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Desesperada, a cantora lamenta o Cristo que ele tem sido em Portugal. Chorando como Madalena - ela diz isso mesmo! -, protesta contra as injustiças de que Sócrates, uma SuperStar, aqui tem sido vítima. Desconsolada, afirma ainda que Pilatos Cavaco lavou as mãos e que para eles, os helenos, Sócrates seria um salvador, o Teos. Ora tentem escutar as palavras. Está lá tudo.. Acham que devemos fazer-lhes este enorme favor? A Grécia está tão mal...
Caro Orlando, eu não pretendo fundir qualquer religião com o estado. E se, concordando com o Orlando, o estado contribui sempre em maior ou menor grau para a formatação da moralidade, a sua actividade neste âmbito, porém, deve ser o mais minorada possível, por forma a deixar aos indivíduos o maior grau de liberdade possível neste campo - e sim, é mais que evidente que a prática política se fundamenta em larga medida na ética. É por isso que o reconhecimento de uma esfera pública e de esferas privadas é importante. É óbvio que há sempre uma qualquer ideologia subjacente à acção política e essa acção tem influência na sociedade, contribuindo para os costumes e condutas morais. Até que grau consegue impôr uma determinada ideologia e/ou moral coercivamente é uma questão essencial para a discussão sobre a liberdade individual. Ainda assim, o conservadorismo abstracto e o liberalismo clássico partilham precisamente as ideias de governo limitado, tolerância e liberdade individual. E, neste sentido, admitindo a minha confusão no que ao ponto 8 do texto do Orlando diz respeito, fruto do hábito de debater com conservadores substantivos que recorrem a mais das vezes à religião imposta a partir da coerção estatal, apresento-lhe desde já as minhas desculpas, registando que talvez não estejamos tão longe neste ponto, já que não defendemos a sinistra fusão da religião com o estado.
Agora, meu caro, a técnica da pseudo-cientificidade de quem se arroga encontrar-se no campo da episteme, classificando quem o interpela de estar no da doxa, é velhinha. Aquilo que é verdadeiramente científico, como sabe, é o método e não o conteúdo das teorizações. E mesmo assim, convinha começar por ler os autores de quem falamos, no caso, de Hayek, em vez de fundamentar qualquer teorização naquilo que achamos que ele escreveu ou que os seus discípulos dizem ou fazem, prática também muito em voga para fundamentar a religião política anti-neo-liberal, de que este seu confuso e ideologicamente empastelador texto é um exemplo.
Não é por o Orlando crer que o neo-liberalismo resulta de uma ética utilitarista hayekiana e objectivista randiana que assim é ou deixa de ser objectivamente - e eu ainda prefiro alinhar pelo subjectivismo (e até o Prof. Adriano Moreira que o Orlando cita como conservador o faz). Este é um debate que me parece estar longe de finalizado, e irá continuar por muitos e bons anos. E, lógica e racionalmente, para podermos argumentar num ou noutro sentido precisamos de seguir um método que nos permita operacionalizar os conceitos em causa. É que mais do que provavelmente, quando falamos de conservadorismo, liberalismo, nacionalismo ou totalitarismo, eu e o Orlando estamos a falar de coisas diferentes. E se eu estou aberto à crítica, à dúvida e à revisão, já o Orlando parece cheio de certezas, o que é particularmente grave nos seus pontos 5 a 7, visto que o utilitarismo comporta diversos entendimentos muito para lá da simplificação apresentada que não vai além do mero cliché do maior bem para o maior número de pessoas, ou no ponto 1, pois passando ao lado do que eu já havia escrito, o Orlando mostra não saber diferenciar entre os tipos de conservadorismo. Permita-me apenas recomendar-lhe o livro de Chandran Kukathas, em particular os capítulos onde este analisa a ética de Hayek e a comparação que John Gray faz com Stuart Mill em Hayek on Liberty. Vai ver que as tais "pequenas diferenças" não são assim tão pequenas quanto isso.
Só para finalizar, lamento imenso mas eu já tenho pouco tempo e paciência para me perder em debates deste género na net, talvez porque prefira ler e ter em consideração vários pontos de vista e analisá-los demoradamente (em textos longos, não apropriados para este meio) e porque ainda tenho muito que aprender. E neste momento tenho uma dissertação de mestrado para terminar.
Na próxima quinta-feira 2 de Junho, pelas 19.00H, inaugura-se a exposição de Onik Sahakian na galeria MAC, à Av. Álvares Cabral 58-60, Lisboa.
