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“Um Estado que canaliza os dinheiros públicos para uma clique de protegidos, sobrevive através da extorsão de recursos ao povo e trata os cidadãos de forma desigual, já não é um Estado. É uma vergonha.” Paulo Morais, do Blasfémias, na Rádio Renascença.
(imagem picada daqui)
Fiquei a saber pelo Henrique Raposo, que "As autoridades do Paquistão prenderam um norte-americano que confessou estar a tentar entrar no vizinho Afeganistão para localizar e matar Osama bin Laden. Gary Faulkner foi capturado no vale de Brumboret, na fronteira com o Nuristão, Afeganistão, armado com uma faca, uma pistola e óculos de visão nocturna." (in Correio da Manhã)
Se a moda pega, vai ser um fartote! Ainda não consegui parar de rir!
(imagem picada daqui)
Não é por nada, mas esta história toda em torno dos feriados já chateia. Não há nada mais importante para discutir? O défice, a dívida externa, por exemplo. O verdadeiro problema não é a existência de feriados a mais ou a menos. O verdadeiro problema do país é o mesmo desde há 900 anos: falta de produtividade. A juntar a outro relativamente mais recente: Estado a mais. Podíamos não ter feriado algum, nem férias, que mesmo assim não conseguiríamos pagar o despesismo estatal. E não é a cortar em feriados que se vai aumentar a produtividade. Essa passa pela mudança de mentalidades, por maior liberdade económica e, por conseguinte, menor peso do Estado na economia e no bolso dos trabalhadores e empresas.
A única razão por que se discute esta questão é apenas para continuar a manter um Estado que promove a desigualdade em favor dos bolsos de milhares de "boys" e funcionários públicos que pouco ou nada fazem para além de serem fantoches de jogos eleitoralistas dos primeiros - aliás, não é por acaso que a proposta vem da bancada socialista. Porque, perguntem a qualquer pequeno ou médio empresário, não há horários, feriados ou fins-de-semana quando se tem um negócio próprio. E eu sei do que falo, pois exemplos de pequenas empresas na família não me faltam.
Deixem-se desta discussão de um fait-divers e lembrem-se do essencial: reduzir o Estado e aumentar a produtividade (do sector público principalmente, que o privado está cada vez mais desmoralizado e em crise pelo agravamento de impostos com o objectivo de pagar as asneiras dos (des)governantes - e a concorrência que gera aumentos de produtividade no sector privado também só se consegue num ambiente em que os impostos não penalizam demasiado as empresas). Pelo caminho, concentrar os esforços do Estado naquelas que devem ser as suas tarefas primordiais - saúde, educação, segurança e justiça -, também não era mal pensado.
Ao Nonas fui buscar este premonitório, porque escrito no longínquo ano de 1976, poema de António Manuel Couto Viana
« Portugal »
Este mendigo, outrora, era um menino d`oiro,
Teve um Império seu, mas deixou-se roubar.
Hoje, não sabe já se é castelhano ou moiro
E vai às praias ver se ainda lhe resta o mar!
* Nem de propósito, acabo de ler o artigo de José Manuel Fernandes "a-loucura-suicidária-do-mais-europa ".
Quando ouvi a notícia da sua morte fiquei apático. Veio-me à memória a única vez que estive na presença do escritor. Dele li apenas a sua última obra, Caim, colocando-a em contraste com o mais recente livro de Dan Brown. Talvez venha a ler outras. Politicamente, discordo em tudo. Literariamente, reconheço que o mundo perdeu um grande génio, de reconhecido mérito internacional - embora o estilo da sua escrita cause em mim aversão. Na hora da sua morte, parece-me que a sua obra perdurará, mantendo a sua memória no etéreo plano dos grandes escritores portugueses e mundiais. Discordo fortemente, contudo, da colocação no Panteão Nacional - a este respeito, ler o Rui Crull Tabosa.
Que descanse em paz.
