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O "templarismo" maçónico dos nossos dias mantém-se tão ou mais activo que nos dias de glória das sagas pictorescas de Dan Brown.
O fruto dos livros de alguns Moisés, que arranjam templários místicos e brazões judeus por todo o Portugal Templaríssimo, resulta numa geração cujo eminente interesse consiste na descoberta da "frota templária desaparecida" ou do "tesouro templário", que ja foi o Graal, o EuroMilhões e a Monica Belluci.
Depois da crítica de Hobsbawn ao "nacionalismo estético" (expressão retirada do Combustões) , é necessária uma acção organizada dos historiadores contra este tipo de fantasias que só favorecem o mercado das editoras rasca.
O senhor Cavaco Silva foi uma vez mais atrás de D. Manuel II e tal como o rei, viajou até ao Buçaco, para quase incógnito, comemorar discretamente a vitória sobre a "querida França do regime". Bem ao contrário do Desventurado, não foi recebido em delírio pelas populações e muito menos ainda, pelo exército. Sabe-se que o rei terá exclamado após tanto entusiasmo, ...."hoje conquistei o exército!" Pensava ele nos promissores fastos dessa conquista, sem sequer imaginar que uns dias depois, aquelas espadas lustrosas permaneceriam oportunistamente nas bainhas. Pelo contrário, seriam cutelos do talho no qual Portugal se transformaria por muitas décadas.
São assim, os defensores da pátria e das instituições. Estamos habituados. Isto dizemos, para que o senhor Cavaco Silva saiba do país em que se vive. Hoje inaugura festas e para a semana poderá ter de partir à pressa. Nunca se sabe, nem nada está garantido. É a única certeza.
Chegou a Portugal, um senhor que fala em nome da OCDE, mas em claro teatro de ventríloquo do executivo. Presume-se que a visita se deva a um convite do governo português, dado ter discursado ao lado do actual ministro das Finanças, o senhor Teixeira dos Santos. Pelo que as suas palavras deixam transparecer, a informação de que a OCDE dispõe, encontra-se desfasada no tempo, propondo cortes que ainda muito recentemente foram feitos pelo executivo, com o claro patrocínio do residente de Belém. Tudo isto consiste num claro truque de propaganda, pretendendo mostrar que a responsabilidade do "odioso", deverá ser imputada aos que de fora chegam para impor a ordem. A meta parece ser o orçamento para o próximo ano e estranha-se apenas, a ausência do anúncio de qualquer plano a médio prazo, esquecendo-se o que se passará nos anos subsequentes. Servirão estes cortes para 2012, 2013 e seguintes, ou daqui a doze meses estaremos a falar em novas medidas e taxas a pagar pelos contribuintes? Nada fica claro e é nítida esta vontade de fazer esquecer bem depressa as medidas que o governo implementou há escassas semanas. Querem ainda mais, sem que sejam eles próprios, quer dizer, os detentores do poder, a proceder aos cortes que se impõem: nem uma palavra quanto à reforma do aparelho do Estado, onde medram centenas de autarquias oitocentistas, os institutos públicos e as fundações, gabinetes de estudos, contratos adjudicatórios de obras supérfluas - por exemplo, agora está a surgir mais uma auto-estrada na Sobreda de Caparica! -, parcerias sempre lesivas do contribuinte, despesas infalivelmente sumptuárias como obras faraónicas, viaturas à saudita e respectivos condutores, telefones que custam milhares de euros por mês, ajudas de custo, assessores, cartões de crédito e tantas, tantas outras despesas de exaustiva enumeração.
Como seria de esperar, este tipo de notícias não pode passar na imprensa.
"Sim, porque a república fez, em Portugal, toda a gente doutora. Dantes, doutores, a valer, eram só os que tomavam capelo na Universidade de Coimbra. Depois, passaram a ser também doutores os magistrados; em seguida, os médicos; por fim, com a república, tudo são doutores, desde os lentes aos veterinários. Tal qual como no Brasil, segundo refere Eça de Queiroz na Ultima carta de Fradique Mendes, dirigida a Eduardo Prado e publicada nas Ultimas páginas."