Desde há meio século, Portugal tem sofrido uma desnecessária depredação da qualidade do ambiente. Isto deve-se a factores políticos - descolonização, ingresso na então CEE, Expo 98, EURO 2004 e a esmagadora maioria das obras públicas erguidas sem um estudo integrado -, pois condicionando a organização do Estado a interesses de sector e criando redes de influência económica e financeira, descaracterizou-se a paisagem e destruíram-se as produções tradicionais que durante séculos supriram muitas das necessidades locais. A consequência quase imediata, consistiu no abandono do território e na criação de pretensos grandes centros urbanos que jamais funcionaram como um todo coordenado, abrindo de par em par as portas à depredação do património imobiliário, criando ghetos de periferia e exacerbando tensões sociais, recorrendo-se a mão de obra externa que a médio prazo se tornou inactiva. Estas são algumas das consequências mais visíveis de uma política ruinosa e hoje completamente falida, surgindo agora claros indícios de uma certa abertura a opções que outros mais experientes, consideram caducas.
Começando pela protecção ambiental, aqui estão algumas propostas:
Notem bem aquela escala à direita do gráfico, em tons cinza claro. Há algo de diferente. Se é possível eleger "outsiders" nas Regiões Autónomas, também o será no continente. Com o voto de apenas duas freguesias, um MPT aberto a tantos independentes terá 1 deputado em Lisboa, infinitamente mais útil e representativo que o 14 ou 15 deputado "levanta-te e bate palmas" do PS ou PSD. Por uma vez, nada de clubismo, nada de cedência à chantagem. Já é tempo para alguns ajustes de contas, inclusivamente com refastelados desesperados. O PSD e o CDS não quiseram uma frente PSD-CDS-MPT-PPM, pois cheios de empáfia, já se julgavam os vencedores, por sinal, pouco absolutos. O que têm dito e feito nas últimas duas semanas, apenas provam o que todos sabemos: nada aprenderam, nada esqueceram. É uma oportunidade única para uma mensagem muito clara.
Orlando Braga, que ontem já havia deixado um repto a um post meu, onde recorrendo aos estatutos do partido, acaba por incorrer numa omissão quanto aos pilares ideológicos do CDS - para além da democracia-cristã, o liberalismo e o conservadorismo - e entra em considerações sobre a suposta contradição em termos entre liberalismo e conservadorismo, que não subscrevo, já que são muitas mais as semelhanças e a herança filosófica comum do que as diferenças, e é preciso não esquecer que no famoso poscripto a The Constituion of Liberty, "Why I am not a conservative", Hayek tinha em mente essencialmente o conservadorismo que não tinha sido capaz de oferecer qualquer alternativa ao colectivismo, quando não mesmo se havia aliado a este no projecto de utilizar o estado para impôr uma determinada moral (e diga-se ainda de passagem que dois ensaios de John Gray são particularmente pertinentes a este respeito, "Hayek as a conservative" e "Oakeshott as a liberal", ambos incluídos em Gray's Anatomy; e também o ensaio de Roger Scruton "Hayek and conservatism", incluído no Cambridge Companion to Hayek, e o capítulo na obra de Chandran Kukathas Hayek and Modern Liberalism, intitulado "Hayek as a conservative"), deixa também hoje uma réplica ao meu post de ontem sobre Hayek, que me merece uma breve resposta.
Não entrando sequer pela contradição epistemológica entre a influência de Hume e de Kant, que Chandran Kukathas bem salienta em Hayek and Modern Liberalism, parece-me salutar assinalar que a consideração do Orlando carece da operacionalização do conceito de coerção que, obviamente, deve aqui ser entendido em termos hayekianos.
Hayek define coerção como sendo “um tal controlo do ambiente ou circunstâncias de uma pessoa por outra que, de forma a evitar um mal maior, aquela é forçada a agir não de acordo com um plano próprio e coerente mas para servir os fins da outra”1. A coerção impede que um indivíduo possa utilizar a sua inteligência ou conhecimento e prosseguir os seus planos ou crenças, eliminando a sua liberdade de pensamento e acção e tornando-o um instrumento nas mãos de outro ou outros indivíduos. Uma acção livre pressupõe que um indivíduo determine os seus fins de acordo com o seu próprio conhecimento, que não pode ser moldado pela vontade de outro. E uma acção não pode ser verdadeiramente livre se a sua escolha for imposta por outro indivíduo2.
Claro que a coerção não pode ser totalmente evitada, já que a única forma de a evitar é através da ameaça da coerção, no caso, por parte do estado, que detém o monopólio da coerção com vista à protecção das esferas privadas individuais em relação à eventual interferência por outros. Importa, contudo, limitar o poder do estado a este respeito apenas às circunstâncias onde é necessária uma delimitação das esferas privadas, criando as condições sob as quais um indivíduo pode determinar os seus fins e acções tendo em consideração as regras gerais prescritas pelo estado. Deve, portanto, ser uma coerção reduzida ao mínimo, restringida por regras gerais e abstractas, independente da vontade arbitrária de um indivíduo, que assim se torna um enquadramento para os indivíduos prosseguirem os seus próprios fins3.