Decorre em Viseu o XVI Congresso da Causa Real e, à margem deste, a exposição cujo cartaz deixamos em baixo. Ver mais aqui.
"Tanto à maioria como às minorias (partidárias), dominadas pelo objectivo exclusivo de reforçar a sua posição, pouco interessava a vida da nação e o seu destino, e por isso os seus representantes (dos partidos) não eram escolhidos atendendo ás qualidades necessárias para gerir a coisa pública, mas ás posições políticas e ás qualidades que possuissem como combatentes cultivadores da actividade puramente política.
Em ultima análise não representam a nação, porque em primeiro plano colocam os seus interesses e os do seu grupo político".
Explicação oficial para a proibição dos partidos políticos no início do Estado Novo no Decreto-lei nº 24 631 do Ministério do Interior (1935)
Parte I (Período 1928-1940)
Contrariamente ao que muitos pensam, é possível num contexto muito preciso e limitado, tentar escrever uma História contrafactual.
Apoiando-nos num facto "chave" que assumimos que se deu de uma forma diferente da real, construir uma evolução provável dos acontecimentos que tenha um certo grau de fiabilidade.
Trata-se de um exercício interessante que pode levar a conclusões surpreendentes para os menos informados.
Neste caso particular consideremos uma das duas hipóteses seguintes como facto histórico:
-Salazar após ter concluído o seminário decidiu seguir uma carreira eclesiástica (nesse caso muito provavelmente o Cerejeira não tinha sido cardeal, mas o Sr. Oliveira).
-Tendo abandonado o seminário ter-se-ia limitado a ser um conceituado lente (professor) de Direito da Universidade de Coimbra e seu reitor até o momento do seu passamento.
Portanto o que interessa é que em 1928 Salazar não estaria disponível para aceitar o convite que lhe foi feito para o governo na capacidade de ministro das finanças. Parto pois de um principio que é pacifico para a generalidade das pessoas, Salazar foi o Estado Novo e sem ele esse regime político nunca teria sobrevivido. O problema é que (como na altura era do conhecimento geral) Salazar era a única pessoa com um projecto político credível para resolver a situação económica. Razão essa porque o poder que lhe foi atribuído se sobrepunha ao dos demais membros do governo, inclusive ao do Primeiro Ministro que acabou por vir a ser destituído para o manter no governo.
Isto significa que após o golpe militar de 1926, os governos "patrocinados" pelo exercito não conseguiriam congregar apoios dos diversos sectores conservadores e resolver a gravíssima crise económica que levava Portugal rapidamente para a bancarrota (até parece que estamos em 2010). Logo com toda a certeza a contestação nas ruas dos republicanos de esquerda nas suas várias tendências (socialistas, comunistas e anarco-sindicalistas) com o apoio de alguma facção insatisfeita do exercito, acabaria por em pouco tempo voltar a derrubar o poder (lembremo-nos por exemplo do movimento insurrecional do Reviralho que com dificuldade foi vencido por Salazar no final dos anos vinte).
A não constituição do Estado novo torna pois fácil prever a sequência dos acontecimentos nas duas décadas seguintes
Assumamos assim logicamente que durante os anos 30 a vida política nacional mantêm as práticas costumeiras adquiridas após 1910. Continua-se pois a caminhar para a bancarrota (aprofundada pela crise económica internacional de 1929) e com instabilidade política. Sucedem-se mais governos da esquerda republicana, os golpes e contragolpes de Estado mais ou menos sangrentos e a corrupção generalizada.
Esta situação política em Portugal tem importantes consequências em Espanha. Em 1936 a revolta franquista acaba por ser afogada em sangue pelos republicanos dominados pela extrema esquerda (a ajuda soviética a isso conduziu). Os ajustes de contas sucederam-se no país vizinho, mais de 100.000 pessoas (isso no mínimo) ligadas aos sectores católicos conservadores, burguesia e monárquicos (carlistas) são sumáriamente assassinados pela esquerda.