Este elucidativo texto de Nuno Rezende, vem bem a propósito da exposição que hoje visitei com o meu amigo Jacques Fieschi. A Cordoaria já teve melhores dias, quando os afazeres marítimos deste país, exigiam a existência de edifícios adequados à manutenção de frotas, fossem elas militares ou comerciais. A exibição propagandística da 1ª República, torna-se deveras surpreendente, consistindo num raro e anacrónico passeio por uma certa vaga de moda escolar que pretendeu fazer da História, um mero instrumento ao serviço de uma oligarquia que mesclava uma inteligentsia omnipotente, com despachantes oficiais encartados em comparsas de ministérios e secretarias públicas. É este precisamente, o caso em questão.
Entra-se num átrio vermelho Ferrari e somos recebidos por uma risonha e gira garota, que ao género das açafatas de bordo, lá nos vai indicando a necessidade de validação dos bilhetes, como se de uma viagem CP se tratasse. Prosseguindo, avisou-nos acerca das saídas de emergência - bem precisas são! - e o incontornável bar/lanchonete que somado à indispensável loja de souvenirs, dá o necessário enquadramento ao espírito comercial que uma acção de propaganda implica. Afinal de contas, algumas das paredes estavam cobertas de cartazes publicitários de produtos há muito desaparecidos no mercado, fossem eles cremes de beleza, ou pastas dentífricas que por "mero acaso" destas coisas - habituem-se às aspas -, são hoje notoriamente comercializadas pela loja, que no Bairro Alto é propriedade da mana Catarina Portas. Business, as usual.
É uma viagem fantástica pela ficção que alterna uma péssima versão dos aspectos mais kitsch - aqui levados ao extremo - do Amarcord, com pretensões revivalistas do suprematismo de Malevich. De facto, os pouco originais textos que poderiam perfeitamente pertencer à cachoeira verbal do Sr. Rosas, devem-se no entanto, segundo se sabe, a um dos seus ersatz de serviço, a doutora Rollo (lê-se Rolo e não "Rolho à espanhola"). É verdadeiramente espantosa, esta aptidão sectorial para a proliferação de colónias que vão erguendo as suas elaboradas construções, onde quer que lhes seja possível. Estando por todo o lado, resta-nos visitar mais uma das suas obras de encomenda. Deve ser o tradicional espírito dos 7% que pertencia ao PRP e a um inglório e burguesíssimo sucedâneo dos nossos tristes dias.
Vê-se que a coisa foi cuidadosamente preparada, destinada a fatigar o público alvo, precisamente aquele que jamais abriu um opúsculo sobre o tema em análise. De facto, após a dantesca visão de um infame e rasca mamarracho que pretende ser uma alegórica estátua à República - uma pétrea mastronça disforme, tosca, de perna curta e a apelar a um necessário Viagra para qualquer eventualidade, o percurso inicia-se com a famosa "ditadura de João Franco", estranho consulado que permitia ao republicanos, todo o tipo de reuniões comicieiras, desacatos da ordem constitucional, insultos soezes ao detentor da Coroa e existência de Centros Republicanos que alastravam como fungos herpéticos em corpo debilitado. Para se proceder a uma breve crítica daquilo que a Cordoaria expõe, poderíamos tudo resumir à palavra aspas. Aspas, porque não existe linha de texto em que as aspas não surjam, desde "povo" até "liberdade", etc, etc e etc e mais um tanto, se possível. As frases surgem carregadas daqueles termos da habitual geringonça da luta de classes e das "contradições" - cá estão umas aspas -, onde a república dos "possidentes" - mais umas aspas -, choca ostensivamente com a rebeldia de um "povo ignorante e obscurantista" - ora tomem lá mais umas quantas -, que logo após o 5 de Outubro, teimava em sair à rua com fome, sem trabalho, descalço e desvairado de paixão "irracional". Enfim, umas bestas que não "compreendiam" uma "revolução" entre aspas. É certo que há sempre uma subliminar atribuição da "culpa" - mais umas aspas - à Igreja e a um torpe "clericalismo" - e mais umas -, que deixou o país exangue, sem rumo. Nem uma linha, um estrebucho de reconhecimento pelo extraordinário período de desenvolvimento legislativo e material que tornou Portugal, num país muito diferente daquele que existira até meados da década de 60 do século XIX: Nada, nem uma obra pública, ou uma menção aos institutos científicos, a abolição da Pena de Morte, o Código Seabra, as novidades literárias, ou o movimento diplomático que garantiu o Império ao qual a república puxaria pelos grilhões do indigenato, por exemplo. Uma omissão fatal que tem retintos laivos de vergonhosa censura, tão ao gosto concentracionário dos bem pagos copistas de serviço para esta ocasião.