A coerção implica uma intenção de levar um indivíduo a seguir uma determinada conduta, assim como a ameaça de um dano ou mal caso esta conduta não seja adoptada pelo coagido. Embora haja a possibilidade de escolha, as alternativas são determinadas por aquele que coage. O coagido deixa de ter a possibilidade de utilizar o seu conhecimento e prosseguir objectivos por si formulados, sendo as suas acções enquadradas pela mente de outro indivíduo4.
É importante distinguir entre coerção e a condição voluntária de fornecimento de bens ou serviços. Numa sociedade livre, todos os indivíduos dependem de outros para a satisfação das suas necessidades através do fornecimento voluntário destes bens ou serviços, podendo escolher em concreto a quem os pretendem adquirir ou requisitar. Contudo, só em circunstâncias excepcionais é que o controlo sobre um serviço ou recurso essencial pode conferir a alguém ou alguma instituição o poder de coerção. Desde que não se trate de um produto ou serviço crucial à existência humana ou à preservação do que um indivíduo mais valoriza, não se pode considerar como coerção as condições que sejam colocadas por quem o disponibiliza5.
E se várias situações podem, à primeira vista, parecer situações de coerção, não o são efectivamente se não forem preenchidas as duas condições referidas, a ameaça e a indução de um comportamento a um indivíduo com vista a servir os propósitos de outro. Hayek faz notar isto mesmo utilizando exemplos de diversas situações quotidianas e conclui que “Desde que um acto que me coloque em determinada situação não tenha como objectivo forçar-me a fazer ou não fazer coisas específicas, desde que a intenção do acto que me prejudica não seja a de servir os fins de outra pessoa, o seu efeito na minha liberdade não é diferente daquele de uma calamidade natural”6.
Dado que a coerção implica o controlo das acções de um indivíduo por outro, esta só pode ser prevenida através da garantia de uma esfera privada onde cada indivíduo está protegido da interferência de terceiros. Esta garantia só pode ser providenciada por uma instituição que tenha o poder necessário para tal, e é nesta situação é que a coerção a um indivíduo pode ser evitada através da ameaça de coerção por parte desta instituição7.
Para que o reconhecimento destas esferas individuais não se torne ele próprio uma ferramenta de coerção, o seu alcance e conteúdo devem ser determinados pelos próprios indivíduos, sendo variáveis em função da utilização dos seus conhecimentos e capacidades - e não fixados a priori como Stuart Mill, que o Orlando refere, tentou fazer. Ou seja, não deve o conteúdo das esferas individuais ser deliberado a priori e de forma definitiva por qualquer instituição – o que não passaria de uma forma de coerção. O que acontece é que existem regras gerais que “governam as condições sob as quais objectos ou circunstâncias se tornam parte da esfera protegida de uma pessoa ou pessoas. A aceitação de tais regras permite a cada membro da sociedade moldar o conteúdo da sua esfera protegida e permite a todos os membros reconhecer o que pertence à sua esfera e o que não pertence”8.
Hayek faz notar que a primeira e mais básica condição para a prevenção da coerção é o reconhecimento do conceito de propriedade privada9. A propriedade privada é um elemento fundamental para alcançar a liberdade individual, tal como Locke já havia teorizado, e como Gray assinala ao considerá-la como “um veículo institucional para um processo de decisão descentralizado”10 em estreita ligação com a capacidade de um indivíduo dispor de si próprio, das suas capacidades e talentos. E a este respeito já aqui elaborei por diversas vezes, sendo esta a mais relevante.
Talvez o maior incómodo para aqueles que se dizem nacionalistas, conservadores e que pretendem utilizar o aparelho estatal para impôr a sua própria moral a todos os outros seja o facto de Hayek repudiar o nacionalismo - esse filho da Revolução Francesa - , ser agnóstico e um pluralista no que diz respeito aos valores. Acontece que, precisamente neste sentido, e ao contrário do que o Orlando afirma noutro postal, Hayek enfatizou a importância da tradição como fonte de moralidade, inspirando-se em Burke, Hume e Smith, embora o seu agnosticismo religioso o levasse a não poder aceitar que Deus deseja ou comanda o estado. Como Linda Raeder faz notar "to his mind, such a conception too readily lends itself to the dangerous interpretation that some particular human will or wills should direct the course of social life. In other words, he feared that the attribution of the source of order to the Divine Will may lead to the anthropomorphic interpretation of that Will as the ‘will of society’ (which must, in reality, be the will of particular human beings) and inspire misguided efforts to control the spontaneous social process by conscious direction. Such, he believed, would be fatal not only to human liberty but to the survival of advanced civilization".
