Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
No verão e antes da praia, os passeios fazem-se à beira Tejo, aproveitando para conhecer melhor as magníficas perspectivas que a cidade de Lisboa apresenta quando é vista do sempre esquecido, ou desprezado rio. Para oriente, as decrépitas edificações que a gente da Câmara Municipal quer alienar em benefício do betão dos condomínios estrangulados por rodoviárias e carris de um indesejado TGV que qual charrua, arará várias léguas de terra construída há séculos. Pouco importará a liquidação de Xabregas e antigos vales pontilhados de quintas onde ainda se descobrem palácios que viram dramas familiares e festas de estalo. Para os senhores do momento, as festas são outras e os estalos, esses, merecê-los-iam nas suas luzidias faces.
Para ocidente, as antigas glórias da expansão. Dúzias e dúzias de vezes os mesmos percursos e os mesmos edifícios onde há sempre algo de novo que pensei jamais ter visto.
No tempo fresco do inverno, a brisa húmida e alguns chuviscos, emprestam algum paradoxalmente agradável desconforto, dando-nos a sensação de algo que pode chegar ou se adivinha. Foi precisamente o que se passou esta manhã, quando um passeio a pé tendo as docas como ponto de partida, me conduziu uma vez mais, ao portal dos Jerónimos. Não me movem sonhos de grandeza passada ou de irrealizáveis desejos de um renascimento de um Portugal que de facto, já não existe. Tal como os egípcios de hoje - que mais propriamente deveríamos denominar de "misritas", ou gente do país Misr -, apenas ocupamos uma terra que pertenceu a um outro povo, embora partilhemos muitos genes comuns que um tanto ou quanto abusivamente, ainda nos garantem o direito de nos denominarmos de portugueses. Passando adiante de considerações desnecessárias por tão óbvias serem, uma visita nos Jerónimos, proporciona sempre a eterna visão dos fiéis que indefectivelmente chegam para a missa e perdem-se do contacto com aqueles que também ali estão pelas mais variadas razões. Se são portugueses, aproveitam a bica e o pastel de nata ali bem próximos e fazem o roteiro cultural da praxe, descobrindo-se de vez em quando, um ou outro interessado em ver pormenores até então descurados.
Mas há outros portugueses. Aqueles que tendo nascido muito longe e jamais se imaginando como tal, chegaram à Europa em demanda de dias melhores para os seus. Refiro-me hoje, a uma família de brasileiros. Gente simples que talvez já até tivéssemos visto num restaurante ou ao balcão de uma loja, mas sem que deles déssemos conta, de tão comum o atendimento adocicado e deferente se tornou entre nós. Simplesmente, estivemos durante demasiado tempo habituados a um outro tipo de tratamento, onde o dedo na sopa, as frases rosnadas e o olhar de enfado, tornava menos agradável o mais modesto repasto na baixa.
Um casal e dois filhos ainda pequenos, alunos da escola primária. Coincidimos nos passos pelo monumento e não pude deixar de escutar os comentários acerca das maravilhas que iam descobrindo. Tudo eram magnificências e brilhos, talvez aparentemente exagerados por tão nossos conhecidos serem. A meia voz dentro da igreja, subira de tom no claustro, para voltar a um quase murmúrio na Sala do Capítulo. Palavras como cipós e lianas, surgiam naturalmente e talvez definiam a intenção de muitos daqueles que na grande obra trabalharam, numa por vezes indefinível transição da corda da faina marítima, para o elemento vegetalista. Cipós, é isso mesmo! A magia da liberdade interpretativa que deleitaria os desconhecidos que martelando o calcário, conseguiram aquela orgia de elementos susceptíveis de muitos e diversos olhares e sentires, quase como perante uma abstracção. Prosseguindo, a senhora dizia aos filhos e marido aquele sonoramente encantador "nossa... pensar que nossos antepassados estiveram aqui construindo esta beleza!".
Os seus antepassados que construíram os Jerónimos. Olhando com ainda mais curiosidade para esta família brasileira já um tanto ou quanto lusitanizada, apercebi-me de uma já considerável distância relativa aos recordados antepassados que há tanto tempo teriam saído da terrinha e cuja descendência se cruzou com o património genético índio e africano que é bem distinto naqueles quatro seres. No entanto, os pequeninos já mesclam o acento da sua nacionalidade, com dizeres e expressões em português da Europa, o natural caminho que a língua tomou, quando estas crianças se inseriram no meio escolar lisboeta.