Passando rapidamente pelo esgotante percurso, vimos de tudo, desde as óbvias e mal-amanhadas justificações para a infrene violência que devastou a sociedade portuguesa. A hecatombe criou uma maciça onda de verdadeiros refugiados que para sempre deixaram o país para latitudes mais amenas, assim como a miséria que inevitavelmente e tal como hoje bem escutamos telejornal após telejornal, "também se deveu" - cá estão mais aspas - à "conjuntura de crise" internacional, à "guerra", carestia de bens no mercado e claro, está, aos "paivantes" reaccionários e ao "ultramontanismo" que como se sabe, consistiu no mais imediato criacionismo factual republicano. Como sempre, a culpa é do Outro, o infame Outro que tudo impede e estraga.
Esta é, definitivamente, uma exposição que mais fala de "possibilidades" e de hipotéticos ou subjacentes "ses", do que um simples, curto e linear narrar de factos. O que se torna absurda e perfeitamente identificável, é a obsessão pela cartilha habitual e que não engana, onde os termos são pertença exclusiva de um certo sector que os tais louvados republicanos de 1910, não teriam hesitado em eliminar fisicamente, sempre que isso lhes fosse possível. De facto, Rosas, a Sra. Rollo (lê-se Rolo e não Rolho, frise-se bem) e outros, não seriam gente grada aos comparsas dos Formigas, Legionários, Costas e Bernardinos do nosso sofrimento passado e presente.
A I Guerra Mundial não obedeceu ao costumeiro "esquema" - mais umas aspinhas - do inacreditavelmente estafado Soldado Milhões, do Carvalho Araújo e então, supreme architecte oblige, lá se mencionaram muito disfarçadamente, a incúria, desleixo, bandalheira organizacional e incompetência, que ditariam vergonhosas, desnecessárias e esmagadoras derrotas na Flandres, em todo o Norte e Centro de Moçambique e num Sul de Angola, desastres estes que fizeram periclitar a soberania portuguesa no Ultramar. Uns aperitivos lúdicos foram servidos para enquadrar a maçada, com umas fotos da pobreza extrema e o contraste bon-vivant dos desportos da época, feitos "épicos" - mais aspas - que levaram vários aviões sucessivamente pilotados pelos mesmos dois "heróis" - mais aspas -, a um Brasil em euforia. E pouco mais.
Uma nota de cor e outra de ausência da mesma. Toda a exposição é acompanhada por fundos murais que alternam o "verde com o vermelho bandeira" e após uma esgotante caminhada, qualquer espectador pensará encontrar-se sugado para uma visão mais psicadélica de Vasarelli, estonteando a cabeça e definitivamente distraindo uma atenção já difícil de manter. Apesar de tudo, a comissão "enrolladora", não ousou chegar ao ponto de censurar o "salvador da república" que na derradeira sala, surge sentado ao lado de outros membros do governo da Ditadura Nacional, a tal 2ª República que entre aspas, "jamais existiu". De facto e como dizia uma visitante que após duas horas também estava no ponto certo de fritura mental, Salazar surgia como o fatal e necessário desenlace para todo aquele cubismo exponencial de Pladur pintado e verborreia inconsequente de um país habituado à fábula humanóide que teima em erguer bem perto de qualquer um, o seu montículo, seja ele de térmitas, ou mais concretamente e de forma bem visível, a colossal bolinha do escaravelho que já fede.