Mais, Hayek é, como Oakeshott, um conservador abstracto, por oposição ao conservadorismo substantivo advogado por Roger Scruton. E a este respeito, "On Being Conservative" providencia talvez a melhor definição do conservadorismo abstracto, que se dedica a limitar o poder do estado e a manter as regras gerais que permitem aos indivíduos prosseguir os seus fins sem entrar em colisão com outros, seguindo na tradição anglo-saxónica da tolerância e do governo limitado.
De resto, não entro sequer na discussão da definição da liberdade dos outros, cujos argumentos do Orlando recaiem numa tradição em que não me inscrevo, de liberdade como autonomia (inspirada em Hegel) e de libertação pela razão (inspirada em Rousseau, que Isaiah Berlin desmontou com uma mestria sem paralelo).
E, para finalizar, uma última nota em réplica ao último parágrafo do post do Orlando de inspiração platónica. Não por acaso, todos os grandes liberais clássicos foram tanto filósofos como economistas. Não por acaso, a metodologia hayekiana assenta na interdisciplinaridade, na qual a Ciência Política, ainda que sendo uma disciplina autónoma, se fundamenta. E também, não por acaso, no mundo anglo-saxónico existem cursos bastante reputados que dão pelo nome de Politics, Philosophy and Economics (PPE). Além do mais, julgo que Popper estava certo na formulação de sociedade aberta que aplica à ciência, pelo que é discutindo e revendo os nossos argumentos que todos aprendemos, ainda que nem todos possamos ser especialistas em tudo. E se é certo que cada qual tem a sua área de estudo primordial, certo é também que cada qual é livre de se debruçar sobre outras matérias. Porque senão, muito provavelmente corremos o risco de ser incoerentes e que nos partam os nossos telhados de vidro. O mesmo é dizer que assim como o Orlando é livre de advogar uma prática proteccionista completamente descabida e que só quem não conhece um mínimo do pensamento e da história económica pode advogar (ler o clássico e bastante simples Economics in One Lesson de Henry Hazlitt é talvez a forma mais rápida de o perceber, em especial os capítulos XI a XIV), também eu sou livre de me debruçar sobre matérias como a ética e a filosofia. E ninguém está livre de errar. É essa a beleza da ciência, como da vida: a imperfeição.
[1] F. A. Hayek The Constitution of Liberty, Londres, Routledge, 2010, p.19.
[2] Ibid., p.19.
[3] Ibid., pp. 19-20.
[4] Ibid., p. 118.
[5] Ibid., p. 119.
[6] Ibid., p. 121.
[7] Ibid., p. 122.
[8] Ibid., p. 122.
[9] Ibid., p. 123.
[10]John Gray, Liberalism, 2.ª ed.,Minneapolis, The Universityof Minnesota Press, 1995, p 62.
A circunspecta Troika-Regente terá conhecimento deste tipo de munificências? Ou teremos de lhe enviar uns desenhos com legendas?
"Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes."
" O importante nestas eleições não é direita nem esquerda ”, diz Paulo Portas, mandando às malvas a ideologia que a qualquer acção política séria deve estar sempre subjacente, os tais valores e princípios que estão inscritos nos estatutos do CDS. A propósito pergunta Orlando Braga se " a opinião pessoal de Paulo Portas, acerca da realidade política, vincula o CDS/PP inteiro? ";
Que não, porque antes dos líderes estão os estatutos, onde, aí sim, está inscrita a " posição oficial do partido ". Pois!
Dedico a todos os arautos da moralidade - socialistas, comunistas, jacobinos, nacionalistas, integralistas, beatos e afins - sempre prontos a prescrever as suas condutas morais como ideais e melhores, não hesitando em utilizar a coerção estatal para as impôr, e a condenar as dos outros que em nada os afectam, este naco de prosa directamente retirado da minha dissertação de mestrado sobre F. A. Hayek:
Apesar de o estado utilizar a coerção para determinadas actividades como a cobrança de impostos ou o serviço militar obrigatório, estas são previsíveis e gerais, aplicando-se a todos os indivíduos independentemente da forma como empregariam as suas energias em alternativa a estas imposições, e isto retira-lhes a carga valorativa negativa que normalmente reveste a coerção. Hayek considera que fora do campo da tributação, “é provavelmente desejável que devamos aceitar apenas a prevenção de coerção mais severa como justificação para a utilização da coerção pelo governo. Este critério talvez não possa ser aplicado a cada regra legal individual mas sim ao sistema legal como um todo. (…) Mas toda a concepção de interferência ou não-interferência pelo estado assenta na assumpção de uma esfera privada delimitada por regras gerais impostas pelo estado”[1].