Uma simples frase atreve-nos à ousadia da intromissão num pacato passeio familiar. É fácil "meter conversa" com os brasileiros, sempre dispostos a pacientemente escutar e aproveitar para um bate-papo. Assim, com eles deambulei uma boa hora, mostrando-lhes alguns sinais de iniludível presença do Novo Mundo austral que os pedreiros de D. Manuel deixaram bem lavrado por todo o edifício. As catatuas brasileiras, as cordas que afinal para eles podem ser cipós amazónicos e obsessivamente, aquela esfera armilar que durante séculos foi para muitos, o sinal distintivo de um Principado que chegaria a Império. O medalhão de Pedro Álvares Cabral, perfeitamente recortado na pedra amarelecida pelo tempo e por um ainda recente restauro, consistiu no motivo para uma interminável sessão de fotos de família, destinadas quem sabe?, a fazerem parte de um e-mail para aqueles que do outro lado do mar ficaram. Os "nossas!" continuavam e a alegria pela descoberta do Cabral nos Jerónimos, complementou o visível orgulho pelo D. Pedro I e IV no Rossio. Afinal de contas, para alguns, tudo acaba por "ser a mesma coisa", mesmo que de facto, não seja.
Não quis insistir na minha presença e antes de me despedir e desculpar por qualquer incómodo, apenas conclui aquela breve passagem pela ilusão daquilo que bem poderia ter sido uma realidade, dizendo-lhes que o Mosteiro dos Jerónimos é tão deles, quanto nosso. De facto, quantas vezes ouvi "portugueses de Portugal" rosnar a propósito de Mafra, da Batalha, de Belém, Queluz ou das Águas Livres, os típicos ..."gastavam rios de dinheiro em pedras, enquanto o povo morria de fome", além de outras anormalidades que o nosso tempo padronizou como verdades.
Quanto à política do dia a dia, nem uma palavra, pois o sortilégio de uma derrota ou de uma vitória, parece ser tão efémero.
Pelos vistos, nem tudo está perdido.
Segundo conseguimos apurar, Hugo Chavez irá continuar a ajudar o amigo Sócrates, pelo que está para breve o anúncio de que a Venezuela irá comprar o jornal i. Sabemos ainda que o novo director da publicação será João Marcelino, pelo que não se confirmará a fusão do Diário de Notícias com o Acção Socialista, que tem sido especulada no seio de várias agências de comunicação afectas ao regime.
Vamos indexar as taxas de juro à percentangem de intenções de voto no PS nas sondagens.
Ao que parece o Ministério das Finanças irá adquirir um iPhone 4, com câmara fotográfica de 5mpxeis, para oferecer a Eduardo Catroga. A ideia é que a fotografia da assinatura do próximo PEC tenha qualidade de impressão. O CEO da BlackBerry já anunciou que esta será uma má mudança, visto o teclado querty ter facilitado bastante as negociações deste orçamento de estado.
Rodrigo Moita de Deus foi chamado por Miguel Relvas para a Comissão Política do PSD. A sua missão será hastear a bandeira do Benfica na delegação do F.C. do Porto em Lisboa, sita na Av.da República. Desta forma, Miguel Relvas pretende desviar as atenções mediáticas para a aprovação do Orçamento de Estado pelo PSD. Aguardamos impacientemente as reacções de Rodrigo Saraiva, Luís Paixão Martins e Rui Calafate a esta estratégia de comunicação.
Istambul, 31 de Outubro de 2010
Acordei hoje em casa de amigos a menos de 300 metros da Praça de Taksim, centro da vida cultural, social e económica da parte europeia de Istambul. Não acordei com o rebentar da bomba, mas o barulho das buzinas dos carros e ambulâncias que rapidamente se fez sentir no pequeno apartamento onde passei a noite.
Juntámo-nos em frente à televisão enquanto uma amiga turca nos traduzia os comentários que passavam na televisão. Vimos imagens da praça onde tínhamos passado uma boa parte da noite anterior, mesmo junto à İstiklâl Caddesi, repleta de polícia, ambulâncias e até mesmo o que parecia ser um pequeno hospital de campanha.
Do governo de Ankara pouco se ouviu nesta altura, tendo sido Hüseyin Avni Mutlu (autoridade máxima de Istambul) o primeiro a prestar declarações, sem fazer qualquer menção à origem dos atentados, dizendo apenas que considerava o atentado como um acto macabro e assegurando os espectadores de que Istambul é uma cidade segura e que todas as medidas estavam a ser levadas a cabo na prevenção deste tipo de ocorrências.