A sala de descompressão é branca, quase hospitalar, mas riscada por um número inacreditável de palavras de ordem, à guisa de programa jamais cumprido.
Saímos por um infindável corredor cinza, ou branco sujo, provável alegoria ao túnel de luz da Morte que liberta espíritos e cansaços terrenos. Um alívio.
Como me dizia o inveterado esquerdista que é Jacques Fieschi, dá logo vontade de ir a Belém olhar para o róseo retrato da rainha Amélia de Orleães. Para lavar a vista sem recorrer ao Optrex.
Um livro imprescindível Gostei muito de vários que li recentemente, como "Salazar e o Rei (Que Não Foi)", de Fernando Amaro Monteiro, pela análise histórica; ou "Arquitectura |- Escolha ou Fatalidade", de Léon Krier, que dá uma resposta clara aos defensores do "pensamento obrigatório" que só aceitam a arquitetura "modernista" e recusam a memória e a tradição.
Um filme inesquecível "Inês de Portugal", Muito bem realizado e mostra os dois lados do drama de Inês de Castro e D. Pedro. "Kaguemusha", de Kurosava, que aborda a influência portuguesa no Japão. E "Até ao Fim do Mundo", de Wim Wenders.
Um refúgio Açores, uma belíssima paisagem geralmente preservada. Mas também a Madeira, São Tomé e Príncipe e, claro, Sintra.
Um luxo de que não prescinde Dormir tranquilamente, sem ruídos violentos e abusivos que costumam acontecer no verão do Minho ao Algarve! São bem-vindos os galos, os sinos das igrejas sem altifalantes e os sons da natureza.
A viagem da sua vida A que fizemos depois do casamento a Moçambique e a várias ilhas de Cabo Verde, especialmente Boavista.
Atividade preferida nos tempos livres As atividades com os meus filhos, bicicleta, canoagem, etc. E bons filmes e bons livros com os quais se aprenda alguma coisa. Ou que sejam divertidos...
Qual o rei de Portugal de que mais gosta? Talvez D. Dinis... Ou D. João I, que soube aproveitar o génio de D. Nuno Álvares Pereira e, com D. Filipa de Lencastre, preparou os filhos, a Ínclita Geração.
Programa de TV preferido Prefiro não ver, mas alguns debates são indispensáveis, particularmente com o Professor Medina Carreira. Os magníficos programas de história de José Hermano Saraiva.
Um vício Queijadas e requeijão de Serpa, pastéis de Belém (os autênticos, da antiga casa), pastelaria marroquina, ostras numa praia da Guiné, orchata de chufas e gaspacho de amêndoa em Sevilha...
Ver A Q U I
1. Entretanto, este caríssimo inútil vai chamando a atenção à esquerda e à direita, quando há muito poderia ter feito o mesmo. O problema é que quando convinha ao país, não convinha à sua pessoa. Há coisas que não mudam, especialmente tratando-se de assuntos digestivos.
2. O país não precisa do TGV, não quer o TGV, detesta o TGV e desprezará quem lhe impingir o TGV. Desrespeitará aqueles que o trouxerem e todos os outros que tal coisa permitirem.
3. O governo deu um passo acertado, quando suspendeu a aquisição de viaturas de luxo para a frota automóvel das Águas de Portugal. No entanto, deveria estender essa suspensão a todas as frotas automóveis sob a sua tutela directa ou indirecta, pertençam elas aos ministérios, secretarias de Estado, Palácio de Belém, Parlamento, institutos públicos, assessores vários, fundações "privadas" com dinheiros públicos, autarquias, empresas do Estado, etc. Só assim compreenderemos o esforço.