Boa parte senão a totalidade das grandes e médias propriedades agrícolas são nacionalizadas a par da industria. O atribuir de um caracter decisivo ao apoio português aos nacionalistas durante toda a guerra civil, sobretudo nos primeiros meses não é exagero. Visto que os republicanos esmagaram as sublevações nacionalistas na maioria das cidades espanholas, a maior parte das tropas fieis que restavam ao general Franco eram marroquinas, pelo que era essencial o seu transporte do Norte de África para Espanha. Isso por mar era impossível porque a marinha espanhola tinha-se mantido fiel aos republicanos. Quem fez o transporte dos muitos milhares de soldados marroquinos por ponta aérea, foram os alemães com Junkers 52 que voaram da Alemanha directamente para Marrocos com escala num aérodromo no Alentejo onde se reabasteceram. Se Portugal não tivesse permitido isso, a revolta nacionalista estaria condenada á partida. Igualmente todo o tipo de abastecimentos e material de guerra passaram pelo nosso país para suprir as necessidades dos franquistas, não obstante a neutralidade oficial do nosso governo. As principais rádios nacionais (Rádio Clube Português, a Emissora Nacional e a Radio Renascença) aumentaram a suas potências de emissão e áreas de cobertura de forma a difundirem as mensagens políticas dos nacionalistas e incitarem à revolta armada contra os repúblicanos. Um contingente mesmo de voluntários (os Viriatos), com mais de 10000 portugueses, combateu ao lado dos nacionalistas. Isto são só alguns exemplos que mostram a escala do nosso apoio. Portugal constituiu a retaguarda dos revoltosos espanhóis e o nosso apoio em termos políticos e logísticos foi essencial à sua vitoria. Salazar em 1939 após a vitória franquista, afirmou no seu discurso perante a Assembleia Nacional que não importavam os sacrifícios feitos pois tinha sido "escrita mais uma página heroica da nossa História. Não temos nada a pedir, nem contas a apresentar. Vencemos, eis tudo".
Este tudo significa que a neutralidade efectiva ou o provável apoio de um Portugal republicano de tendências esquerdistas ao governo de Madrid em 1936 teria criado uma situação política diametralmente diferente na península ibérica no início da Segunda Guerra Mundial e muito grave para nós na medida que nos colocaria em potencial conflito com a Alemanha nazi.
Uma das implicações que teria a vitória dos republicanos espanhóis na guerra civil era a criação de uma União das Republicas Socialistas Ibéricas que incorporava Portugal (o chamado plano Lusitânia, projecto a que Alvaro Cunhal esteve ligado). Teríamos pois entre 1936 e 1940 experimentado uma forte ingerência política espanhola e soviética que teria conduzido à tomada do poder pelo PCP (mais anarquistas) e a uma ditadura à soviética. A resistência da direita conservadora portuguesa no contexto de uma Espanha comunista teria sido difícil senão impossível não obstante qualquer apoio externo.
Parte II (Período 1940-Actualidade)
Portanto em 1940, após a Alemanha ter derrotado a França e encurralado os ingleses nas suas ilhas, estaria constrangida a conquistar uma península Ibérica com regimes comunistas, aliados da URSS. Isso é compreensível se pensarmos na necessidade de Hitler criar uma retaguarda segura antes de iniciar a invasão da Rússia (criação do espaço vital alemão no leste) e na importância de tomar Gibraltar aos ingleses para controlar a entrada do mar Mediterrâneo. Claro que os exercitos nazis em pouco tempo estariam no controle de Espanha e Portugal. O significado disso é óbvio para todos, extorsão de recursos a troco de nada, trabalho escravo, fuzilamentos ou internamento nos campos de concentração dos mais recalcitrantes, uma metódica caça aos comunistas e aos numerosos portugueses com sangue judeu. Tal como durante as invasões francesas tudo o que eram tesouros artísticos iriam desaparecer e ser agora encaminhados para o Reich (será que o Goering iria gostar da nossa Custódia de Belém?).