A questão que Hayek coloca é se o estado deve ou não ir para além desta imposição de regras gerais, assinalando que “onde as práticas privadas não possam afectar outros que não os voluntários actores adultos, a mera oposição ao que seja feito por outros, ou até o conhecimento de que outros se prejudiquem a eles próprios através das suas acções, não providencia qualquer base legítima para a coerção”[2]. Em resumo, a moralidade de uma acção não é passível de ser objecto de controlo coercivo pelo estado, e a esmagadora maioria das regras de conduta que não afectam directamente a esfera privada de terceiros são de carácter voluntário - o que não significa que as regras de conduta estejam isentas da pressão da opinião pública. Como Hayek acaba por concluir, “É de facto provável que mais mal e miséria tenham sido causados por homens determinados a utilizar a coerção para acabar com um mal moral que por homens com a intenção de fazer o mal”[3].
A respeito da tirada de Paulo Portas de se sentir à esquerda do PSD, ainda que compreenda o impulso eleitoralista num regime dominado pela narrativa da superioridade moral da esquerda, subscrevo inteiramente o Henrique Raposo, e destaco o último parágrafo:
«O que se vê nos jovens do CDS, nesta nova vaga - fortíssima, diga-se - é o orgulho em estar à direita. Têm orgulho em dizer que são democratas-cristãos, ou conservadores, ou liberais, ou liberais-conservadores (à Cameron). É esse o valor do CDS. É uma marca cultural de fundo, representa uma mudança geracional. Ora, tiradas como esta, dr. Portas, traem esta viragem cultural, este orgulho de estar à direita, essa coragem para estar à direita.»
Lembram-se de anteontem Paulo Portas ter dito num comício do CDS que dentro em breve teria de iniciar os discursos com "meus amigos e amigas, companheiros e companheiras e... camaradas"? Pois aqui está o porquê: de visita eleitoral ao Cavaquistão, o presidente do CDS esteve na feira de Sátão. De cravo na mão, foi discorrendo acerca do seu "mais esquerda que o PSD" e culminou a acção de campanha, com uma visita a uma exposição de murais sobre o 25 de Abril. Com um bocadinho de sorte, um dia destes, Jerónimo de Sousa ainda o convida para substituir o desaparecido MDP/CDE, fazendo ingressar o CDS na CDU. Como na RDA.
Caramba, ainda bem que estou na lista do Partido da Terra.
Convém visitar o blog Má Despesa Pública, por esta e muitas outras razões.
Até há uns anos, os agentes políticos costumavam referir-se aos malefícios da 2º República, com aquele oportuno sentido justificador da sua própria presença. Vejamos então, quais eram os temas favoritos:
1. O Fado
Apresentado como coisa passadista e quase infame, depois do 25-A foi proscrito das ondas da rádio, chegando-se ao ponto de perseguir fadistas como Amália ou Lucília do Carmo. Hoje, temos uma plêiade de cantores de renome internacional e tal como nos tempos da sua antecessora, a 3ª República deles se aproveita para a auto-promoção, atrevendo-se a convidar fadistas para mandatários de campanhas presidenciais. Para cúmulo, até já circula uma informal destrinça entre fadistas dos "nossos" - Mariza, Carlos do Carmo e Camané, por exemplo - e os fadistas "deles" - os Câmaras ou a Maria da Fé, - indicando o que é bom ou mau de ser ouvido. No funeral no Panteão, um cabisbaixo Jerónimo de Sousa dizia que "Amália até tinha ajudado o PC". Foi um acto de contrição.
Após farta sementeira na 2ª República, a 3ª quer levar o fado a património da humanidade. Faz bem.
2. O Futebol
Os "democratas" longamente lastimavam o aproveitamento político que o Estado Novo fazia dos sucessos do Benfica e da Selecção, chegando ao ponto de apresentarem o negro Eusébio, como um típico caso de colonial-fascismo. Gozaram a bom gozar com a filiação de Américo Tomás no Belenenses. E agora, como é? Nunca ninguém viu o choramingão Sampaio rastejar atrás dos jogadores do Euro? Nunca viram o Cristiano Ronaldo nos jardins do Palácio de Belém, coçando o rabo com a mão esquerda enquanto com a outra dava o passou-bem a Cavaco Silva?
Lembram-se dos telejornais do período anterior ao 25-A? Dedicavam os minutos finais ao desporto. Uma injustiça, claro. Não há fome que não dê em fartura, até porque agora, o dito desporto - reduzido ao monopolista futebol -, abre o telejornal, interrompe-o para noticiar uma unha encravada dum treinador e ocupa o interesse de políticos e comentadores pagos a peso de ouro. Todos os canais têm na agenda dúzias de programas sobre os casos da bola e o país empenhou-se até aos gorgomilos para construir estádios semi-vazios. No circunspecto juízo dos donos do regime, o orgulho nacional resume-se ao esférico e às polémicas que em torno dele giram. Recordam-se da construção do Estádio da Luz, onde espantosamente se contabilizaram milhares de horas de trabalho voluntário executado por devotados benfiquistas? Pois bem, isso acabou. Agora telefona-se para a empresa de betão mais conhecida e faz-se de conta existir um concurso público.