4. Entretanto, nem tudo são más notícias, pois anuncia-se um discurso importante e que focará o que mais importa a todos: a portugalidade e o futuro.
" Por ti, Mousinho, invoco os lugares sagrados desta piquena pátria que adoramos, na grande, a de confins ilimitados "
in « Onde a terra se acaba e o mar começa »
Afonso Lopes Vieira evoca esse Mouzinho herói d'África, que, dentre todos, D. Carlos escolheria para orientar a educação do seu sucessor, o Príncipe Real D. Luís Filipe, o outro martirizado.
O brigue S. João Baptista, em Bangkok (1820)
"Juntamente com Rio Pardo, terminou a carreira de Miguel de Arriaga Brum da Silveira, o célebre Ouvidor de Macau, estratega da recuperação de Portugal no quadro da aliança marítima luso-britânica. Foi um desastre, pois os libertadores, como se auto-proclamavam, fizeram contra Portugal no Oriente mais que a soma de holandeses, franceses, maratas ,omanis e piratas haviam logrado ao longo de séculos."
O relativismo moral e cultural da Modernidade inculcou nas mentes ocidentais o medo da crítica. Evita-se o confronto pois não há estofo para aguentar o conflito. Faltam líderes no Ocidente. E os grandes líderes, dos quais reza a História, nunca foram medricas. "A coragem é a primeira qualidade humana, pois garante todas as outras", já ensinava Aristóteles.
Imaginemos algumas situações que hoje, qualquer bípede julgaria caricata:
1. Estando vivo até uns anos depois de 1974, o governo português convida António Lopes Ribeiro, para a realização de uma mini-série sobre a tomada do poder pelos militares e a consolidação da 2ª República sob a direcção de António de Oliveira Salazar.
2. Em 1955 e decorrida uma década após o desaparecimento do III Reich, a recentemente constituída República Federal da Alemanha, contrata Leni Riefenstahl e Wolfgang Liebeneiner, com o fim de passarem ao cinema, a tomada do poder por parte do NSDAP de Adolfo Hitler.
3. Em 1950, Rossellini é convidado para a execução de um grande documentário laudatório da tomada do poder por Mussolini, apresentando a Marcha sobre Roma como ..."uma imperiosa necessidade, ditada pelo estado de profunda decadência institucional que o país vivia". Teria consistido numa tarefa fácil, nao seguimento da Trilogia Fascista que Rossellini passaria ao celulóide, com La nave bianca (1941), Un pilota ritorna (1942) e o Uomo della croce (1943).
4. Decidindo comemorar o golpe de Estado protagonizado pelo subversivo PRP + Carbonária e respectiva direcção de meia-noite, o governo português incumbe a televisão oficial do Estado, a RTP, para realizar uma mini-série alusiva aos dias 3, 4 e 5 de Outubro de 1910. Muito concretamente, estabelece-se um acordo com as "Produções Fictícias" - melhor nome não podia ser escolhido -, com a supervisão histórico-científica de António Reis, coincidentemente grão-mestre do Grande Oriente Lusitano.
Estas possibilidades parecem-vos simples idiotias? São. Parecem-vos extemporâneas, anacrónicas e abusivas da imparcialidade que o tratamento de temas da História deverá sempre merecer? Evidentemente.
Apenas uma nota: a 4ª hipótese, mais uma "à portuguesa", é verdadeira! Vivemos uma época de todos e mais alguns incríveis, pagos por si, por exemplo. Da próxima vez que tomar um café, pense nos 21% de imposto que desembolsará e para onde irá esse dinheiro.