Além disso a ausência de um refugio seguro na Europa em guerra, iria impedir que dezenas de milhar de judeus e refugiados políticos em fuga dos nazis conseguisse sobreviver. Calouste Gulbenkian não se teria instalado em Portugal, pelo que a sua Fundação não existiria (o que seria péssimo tendo em linha de conta a sua importância). Caso Aristides Sousa Mendes fosse nosso cônsul (agora de um país sob ocupação alemã), a sua ajuda aos judeus rapidamente o teria levado não a ser exonerado, mas assassinado pela Gestapo. Álvaro Cunhal (que no anos 40 já tinha uma posição importante no PCP), tal como muitos dos seus camaradas poderiam também ter tido um destino bem pior que o da prisão em Peniche ou no Tarrafal.
Após a derrota alemã, Portugal estaria numa situação terrível. Empobrecido por 30 anos de governação republicana e por 5 anos de ocupação e saque nazi. As matérias primas (como o volfrâmio) que tanto ouro nos permitiram acumular, neste contexto diferente teriam partido sem quaisquer contrapartidas (logo nenhumas reservas de ouro teriam sido acumuladas). A destruição das nossas infra-estruturas teria sido generalizada. As instalações portuárias teriam sido duramente bombardeadas pelos aliados para impedir os ataques da marinha alemã aos comboios de navios no Atlântico. O mesmo teria acontecido às nossas vias de comunicação (caminhos de ferro e estradas) que levavam matérias primas essenciais para o esforço de guerra alemão. Os estaleiros navais e poucas instalações industriais seriam inutilizadas. Tudo isto contando que os aliados não desembarcassem cá e não ocorressem grandes combates, ou que a acção da resistência não fosse muito acentuada. 1945 seria pois o ano zero, o momento do inicio da reconstrução de Portugal.
A Democracia após o fim da guerra teria sido reposta, fruto da pressão de americanos e ingleses. Os Açores e a Madeira ocupados pelos aliados durante a guerra, ser-nos-iam devolvidos com excepção da ilha da Terceira que continuaria sob controle militar americano. Nela eles teriam construido uma enorme base aeronaval (a exemplo de Okinawa no Japão), a partir da qual podiam exercer o controle do Atlântico Norte. Como o estado do país tinha tornado inviável a defesa do império colonial, a partir do inicio dos anos 60 todos os territórios ultramarinos passariam por um processo rápido de auto-determinação. Angola seria a primeira colónia a tornar-se independente, fruto da fuga generalizada dos colonos devido ao ataque dos Bakongos ás fazendas do norte do território, a partir do Congo Belga. A guerra colonial sem margem para dúvidas foi um acontecimento histórico dependente da existência do Estado Novo e das suas doutrinas de defesa em quaisquer circunstâncias da integridade territorial do país, um sem o outro não podia ocorrer. O caso de Moçambique é mais complicado de prever. Existiria a possibilidade de ter ocorrido uma independência ao estilo da Rodésia e o novo país devido a factores estratégicos e económicos, ter ficado por mais de uma década como uma espécie de protectorado da África do Sul.