Passado pouco tempo começou a ser discutida a origem do atentado do qual não houve uma reivindicação oficial (Apesar de ter sido referida uma referência ao TAK – secção do PKK), politólogos falaram em Al-Qaeda, PKK e até em chineses (!?) sem que no entanto tenha sido encontrado qualquer consenso em relação ao motivo do atentado.
Quanto mais lia e ouvia sobre o assunto, menos tudo isto me fazia sentido. Então (seguindo a boa maneira portuguesa) fui até ao local e tentei ver o que por lá se passava. O acesso à praça estava interdito tendo sido usado um cordão policial para impedir a passagem de civis. Tentei fazer algumas perguntas a alguns polícias que educadamente responderam: “no pass, no english”.
Decidido a tentar perceber alguma coisa, resolvi falar com um pequeno grupo de jovens turcos que estavam no local e que apesar de não serem fluentes em inglês, tentaram explicar-me que um terrorista tentou entrar no autocarro da polícia e se fez rebentar. Quando perguntei quem estava por trás do ataque, um deles encolheu os ombros e respondeu: “the kurds”. Se a discriminação do povo curdo por estas bandas não é novidade, não é novidade também o medo que se sente cada vez que se fala no PKK.
Apesar da clara escassez de informação acerca do que se passou e se está a passar em Istambul, o facto do atentado ter ocorrido no decorrer das celebrações do dia da República Turca (que começaram na passada 6ª feira), faz notar um problema de escassez de controlo sobre este tipo de ameaça.
P.S.: Peço desde já desculpa pela fraca qualidade das fotografias, foram tiradas por volta do meio-dia (hora portuguesa) nos únicos locais não interditos à passagem civil, na Praça de Taksim, já depois da evacuação dos feridos.
Videos do atentado:
http://www.youtube.com/watch?v=L8oZcxnviz4
Ainda a nossa amiga Câncio. Parece que proibiu, a uma revista, a publicação de uma reportagem sobre as mulheres do Jugular, por não ter podido ver as fotos e o texto antecipadamente. Sabemos de forma segura que a Rita Rato, a Odete Santos e uma refugiada russa ex-KGB a residir em Azeitão, já se ofereceram para começarem a colaborar no blogue.
Segundo a revista Sábado, a Fernanda Câncio tem uma nova batalha política. A luta contra o facto dos pensos rápidos serem da "cor da pele branca", o que óbviamente é um caso de racismo puro e nojento. Eu concordo com a Fernanda Câncio e dou mais exemplos: os pensos higiénicos são todos brancos, o que óbviamente tem uma conotação racial e até da cor do sangue; numa sex shop, a maioria dos dildos são de tom de pele caucasiano (mas não contem à Rita Rato que existem coisas dessas que ela fica escandalizada); as personagens animadas dos gelados Olá são sempre brancas; o 5 para a meia-noite não tem nenhum apresentador africano; o Mantorras foi afastado da equipa do Benfica; o único deputado negro na Assembleia da República é do CDS, logo é racista também; e por fim, a Académica perdeu com o FC Porto este fim-de-semana. Portugal é mesmo racista, fogo.
A deputada do PCP Rita Rato quer mesmo proibir os classificados eróticos nos jornais, porque promovem a exploração do homem pelo homem, ou neste caso, da mulher pelo homem. Eu concordo! Badalhocos! Mas temos que proibir também o Elefante Branco, as Sex Shops, as séries realizadas pelo Moita Flores, as fotos caseiras da Carla Matadinho, o topless da Diana Chaves na TVGuia e por fim o Jornal Avante, que está recheado de pornografia política.
e eu lembrei-me com tantas saudades de quando ela dava asas ao 31.
Surge-me como fundamental, no seguimento dos temas abordados neste post, considerar algo que postei aqui há algum tempo: o carácter jurídico e social da revolução de 1640- revolução nacionalista ou reacção constitucional?
É necessário à causa monárquica não só o estudo da segunda hipótese, como o retorno a um puro tomismo, divorciado de deambulações como as de Mendo Castro Henriques no seu estudo sobre Suarez, para finalmente separar as águas entre uma manifestação de vida da nossa Nação (Lisboa, 1640) e uma jacobina e popularucha revolta assente na doutrina de desobediência dos artistas do Sinédrio (Porto, 1820).
1640 parece-me, na linha do professor Rui Ramos, como a reacção da classe intelectual e das nossas elites governativas, logo secundadas pelo povo, à sonegação dos antigos Estatutos que regiam estes reinos. O carácter egoístico desta revolução é justificado pela violação dos reis de Castela, até aí os plenamente legítimos soberanos destes povos, do compromisso de Tomar (1581), considerado pelo Professor Douto J. Miranda e pelo Prof. Doutor Diogo F. do Amaral como a criação de uma nova constituição informal do Reino de Portugal, a qual os nossos reis espanhóis juravam cumprir.