Bem esperamos para vê-lo de vestimenta maruja e um cachimbo na boca. Já esquecido dos tempos em que betonou Portugal com auto-estradas terrestres, o antigo 1ºministro quer agora promover as auto-estradas marítimas. Em plena comemoração do centenário que lhe garante a subsistência e um retrato na pouco estimável galeria de comensais belenenses, Cavaco repesca a temática que foi apanágio de D. Carlos I e que tantos dissabores causaria ao monarca, atacado pelo vozear republicano. O mar encapelado das finanças e da política nacional, espera por melhores dias e vem agora a maré da dinamização dos portos, adopção de taxas mais consentâneas com o desenvolvimento do comércio e a simplificação da administração.
É verdadeiramente lamentável, que aquilo que para o rei assassinado pelo PRP foi uma evidência, chega agora com mais de um século de atraso e pela boca de quem, apesar de tudo, lhe inaugurou uma estátua em Cascais. Durante anos a fio, assistimos à liquidação da frota de paquetes que sulcavam os mares e mostravam o actual pavilhão nacional, enquanto também iam para abate, os navios da marinha mercante que garantiam o transporte do nosso sustento. Com estupor, ouvimos gente responsável há duas décadas - e que é a mesma que ainda hoje fala -, desenvolver discursos que apontavam para a "inevitabilidade" do estiolar da actividade pesqueira e indústria adjacente, com o consequente abate de centenas de unidades e encerramento ou deslocalização de fábricas de conservas.
Hoje, fazem tudo para contrariar aquilo que pregaram durante tanto tempo: querem regressar a África, estão aflitos e pedem ajuda ao Brasil, olham para o mar que querem reivindicar como um novo Império futuro - sem que para isso ousem imaginar a sua defesa - e subitamente, esquecem o até agora sacrossanto "Espanha, Espanha, Espanha" de perniciosa memória. As eleições estão à porta e urge garantir a reeleição. Para quê e para benefício de quem, é coisa que não se sabe.
Tínhamos um sr. Sampaio que resolveu assumir o legado da rainha D. Amélia, oportunamente "interessando-se" pela luta contra a tuberculose. Pelo que parece e para não lhe ficar atrás, o sr. Cavaco Silva veste a pele do rei D. Carlos e oportunamente "interessa-se" pelo mar. Resta-nos apenas adivinhar, se distingue uma fragata de um petroleiro, ou uma sardinha de um robalo, o tal peixinho que faz as delícias de qualquer bom republicano de renome. Para desfazer as dúvidas, bem podia arranjar um iate oceanográfico - sugerimos o seu baptismo com o nome Mariani I - e fazer algo de útil ao país, justificando os 21 milhões anualmente consumidos: arregace as mangas, pegue nos livros da especialidade e vá à faina.
A Repressão da Imprensa Na 1ª República
Exposição Em Lisboa no Palácio da Independência
04 a 15 De Outubro.
Estará patente no Palácio da Independência, ente o dia 04 e o dia 15 de Outubro a exposição “A Repressão da Imprensa na 1ª República”, organizada pela Plataforma do Centenário da República e com o apoio da Causa Real.
Esta exposição é feita à margem das comemorações oficiais dos cem anos da república portuguesa e também, o que é mais penoso, à margem da investigação oficial sobre os primórdios do regime republicano. Trata-se da exibição dum conjunto de várias dezenas de quadros que evidenciam existência de um sistema repressivo regular e duradouro, mantido ao longo da primeira república. Durante esse período o regime estabeleceu formas imaginativas, directas e eficazes, de impedir o acesso do público aos textos perniciosos ou nefastos ao regime: o uso o assalto, a apreensão, a suspensão, e até a censura sem fundamento legal de jornais ou artigos foi tão frequente e continuado, que no seu conjunto constituiu um sistema repressivo sólido e consistente. A estratégia era a sustentação de um regime que não aceitava a contestação dos seus fundamentos, e uma classe política que não punha em jogo a sua permanência no poder. É esta a tese da presente exposição que assim se opõe à ciência histórica em vigor.
A Plataforma Centenário da República é uma iniciativa de um grupo de cidadãos independentes que, tendo em vista as próximas celebrações dos cem anos sobre a revolução republicana de 5 de Outubro, se reúne para uma abordagem histórica em contraponto às comemorações oficiais.