Vulgarmente muitos responsabilizam Salazar pela a fuga nos anos 60 de tanta gente para o estrangeiro devido à pobreza e a guerra colonial. No entanto interrogo-me se ele não tivesse governado quanto mais pessoas não teriam sido obrigadas a sair do país devido aos níveis de pobreza e destruição que teriam sido provocados pela segunda guerra mundial em Portugal e não existindo os recursos financeiros acumulados devido à nossa neutralidade ? (isso apesar da referida não existência da guerra colonial)
Outro aspecto é o do desenvolvimento económico que seria experimentado no período pós 1945. Uma ideia muito divulgada após o 25 de Abril, é a de que o Estado Novo não se preocupou muito com o desenvolvimento económico do país, pois convinha-lhe pois isso não era do seu interesse. Quanto mais estudo o assunto mais extraordinária acho essa ideia, sobretudo tendo em linha de conta o que foi alcançado após o 25 de Abril em circunstâncias mais favoráveis. Pensemos nos caso da indústria nacional que foi em boa medida desmantelada (sendo substituída por outra de origem estrangeira que depende dos nossos baixos salários para se manter) a par dos sectores da pesca e da agricultura. Com Salazar e Caetano, no contexto da reconstrução Europeia, sobretudo após meados dos anos 50 até 1973 o crescimento económico português, apesar da guerra colonial e do isolamento político foi sempre mais elevado que o experimentado após 1974. Oscilou por exemplo no período de 1960 a 1973, entre os 6.88% e os 7.66% ao ano. Nos 5 anos que vão de 1968 a 1973 só o Japão e a Grécia tiveram melhor desempenho do que nós.
Este pequeno exercício de História contrafactual tenta mostrar como todos os acontecimentos estão relacionados entre si e como a alteração de um só pode provocar novas dinâmicas que podem gerar uma realidade totalmente diferente.
Tudo isto leva-me a concluir que sendo inegável que tal como Braudel dizia "os acontecimentos nada mais são do que a expressão de forças que se movem tão lentamente que se tornam invisíveis ao olho humano" (as tais super-estruturas), no entanto é igualmente verdade que muitas vezes as naturezas singulares dos homens (o caracter) que dão expressão aos ditos acontecimentos são responsáveis pelas diferentes formas que assumem. O acaso tem pois também um lugar importante no devir histórico.
Neste caso mais concretamente, Salazar surgiu inserido dentro de um contexto de forças que potenciavam o aparecimento de um ditador conservador de direita, no entanto a forma que esse fenómeno assumiu em Portugal foi determinada pela sua natureza muito particular.
Este o livro que comprei no Verão do ano passado numa feira em Faro: por ele tinham estudado os meus irmãos, e no ano em que entrei para a escola houve uma reforma - não gostei, e este continuou a ser o livro que lia, depois de ter feito pelo outro as cópias que me tinham sido marcadas.
Gostava dos textos ligeiros, dos desenhos, das quadras e dos poemas de Afonso Lopes Vieira.
Este, por exemplo, deliciava-me; e numa altura em que os passarinhos estão por toda a parte, lembrei-me de o ir buscar à estante onde o abandonara no passado Agosto
(imagem tirada daqui)
Peter Singer é, alegadamente, um utilitarista, sendo, inegavelmente, um dos filósofos contemporâneos mais respeitados. Contudo, defender a esterilização da humanidade por via a alcançar a extinção, justificando tal ideia com o facto de as próximas gerações virem ao mundo para sofrer, colocando as questões “Is life worth living? Are the interests of a future child a reason for bringing that child into existence? And is the continuance of our species justifiable in the face of our knowledge that it will certainly bring suffering to innocent future human beings?”, parece-me uma idiotice de quem já chegou a um patamar em que se pode dar ao luxo de dizer o que bem lhe apetecer.
Para mim que, entre as várias influências, tenho uma inspiração randiana, a vida humana é o principal valor. E é inviolável. Creio que para a maioria das correntes filosóficas e religiões se aplica o mesmo princípio. O sofrimento continuará sempre a existir. A dor continuará sempre a existir. Aliás, é parte inegável da vida. Além do mais, é impossível afirmar com toda a certeza que as futuras gerações terão uma pior qualidade de vida que as presentes.
Ironicamente, ou não, Singer revela, nesta posição, aquele que é precisamente o principal problema do utilitarismo. Este, tem por objectivo a procura única e exclusiva da felicidade, por via de decisões racionais e utilitárias que visem maximizar o bem-estar - como se fosse possível eliminar definitivamente o sofrimento e a dor. Isto é impossível de alcançar na sua plenitude. Porque não somos completamente racionais e porque por mais cálculos utilitários que se façam, é praticamente impossível determinar qual a escolha/decisão óptima. O utilitarismo, no seu extremo, leva à estagnação e ao niilismo - é este o seu principal problema. No caso de Singer, à defesa da extinção da humanidade.