No caso de 1820, não há quebra alguma dos compromissos do monarca, excepto o erro político da tutela inglesa sobre o território continental. O facto de as cidades burguesas do Porto e Lisboa serem as primeiras afectadas pela abertura das cidades brasileiras ao comércio só justifica que esta revolução não foi justa, mas apenas burguesa.
O estudo de São Tomás de Aquino afastado do Neo-tomismo que o aponta como um defensor da soberania popular torna-se elementar tanto para uma fundamentação do papel da Monarquia na continuação da visão de António Sardinha (ele próprio um tomista) como para afastar a tendência deste movimento para visões esquerdistas.
Nas palavras de Kuenheltd Leddihn, São Tomás de Aquino "is frequently cited as a defender of popular sovereignty has novertheless insisted that political desorder arises from the fact that somebody seizes power without the praminentia intellectus".
É que o José Eduardo Bettencourt disse que nos íamos reforçar no período de transferências de Inverno, logo, se o IVA aumentar para os jogadores da bola, é uma injustiça! Andou o Vieira a comprar Aimares a 21% de IVA e os sportinguistas é que se vão lixar novamente. O Dias da Cunha é que tinha razão: «é o sistema».
«Estive na guerra e era só darem-me uma arma que ia até Lisboa e matava aqueles políticos todos» (foi uma coisa assim do género que ouvi). Agora uma pergunta: «e não vai participar na greve geral de dia 24 porquê?».
O Miguel Madeira escreve aqui uma útil contribuição a esta discussão que tive com Rui Botelho Rodrigues, que falha - por culpa minha - em assentar todas as definições necessárias e as explicações devidas para um diálogo construtivo.
No entanto, o propósito da discussão não está em ligar especificamente a Monarquia à ideia de descentralização, visto que imperam, sobretudo hoje em dia, monárquicos desafectos a qualquer proposta de uma integral descentralização dos órgãos político/administrativos municipais, infra-municipais, regionais e estaduais.
De facto, o multi-Estado Medieval é desencorajador à uniformização social que tem vindo a imperar no Mundo Ocidental desde a Revolução Francesa. O liberalismo oitocentista criou um espírito de colaboração entre o empresário e o poder político que suplantou as antigas liberdades regionais e comunitárias da Europa. Assim, em nome dos benefícios materiais, a revolução isolou o indivíduo da sua comunidade, da sua gens, da sua família, e colocou-o impiedosamente só perante o Estado, em igualdade despida. O fim dos privilégios de casta e comunidade sonegaram mil anos de história. Por muito que alguns fossem justamente considerados injustos, outros mais não eram do que a justa recompensa de um poder político hierarquicamente superior (poder político esse que era soberano político, não soberano social, como o são os parlamentos modernos) por serviços prestados a esse multi-Estado, recompensas essas que eram sedimentadas pelo entendimento entre os órgãos políticos e pela continuidade da Ordem legal.
O que o Miguel diz sobre o absolutismo régio é verdade. O germen do estado uniforme começa com a negação do carácter do rei - quando este deixa de ser o rex, a regra, e passa a ser o Estado.
No entanto, as revoltas contra o poder político dos reis iluminados mais não são que reacções vivas e quase sempre com êxito contra o que é, ainda, uma pálida tentativa de centralização e imposição de impostos directos mais volumosos.
Tentativa essa que foi, mais tarde, remida pelas últimas braçadas da Antiga Ordem. Luís XVI não viveu o tempo suficiente para ver a revolta das províncias da Vendeia e de Lyon, e de muitas outras, que viram reconhecidas por este rei os seus privilégios regionais e a sua autonomia administrativa e política em vários assuntos.
Também os Carlistas e os Miguelistas apresentam essa unidade de interesses - a liberdade comunal, o carácter personalístico da cultura cristã e a força da comunidade contra o Estado Uniformizador, o Administrador Absoluto.
O caso da Suíça é revelador desta tendência também. A confederação helvética também passou por uma Guerra do Sonderbund para que as liberdades locais fossem destruídas para que apenas regessem os cidadãos os direitos reconhecidos pelo Estado Democrático.
De facto, não basta um Rei para manter a descentralização, mas é um bom atenuante, visto que de federada a Suíça actual tem muito pouco.