3. Fátima
Logo após o 25-A, as coisas que se disseram e pior ainda, fizeram! Pecinhas teatrais - uma delas na FIL - em que se achincalhava a Igreja até mais não, ataque à RR, destruição de publicações da Igreja, etc. Fátima era considerada como coisa de superstição, talvez ao nível dos sortilégios da Madame Min.
E agora, como é?
Temos esta gente sempre ansiosa por escovar os sapatos dos Bispos e se estiverem perante a complacente presença do Cardeal-Patriarca, então sim, é o cúmulo da felicidade. Ainda todos lembramos da triste figura do auto-proclamado ateu Sampaio, danado da vida por ter verificado o lugar de primazia atribuído pela Igreja à Família Real. Pelo que se disse na malévola imprensa, até "mandou vir cadeiras" destinadas a ele próprio e à respectiva cônjuge, para logo após a celebração do Te Deum na Sé de Lisboa, tentar encafifar-se num cortejo que obedecia a estritas regras protocolares.
Fátima está sempre cheia, a transbordar. O regime delira quando o Papa visita Portugal e ainda há meses vimos a "presidenta" que de alourada trunfa ao léu, de joelhos beijava o anel de Bento XVI. O PS do Rato ao pé da Capela do Rato, fala nas "organizações de índole social", sem jamais se atrever a pronunciar católicas. O PSD não precisa desses truques, enquanto o CDS assume a sua satisfação. Na esquerda das margens parlamentares, o BE e o PC têm sempre uma fosquinha para os "católicos progressistas" e para os "Bispos de Setúbal e do Porto".
4. Caciques
Era o fim do mundo. O que os "democratas" diziam! A 2ª República era o regime da cacicagem tão criticada desde os áureos tempos dos grandes escritores do liberalismo oitocentista. Regedores, dirigentes de Casas do Povo, autoridades locais da União Nacional/Acção Nacional Popular. Pareciam tentaculares, eram o poder local. Passando sobre a romaria PS/PSD que nos anos de 74 e 75 andou de terra em terra a cativar fidelidades das depostas autoridades ANP de província, hoje em dia, o termo cacique atingiu máximos everésticos, não se circunscrevendo a uns tantos palonços de aldeia. Chama-se em bastos casos, Poder Local, mesmo que a localidade confine com a capital do país. O cacique também vive e medra à volta dos grandes centros urbanos, é moderno, constrói poli-desportivos, rotundas, estradinhas e bairros sociais. Tal como os seus teoricamente superiores pares instalados no governo central, adora limusinas de um negro reluzente e a 150.000 Euros à peça. É devoto de tudo quanto se relacione com o betão, promove a construção de "grandes superfícies comerciais" e tornou-se exímio em comissões colocadas não se sabe bem em que banco estrangeiro. Manda nos Partidos e se lhe apetecer, aperta o pescoço aos seus líderes. Tal como os seus antecessores - ainda há alguns que estão no poder local desde antes de 1974 -, os caciques são peritos na organização de caravanas expontâneas e pic-nics de apoio aos chefes que chegam da capital. Gente de vistas largas, recrutam fulanos e sicranos de turbante e fala estranha, para eles tão retintamente portugueses como os próprios irmãos. É tudo a mesma coisa, desde que se paguem uns trocos e se distribuam os infalíveis sacos de plástico com sandecas e latas de Sumol. Possuem uma razoável lista de velhas que de lenço na cabeça se aprestam a efusões mais ou menos brejeiras e de uma coorte de Ti Zés que de bonés de presilha enfiados até ao nariz, ainda fazem ouvir a voz para "bibas"! e convites para uma jeropiga. O cacique de hoje já não é apenas aquele fulano de amarrotado fato escuro e do colete de onde pendia a corrente da cebola que dava horas. Hoje anda de Mercedes-AUDI-BMW, a mulher platina-se todos os meses, estabeleceu-se no "mundo empresarial", é sócio-dirigente de um clube de futebol e foi substituindo a meia branca por tons mais escuros. Generoso, oferece presentes, desde electrodomésticos até vouchers para casas de alterne onde tem "garrafa". Volta e meia, frequenta as mais badaladas leitarias nocturnas da Av. Duque de Loulé. Modernaço, usa óculos escuros da linha menos clássica da Ray Ban.
Também existe aquela espécie de cacique que até escreve nos jornais, sentando-se como pivot das televisões para comentórios, sendo ouvido com interesse ou veneração. Por vezes, a sua voz é suficientemente audível para produzir "factos" políticos. Mais ainda, fala de tudo, desde as tricas dos Partidos até ao futebol, desgraças privadas de outrem, educação, preferências musicais e sobretudo, de livros, livros e ainda mais livros, apresentando-os ao monte, como se numa semana tivesse tido tempo para ler um que fosse. São os caciques de hoje, infinitamente mais perigosos, abusadores e sofregamente mais devoristas que os "do antigamente". Bem vista a situação, fazem parte do selecto grupo dos donos de Portugal.