Sou obrigado, portanto, a concordar com Wesley Smith:
Não deixa de ser um interessante tema de discussão por estes dias. Mais um a juntar ao relativismo moral que grassa no Ocidente.
A confirmação do que li aqui há uns dias, sobre o afamado estudo que comprovava a superioridade da "parentalidade lésbica":
1. The sample is extremely small: 78 children of lesbian mothers and 93 children in the control group.
2. The sample of lesbian mothers is unlikely to be representative of the general population of lesbians. This is a sample of people who volunteered for the study, not a random sample. The most motivated and high-functioning people are the most likely to volunteer for a politically charged study.
3. The “results” are intrinsically unreliable. The results are nothing but the mothers’ reports of their childrens’ behavior and functioning. There is no cross-checking with objective outcomes, such as actual school achievement or teacher’s reports of behavior problems.
4. The results for the lesbian moms show no difference in any indicator between boys and girls. This is highly unusual, and supports the possibility that the lesbian mothers are under-reporting difficulties.
5. The children of lesbian moms do just as well, whether or not the couple had separated. This too, is highly unusual. Most studies show that children are harmed by disruptions in the parental relationship.
6. This study makes no attempt to control for possibly confounding factors, such as socio-economic status. According to previous reports on this sample of lesbian mothers, 67% were college educated, and the median household income was $85,000. The children’s high functioning could be due to the fact that these lesbian mothers have more resources than the average family.
7. The study does not report on how the control group of 93 children was selected. We have no way of knowing who these 93 children are, or how representative this control group really is.
8. The most detailed part of the study was devoted to showing that any problems the children of lesbians experienced were due to homophobia. But the causal link between the mother’s reports of homophobia and the mother’s reports of aggressiveness could run the opposite way: kids might dislike those who are aggressive, and this dislike could be interpreted as homophobia.
in Logos
Tenho para mim que só as instituições em acentuada degenerescência se agarram a um suposto passado glorioso para, através de processos de socialização dos seus membros, incutirem nestes a ideia de um alegado elitismo ou supremacia sobre outras congéneres. Quem aos sete ventos clama incessantemente determinados princípios e valores é, normalmente, quem mais os viola. E ou o sabe e fá-lo deliberadamente, julgando que consegue enganar todos os outros, ou acredita convictamente no que diz e torna-se, como referia Schumpeter, fatal à própria instituição.
E quando diariamente se assiste à dormência dos próprios membros da instituição, muitos deles calados porque não são livres, porque são servos e dependentes (no seguimento do que me vai ocupar por estes dias), outros acreditando nos amanhãs que cantam das personalizações do poder, o que haverá a fazer contra o agrilhoar das verdadeiras tradições fundacionais dessa instituição?
Talvez porque, também eu, não sou verdadeiramente livre para exprimir e concretizar em termos práticos o que acima escrevo, vai grassando uma revolta interna que consome e desgasta. Este país não é, decididamente, para quem quer dedicar-se à academia ou à política na sua acepção mais nobre. E muito menos para homens livres. Porque se como dizia Pessoa, "O Estado está acima do cidadão, mas o Homem está acima do Estado", então, de mim digo e digo-o a todos aqueles que sabem do que falo: já não somos Homens. Somos ratos liderados por ratazanas.
A relação entre liberdade política e liberdade económica, colocando eminentes inspirações socialistas como Rousseau, Marx ou Proudhon em contraposição com Locke, Burke, Stuart Mill, Hayek e Friedman. Dado o meu próprio viés, assumido à partida, afigura-se-me que a resposta à pergunta sobre se é possível haver liberdade política sem liberdade económica estará de acordo com as visões dos segundos. Aceitam-se recomendações e apostas, ainda assim.