A Polónia antiga pode ser considerada uma monarquia, mas poucas monarquias nasceram de um espírito tão republicano, vulgo aristocrático, como a monarquia polaca. Esse próprio regime sofreu as consequências da sua originalidade, que todos conhecemos: foi excessivamente descentralizador e anárquico, como o são todas as coisas em que se envolve a aristocracia sem moderação do poder régio - como é o caso das Cidades-Estado italianas, nas quais uma aristocracia burguesa muito semelhante fez e desfez, durante séculos, quase a seu bel-prazer, as leis e as próprias convenções sociais dessas nações.
Assim, vemos que a centralização é fenómeno democrático, e que tanto a democracia ilimitada criada pela Revolução Francesa - e continuada por todos os regimes "liberal-sectaristas" do ocidente - como o patrocínio Estadual da burguesia e da progressão técnica são inimigas da Liberdade, Igualitaristas nas sua génese e preconizam a criação de um Estado Providência que infantiliza o Homem e é a final machadada no poder local e na necessidade egoísta do Homem cooperar e integrar os valores que constituem a comunidade.
A Monarquia não pode ser instituída para a criação de uma Ordem Integralista. Virá no natural seguimento dessa tendência, visto que a autoridade real é o melhor garante da preservação da liberdade dos mais fracos contra o progressismo daqueles que vivem considerar o Bem como uma comodidade relativa sujeita às modas da sociedade burguesa.
O ideal de Monarquia tradicional pende, exactamente, para essa concepção de Bem e Mal, e que esse mesmo Bem não prevalecerá se não for protegido por um Governo comprometido com as leis tradicionais.
Não vou tecer grandes considerações ou análises sobre o acordo entre PS e PSD quanto ao OGE 2011. Aconselho a leitura do PMF ou do Luís Naves. E, num outro âmbito, mais holístico, o Rui Albuquerque e o Adolfo Mesquita Nunes.
Gostava muito que se voltassem a realizar sondagens eleitorais, nos próximos dias. Tenho um instinto que me diz que o PS irá subir acima dos 30%, e o PSD irá descer para a mesma ordem de valores.
Depois de divulgados os resultados das sondagens de há dias, pudemos assistir ao prenúncio do que será a atitude de José Sócrates nos próximos tempos. Mais aberto (mesmo que apenas aparentemente) a negociar e a dialogar. Preparou outra armadilha ao PSD com o "último esforço". Passos Coelho caiu nesta, podendo, muito provavelmente, dizer adeus ao eleitorado do centrão que para ele pendeu, à possibilidade de acabar com o consulado socialista e à eventualidade de chegar a PM - espero, sinceramente, poder vir a engolir estas palavras, o que seria um óptimo sinal.
Simplesmente porque este OGE é mau, e, dê lá por onde der, Passos Coelho ficará eternamente associado à sua viabilização. Os eleitores não se vão esquecer disto - Sócrates também não, e não há ninguém no Parlamento que seja capaz de combater a sua retórica demagógica - quando daqui a uns meses estalar novamente uma crise, derivada do mau orçamento e dos ineficientes socialistas que controlam a sua execução. Os mesmos que nos últimos anos não hesitaram em proceder a malabarismos contabilísticos com propósitos eleitoralistas, colocando-nos na vergonhosa situação em que estamos. Crise essa que, entretanto, com o agravamento das condições sociais ao longo dos próximos meses, será muito pior do que a encenação que por agora parece terminada.
Finalmente, importa aplaudir o grande vencedor de tudo isto: José Sócrates. Cumprindo os melhores ensinamentos de Maquiavel, de que a política é a arte de adquirir, exercer, manter e expandir o poder, Sócrates demonstrou, mais uma vez, os seus fortíssimos instintos de animal político. É um sobrevivente nato e isso tem de ser reconhecido.
Por tudo, isto, deviam todos "pedir desculpa pela interrupção, o mais do mesmo continua dentro de momentos", ou seja, os Comensais Interesses Vigentes continuam o processo de extorsão dos contribuintes para alimentar a disforme e ineficiente máquina estatal. Com ou sem FMI, esperem por 2014. Leiam o livro de Carlos Moreno - as várias tabelas são bastante elucidativas - e perceberão porquê.
Eu irei emigrar, seja lá para onde for, em 2011 ou, no máximo, em 2012. Nessa altura direi aos demais portugueses, parafraseando João César Monteiro : «Quando subi aos céus, disse para todos os mortais: fod**-se agora vocês todos, que a mim já não me fod** mais!».
neste blogue não se combinam jantares?
José Sócrates, Cavaco Silva e Passos Coelho. E todos devem ser penalizados por isso nas urnas.