Tal como a 2ª - aquela que Mário Soares teima em dizer "jamais ter existido" - era descendente da 1ª, esta 3ª República tem a quem sair. Em tudo, desde a gente que da ANP saltitou para o omnipotente centrão, até aos esquemas que todos lhe reconhecem. Trata-se de um modo de estar na vida.
Como muito bem diz o meu irmão Miguel, ainda circula pelas ruas um conhecido artefacto que fez furor nos tempos da pretensa revolução. Pelos militantes mais "basistas", era conhecido por Mariconera, ou para os mais embrenhados nas tontices parisienses, pela Mariquette. Serviam o mesmo fim, mas marcavam uma fronteira inter-classista. Consistia e consiste numa maleta onde se guardam os preciosos pertences do dia a dia. Havia-as quadradas, as preferidas pela gente que sabia ler e se dava a ares, os trabalhadores intelectuais do MUTI. Geralmente em tons escuros - castanho ou negro -, ostentavam um desvio pequeno burguês no fivelame e fechaduras a dourado, reluzente latão que correspondia à esquerda, aos fiozinhos de prata com crucifixos, usados pelas meninas da Alternativa 76 do prof. Freitas do Amaral. Estas Mariquettes eram caras, feitas em bom cabedal e encontravam-se nas lojas da moda. Claro está, nem todos a elas podiam recorrer e os seus usuários pertenciam à vanguarda dirigente do povo, passeando-as pelos cafés da Baixa à hora de ponta. A tiracolo, atestavam o progressismo do dono. Alguns dos mais conhecidos clientes da moda foram entre muitos outros, os Srs. Augusto Zequinha Abelaira, Zequinha Saramago, Zequinha Afonso, Zequinha Mário Branco, Zequinha Manel Tengarrinha, o Manecas das Intentas (o grande líder da FSP, rival de Mário Soares), os talentosos maestro Lopes Graça e fadista Carlos do Carmo, além dos burgueses meninos de ouro do MES. Não nos podemos esquecer daqueles que se especializaram em cantigas autobiográficas. Ainda houve quem no PS se aggiornasse à malinha, mas Soares logo lhes cortou as vazas, apontando para o Rosa & Teixeira. Dado a outras coisas, Manuel Alegre nunca embarcou nestes batéis.
Era o tempo em que não se sabia quem era padre ou um ex-seminarista convertido ao pecepismo, isto é, quando através do PC, pingava alguma coisa. Agora, são todos renovadores de si próprios, mas prefiro a sinceridade de Jerónimo.
A Mariconera era a outra versão. Mais popular, vendia-se em montões e ao quilo nos armazéns do Conde-Barão ou na Rua dos Fanqueiros e obedecia a uma forma mais rectangular. Não possuía alça para ser usada a tiracolo e embora existissem algumas em pele, geralmente o pergamóide ou o plástico mais descarado faziam a vez. Possuíam um zip sempre a abrir e a fechar, num tique nervoso que contaminou milhares de aderentes. De lá saíam bilhetes cor de rosa do Metro, outros de várias cores da Carris - amarelos, azuis, rosa ou verdes -, o corta-unhas, a lima metálica de ponta curva para limpar o surro, um pente do nécessaire, cautelas da lotaria, chaves do Totobola, o BI, o porta chaves da FEPU (para quem não saiba, o primeiro travesti do PC + MDP/CDE + FSP, de seu nome Frente Eleitoral Povo Unido). A Mariconera era usada debaixo do sovaco e que me lembre, o único fulano da direita que se atreveu a isto e às infalíveis patilhas e gravatas-bacalhau às riscas, foi o prof. Mota Pinto.
Nos "dirigentes de classe" - no tempo em que batiam palmas sincopadamente, ao estilo "só-viético" - , a Mariquette compunha o todo da moda: camisola em mousse - bordeaux ou verde-seco - enfiada nas calças de ganga "à jovem", botinha de salto e fecho com zip, casaco aos quadrados pré-Burberry's em vários tons de castanho e mel - abas "avião" -, óculos de grossos aros em massa negra. O toque chique era dado pelo cabelo grisalho já a denotar calvície na fronte - como agora se vê em Balsemão e Santana - e bastante comprido e enrolado atrás. Antes da epoca do Linic, a caspa semeava de neve os ombros ligeiramente enchumaçados, mas ninguém levava a mal. Adereços indispensáveis eram os jornais Avante!, Diário de Lisboa ou para os mais "propênsicos" ao frentismo, o Jornal. O basista proletariado ficava-se pelo Avante!, Gaiola Aberta - cuscando as tetas e trancas primorosamente desenhadas pelo grande Vilhena -, pela Sentinela ou por um dos desportivos.
