ex-Presidente da República que "A Democracia e o PS são indissociáveis. Até os nossos adversários o sabem mesmo quando pretendem esquecê-lo".
Isto é de uma perigosidade atroz. Claro que todos temos conhecimento do importantíssimo papel desempenhado pelo Partido Socialista na transição democrática em Portugal. Mas tomemos em particular atenção os últimos 14, quase 15 anos de governação em Portugal. Como aponta Nuno Gouveia, Desde 1995 o PS apenas não esteve no poder durante três anos. Mas ainda querem que os portugueses acreditem que o PS é a força da mudança.
Ora se assim poderemos retirar uma conclusão lógica considerando o passado recente: O PS é indissociável da má qualidade e degenerescência cada vez mais visível da democracia portuguesa. Ainda assim, parece haver um enorme autismo (nunca me canso de repetir isto, desculpem lá bater no ceguinho) entre os dirigentes socialistas. Tenho no entanto dúvidas se esse autismo será verdadeiramente patológico ou intencional, mas o que é certo é que José Sócrates tem vindo a clamar pelo alegado resgate da democracia portuguesa, enquanto é genericamente sabido que a retórica de legitimação do PS passa muito pelo velhinho argumento da luta anti-fascista e pelo papel na transição democrática.
Dizia eu que isto é de uma perigosidade atroz porque a democracia não pode ser de ninguém e tem de ser de todos. Não pode ser apenas de um partido, e talvez seja por isso que os adversários do PS tentam esquecer esse argumento que é, diga-se de passagem, cada vez mais revelador de um certo mau gosto da retórica socialista.
Este argumento tem permitido gigantescas operações de engenharia social, já para não falar de fenómenos como o aumento da corrupção e o descrédito acentuado no sistema de justiça que não têm solução à vista. Tudo porque o PS é o "dono" da democracia em Portugal, e por isso tudo pode fazer porque é sempre em nome da democracia, mesmo que na prática a sua governação seja responsável precisamente pela degenerescência dessa e representativa de uma certa intromisão na esfera privada dos cidadãos e repressão de pensamentos divergentes nas esferas pública, política e partidária, elementos que correspondem à liberdade de expressão, característica central de qualquer democracia que se possa orgulhar de ser portadora do epíteto de liberal.
Estamos cada vez mais reféns dos que se dizem "democratas" quando na prática o são muito menos do que muitos daqueles que acusam de ser "fássistas", "comunas" (sim porque a maior parte dos que se dizem comunistas nem sequer leram qualquer dos seus alegados "ídolos" e só têm uma visão distorcida da história, não sabendo por isso que a prática real do comunismo é incompatível com o conceito de democracia), "neo-liberais" ou outros quejandos epítetos. Isto é demasiado perigoso, é o que tem permitido que a democracia electiva, iliberal e/ou de cariz autoritário tenha vindo a conquistar diversos países, veja-se o caso da democracia populista venezuelana.
E sendo assim, concluo apenas com uma frase do Henrique Burnay:
Em primeiro lugar, ao colectivo d'O Insurgente pelo seu 4.º aniversário. Nunca me canso de repetir foram os primeiros a efectuar uma ligação para o Estado Sentido, quando ainda era escrito a apenas duas mãos, e é, portanto, sempre com especial honra que lhes dou os parabéns por esta altura.
Em segundo lugar, parabéns pelo pelo 5.º aniversário do colectivo do Blasfémias, que em conjunto com O Insurgente representam uma das correntes liberais mais combativas da blogosfera lusa.
Que continuem a insurgir-se e a blasfemar, é o que se deseja!
Também a plataforma actual dos blogs do Sapo está de parabéns pelo 3.º aniversário. Aqui fica um sentido abraço a toda a equipa, em especial à Jonas e ao Pedro Neves!
quando, vendo-a a sair de manhã, mal agasalhada, lhe dissera que o Março era o mês de três ventos; rira-se : se tudo estava sereno, se nem uma folha bulia, debaixo daquele céu tão azul, sem que se visse sequer uma nuvem...; não, era o primeiro Domingo do mês, e sabia que iria encontrar o Luís na igreja: queria fazer boa figura, pelo que pusera de lado o xaile que lhe estendia a velhinha preocupada - De blusa, assim , como se já fosse Verão ? Olha que ainda é cedo para essas frescuras, rapariga! -
Agoirenta, a avó, ia pensando pelo caminho, com o sol já firme no seu lugar.
Mas quando a Missa acabou, e,pôs a cara fora da igreja, sentiu na cara o vento frio que entretanto se levantara. Que falta sentiu então do xaile.
grande parte desse mundo maravilhoso encontrava-se por detrás destes muros.- para lá do portão, em cima do Paul, estava a Quinta que nos fazia sonhar: todos nós queríamos um lugar para nos pendurarmos nos seus ferros a fim de vermos a casa linda que estava lá ao fundo da comprida alameda, ladeada de buxos.
E um dia o fascínio tornou-se ainda maior: a cada sábado a mãe mandava-nos lá buscar flores, essas flores de que o caseiro, o senhor Manuel, tão bem tratava- era um gosto olhar aquela imensidão multicolor de dálias, zinas,rosas ou gladíolos.
Nesse dia fora com ele cortar as flores, e detive-me frente a uma pequena casa, no género das do Portugal dos Pequeninos, mas em granito, e que já vislumbrara do portão. Espreitei por uma das janelas, e vi esse bocado de mundo ainda mais maravilhoso do que aquele que estava cá fora: fogão, armários, tachos, tudo em miniatura, e no meio de tudo isto, uma mesa rodeada de cadeiras, em que estavam sentadas, a tomar chá de requintadas xícaras, quatro bonecas.
" É da menina de Lisboa ", disse o senhor Manuel...
(*roubando apenas por hoje a rubrica da Cristina)
Depois de partilhar o vídeo que aqui deixo com uma amiga também apreciadora da cultura brasileira, disse-me ela que enquanto por cá se costuma perguntar "Onde é que estavas quando se deu o 25 de Abril?", os brasileiros preferem perguntar "Onde é que você estava da primeira vez que ouviu Chega de Saudade?", sendo este um dos marcos fundadores da Bossa Nova. Aqui fica, interpretada por Roberto Carlos e Caetano Veloso, a propósito do Cd de comemoração dos 50 anos da Bossa Nova que já aqui referi:
Vai minha tristeza
e diz a ela que
sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
que ela regresse,
porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade,
a realidade é que
sem ela não há paz
Não há beleza
é só tristeza e a melancolia
que não sai de mim,
Não sai de mim,
não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar,
que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar,
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços os abraços hão
de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é prá acabar com esse negócio
de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver sem mim
Vamos deixar desse negócio de viver longe de mim