Istambul, 19 de Setembro de 2010
Cinco vezes por dia os pobres altifalantes instalados no minarete mais alto da mesquita maior de Avcılar resistem aos cânticos do Imã que chama os seus irmãos para mais uma reza. Cinco vezes por dia a cidade pára. Cinco vezes por dia se enchem as ruas de tapetes e se assiste ao ritual da vénia, do ajoelhar, de tocar com a testa no chão. Como se de horas de sono se tratasse, quando termina a cerimónia, vêem-se sorrisos e simpatia entre as gentes.
Apressam-se os pequenos mouros para os autocarros sobrelotados, as portas estão abertas para que mais algum nelas se pendure. Salto em Beşiktaş e falo com meio mundo à procura de um bom sítio para fumar narguilé e çay – “Where are you from my friend?” – “From Portugal, do you know where it is?” – “Quaresma! Quaresma!”. Indicam-me então um pequeno café, bandeiras turcas e o retrato de Mustafa Kemal Atatürk preenchem uma parede cor-cimento. Bebem-se os çay, fuma-se a chicha, diz-se “teşekkür ederim” e volta-se para a rua sobrelotada. Sinto que conseguia voltar para casa guiado pelos cheiros, os tapetes, as simit, os kebabs, os fumos, flores e frutas.
Tudo aqui me cheira a mágico, tudo me cheira diferente.Sentem-se as saudades de um Portugal cada vez mais longe. Mas maior que as saudades é a sede de descobrir mais, de beijar Istambul.
Volto a escrever em breve, um forte abraço para os Conselheiros de Estado e para os Leitores.
Güle Güle!
«E os direitos do homem?
Há ou não há fundamento para comparar a expulsão dos ciganos da Roménia e da Bulgária ordenada por Sarkozy, com o que os nazis fizeram durante a II Guerra Mundial (...) e com as deportações para a Alemanha de 75 000 Judeus (na maior parte sem nacionalidade francesa), de que o regime de Vichy se encarregou por conta do III Reich? Num sentido, não há. Hitler queria exterminar os ciganos (...) e não parece que a Roménia e a Bulgária tencionem tratar da mesma maneira os ciganos que Sarkozy eventualmente "repatriar". Mas, desgraçadamente, isto não torna o episódio um simples caso de emigração ou residência ilegal.
E não torna, porque há outra face em que a política de Sarkozy se aproxima e até às vezes se confunde com a política de Hitler. Não é por acaso que a França resolveu escolher os ciganos como objecto do seu rigor e não escolheu, por exemplo, os portugueses. Os ciganos são uma minoria étnica vulnerável e não têm um Estado que os defenda (...). Promover colectivamente um pequeno grupo de "estranhos", sem protecção, a bode expiatório de uma crise grave e à superfície irresolúvel é uma antiga técnica do populismo, que Sarkozy (como Hitler) não hesitou em usar. Só que, por força, ela estabelece sempre sem exame uma culpa colectiva e aponta ao cidadão comum os "culpados" de um "crime" imaginário.
Qual é o verdadeiro crime dos ciganos? Em primeiro lugar, a "raça" (...). Em segundo lugar, a cultura, que, neste caso, incluiu o nomadismo. E, em terceiro lugar, a recusa de se "integrar" na sociedade francesa, presumindo que existe um único modelo de "sociedade francesa". Ora, como muitas vezes já se verificou, estas três "razões" levam directamente ao ódio e à perseguição. E aqui Viviane Reding não se engana, a II Guerra mostrou a que extremos pode chegar e com que rapidez se pode espalhar o estigma imposto por uma autoridade nacional a uma minoria étnica. Berlusconi já permitiu 315 "intervenções" do Estado em acampamentos de ciganos. Pior ainda, consta que a santificada Angela Merkel se prepara para expulsar 12 000. Onde fica nisto e para onde vai a "Europa" dos direitos do homem?»