Outros tempos, mas as mesmas gentes.
1. Os jovens que decidiram não participar no dia da Defesa Nacional, embora estejam sujeitos a coimas, não serão penalizados. Típicas esquisitices militantes de um sistema que é por si, absurdo. Tendo abruptamente sido extinto o SMO, porque razão teriam os ditos jovens de participar nestas actividades? Sabemos que Portugal não é um país que possa dar-se ao luxo de umas Forças Armadas profissionais e para mais, a situação internacional exige a revisão do actual estado de coisas. A ver vamos se passada a data de 5, o Dia D do 6 de Junho trará novidades neste sector da frente.
2. O conhecido cabeça rapada traulitanês e "malhador da direita" - colega do outro que dizia que "quem se mete com o PS, leva!" -, está indignado pelo descaramento de uma meia dúzia de contra-manifestantes. Ridículo, no preciso momento em que o seu Partido organizou formas de "segurança" ou "abafadoras de voz" que são no mínimo, abusivas. A par do "encarte" do aborto, aqui está mais um lançamento paraquedista em St. Mère Église, em vésperas do 6 de Junho, o Dia D.
3. Um dos eternos figurantes do sistema, diz que não devemos procurar "bodes expiatórios no passado". Convem-lhe. Interessante posicionamento no seio de um regime habituado a encontrar todo o tipo de responsabilidades, estejam estas na ascensão da nobreza durante o reinado de D. Manuel I, na "irreflectida" Restauração da Independência Nacional em 1640, nos "ouros" de D. João V, na Inquisição, na Viradeira, na "lamentável" derrota das invasões francesas, na mudança da capital para o Rio de Janeiro, em D. Miguel, na Filoxera, na Inglaterra do Ultimato, em D. Carlos I e João Franco, na Rainha Dª Amélia, em Pimenta de Castro, Sidónio, no Kaiser Guilherme II e respectiva guerra de 1914-18, na Pneumónica, em Alves dos Reis, no "feichisme/fá-sismo" de quem a 3ª República descende e é herdeira, na Sra. Merkel, etc, etc, etc.
É claro que este "Conselho da Esponja" envolve a eterna questão: dinheiro! Aqui está uma atempada tomada de posição na rectaguarda, garantindo a defensiva no pós-6 de Junho, o Dia D.
4. Após as Ferreiraleitadas (VI), Marquesmendices (VI), Pachecopereiradas (IV), Santanarices (III) e Capuchadas (VI), o Sr. Marcelo Rebelo de Sousa (I) chegou à campanha, pondo-se ao lado de Pedro Passos Coelho. Aconselhamos este líder a ter o máximo cuidado com os estiletes ou anéis de caixa. No tudologista-palrador de Domingo à noite, está um possível adesivo do 6 de Junho, o Dia D.
5. Luís Amado (V) "diz que" também estará ao lado de Sócrates no comício de Braga. Aqui vai surgindo um possível ersatz para o 6 de Junho, o Dia D.
6. Num súbito rebate de consciência, o sensível-social Sr. Seguro, apela ao voto útil. Faz bem, pois Portugal muito tem penado com estas omnipresentes partidárias inutilidades em S. Bento.
7. A "pilota de aviões" (II) - Pilota quase parece um nick regimental à moda da Quinta da Marinha - esclarece-nos and so what?! que o seu voto é o segredo da sua vida. Que bom... Leiam a entrevista, vale a pena. Gostámos do toque cerzideiro neo-realista dos "fatinhos virados ao contrário, para a confecção de calcinhas e saias-evasé", vulgo saia-saco. Está-se mesmo a ver.
* "No percurso de seis meses foi nomeado conselheiro da Santa Casa (I), mordomo dos Lázaros e dito do Recolhimento das Velhas (II), fiscal das Meninas Desamparadas (III), vice-ministro da Ordem Terceira de São Francisco, prior da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, protector do Terço e Caridade (V), prior da Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade (VI), vice-director da Irmandade da Lapa (IV)."
Camilo Castelo Branco, A Corja
1. Financiamento estatal a empreendimentos reprodutivos e criadores de emprego a longo prazo.
2. Estabelecer um montante de isenção fiscal para as PME e empresários em nome individual.
3. Adiamento da construção do novo aeroporto de Lisboa (e o possível a outras infraestruturas situadas nas imediações da capital: Montijo, Alverca, Tires).
4. Taxação de transacções na bolsa de títulos detidos há menos de um ano e geradoras de mais-valias.
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Mas por que raio insiste o FB em sugerir-me Ana Gomes e Jamila Madeira como amigas? Deve ser porque temos 40 amigos em comum. Mas isso assusta-me.