Em tempos, não longínquos - embora a saudade de um blogue assim seja grande- um amigo blogger dizia-me que o mal deste país era a partidocracia; invariavelmente dizia-lhe que não era tanto assim - mas, depois de tanto tempo decorrido, de tanta água suja ter passado sob a ponte, não há como negar: essa burocracia que faz do nosso sistema partidário um ninho de casos obscuros e muito, muito, mal explicados, tem tido consequências do mais nefastas que há, sobre o país que raptaram, como se de propriedade privada se tratasse, onde, aí sim, poderiam fazer as malfeitorias que lhes desse na real gana.
Uma coisa, porém, lhe contrapunha, e assim continuo a pensar: a democracia tem chances de sobreviver saudavelmente - falei-lhe em Konrad Adenauer: o povo alemão é muito mais disciplinado? Por natureza. Mas bastava-nos ter políticos a sério " para fazer de um povo fraco um forte povo ". Se já sucedeu isso em Portugal, porque não voltar a acontecer. E esses políticos podem muito bem aparecer em democracia. Políticos fortes que saibam liderar.
Das acusações que alguns dos seus ex-arqui-inimigos e novos arqui-inimigos lhe lançam, os comentários chico-espertinhos "invejam" sempre a disponibilidade de Carlos Santos para as "pesquisas académicas" que o Carlos Santos faz nos arquivos dos antigos blogues nacionais.
Muito pessoal da direita e da esquerda é demasiado cool para ler arquivos, ou sequer para se importar com aquilo que escreveu no passado. O Carlos Santos não pensa assim.
Penso que o que Carlos viu no Simplex e no contacto com aquela gente proporcionou-lhe uma visão da outra barricada que muitos de nós não terá, alguma vez, oportunidade de usufruir.
Sempre vi a desenvoltura financeira e de outros meios que colegas e conhecidos meus das juventudes esquerdistas gozam, especialmente a JS, como algo extremamente aliciante para as cabeças ainda pouco desenvolvidas dos jovens estudantes.
Nunca observei o mesmo - não na mesma escala - para os que militavam na bancada das direitas.
Ultimamente, e essa observação é radicalmente óbvia na última remessa de estudantes de direito da Faculdade do Porto, a presença do Partido Socialista no ideário estudantil, bem como nas comunidades académicas, bem como nos acontecimentos estudantis da Universidade do Porto, aumentou violentamente. A queda próxima do Partido Socialista nas eleições está sustentada por uma alcateia que já se vem formando, de forma enérgica, nas faculdades, por forma a assegurar o futuro do PS.
Este fenómeno acompanha a queda de valores e a desonestidade (intelectual) que vão pululando por estes lados. O PS tornou-se o partido dos empregos, da prosperidade e do sucesso académico/social. É uma decrescente minoria que a enfrenta, e cada vez mais desiludida e desunida.
É claro que vaticinar um futuro negro para a Direita, neste país, através de uma representação pessoal do que se passa na Universidade do Porto é um salto maior que a perna. Mas virá, na minha opinião, ao encontro do que Carlos Santos experienciou no Simplex: um poder propagandístico enorme, uma habilidade de contra-informação despudorada, uma entrega quase total dos sicofantas do Partido à Causa do Partido.
Não terá a direita, neste presente regime, alguma oportunidade de usufruir dos meios da esquerda para o controlo das Massas.
Ainda que nos pareçam exageradas algumas das suas suposições ou investigações, Carlos Santos continua a ser o blogger da direita portuguesa que melhor conhece a esquerda. E digo blogger de direita por causa da casa onde escreve, e porque não me parece que lhe envergonharia essa designação. Só espero que, no dia em que convidem o Carlos Santos para fazer parte de um SimpleX da direita, ele não seja ingénuo - outra vez.