VASCO PULIDO VALENTE, Público, 18 Set. 2010
foi a ter um enorme receio dos efeitos causados pela ajuda dos agentes do Governo.
A capacidade do Estado Moderno (e democrático) para comparticipar e subsidiar resulta inevitavelmente na progressiva ocupação dessas actividades pelo regulador público.
Quando tenho o prazer de ouvir qualquer um dos novos teóricos do liberal-conservadorismo discursar sobre uma cooperação entre o ensino privado e o público lembro-me como em Portugal sempre há excesso de liberais e uma incrível fome de empreendedores e gente responsável e dinâmica.
Por muito que alguns dos modernos deuses do liberalismo de secretaria não percebam, é possível a uma instituição privada representar um interesse público sem ser acessível a todos os cidadãos. Da mesma forma que, ao comparticiparmos levianamente a entrada de jovens estudantes no sector privado do ensino vai desvirtuar a função do ensino privado e a regulação daí consequente vai acabar por deixar (ainda mais) vulneráveis as instituições privadas de ensino aos desmandos e mandos do Ministério da Educação - porque o Estado nunca comparticipa nada sem pedir algo em troca que salvaguarde os seus "interesses".
Um politólogo da treta como Henrique Raposo - um querubim da nossa pseudo-cultura colunística - não representaria grande ameaça a um director de um colégio se estas "nacionalizações liberais" do ensino não fossem apoiadas por muitos liberais e conservadores dos principais partidos portugueses.
"A imprensa inglesa deu ampla cobertura às acusações de injustiça, crueldade e tirania no tratamento dos presos políticos. Os grandes órgão da imprensa britânica, o “Times”, o “Spectator”, o “Morning Post”, reproduziam com abundância de pormenores os casos de humilhação, violência, tortura, abuso de poder e tratamento desumano nas prisões portuguesas. A Duquesa de Bedford, presidente da Associação de Visitadoras de Prisões, deslocou-se a Portugal nos princípios de 1913 e visitou várias prisões, onde encontrou motivos para um indignado protesto que publicou em Londres. As suas denúncias sobre as prisões portuguesas foram propagadas por uma comissão de apoio aos presos políticos portugueses, que se formou na capital inglesa. Em 22 de Abril de 1913 teve lugar um “meeting” para difundir as notícias, recolhidas de vários lados, sobre tratamentos desumanos nos cárceres da república. Tinha-se publicado, entretanto, o folheto intitulado “Portuguese Political Prisoners – A British National Protest”.
Aí se falava de violências contra os presos políticos, detenções arbitrárias, presos agredidos e privados de alimentação ou higiene, longos prazos de prisão sem julgamento, o uso do capuz penitenciário, a detenção das duas senhoras que ajudavam os presos políticos, a tortura e envenenamento do preso António Ribas, etc.
Todo este burburinho à volta do tratamento que a república dedicava aos seus opositores incomodava os influentes do regime, expondo ao mundo uma imagem deles radicalmente oposta a tudo o que se vangloriavam de representar. Os mais intransigentes apressaram-se a contradizer as notícias, fazendo publicar rasgados elogios do regime prisional português, mas ao mesmo tempo formava-se à volta do presidente da república uma forte corrente de opinião favorável à amnistia dos crimes políticos."
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Curioso e irónico ver um país perpassado por dogmas do socialismo e da infalibilidade do Estado governado por gente sem a mínima capacidade de previsão e planeamento de acordo com um certo savoir-faire, sentido de responsabilidade e de respeito pelo próximo. É a velhinha Lei de Murphy de que tudo o que pode ser mal feito, é-o.
" Líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, afirma que Portugal está a aproximar-se «perigosamente da situação da Grécia» e que, por isso,
«Sócrates é um primeiro-ministro sem perdão»
Os políticos portugueses sofrem de uma grave falta de capacidade de auto crítica: será que, ao longo de todos estes anos algum tem perdão?