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Não sei como era dantes, mas as regalias dos ex-Presidentes dos cargos dirigentes do Estado sempre me pareceram imorais. O termos de, com os nossos impostos, suportar Gabinetes, secretários, automóveis, motoristas, e não sei quantas coisas mais, de quem exerceu funções ao serviço da " Res Publica " vejo-o como um escândalo. Pensei que tivesse chegado a altura, finalmente, de acabar com essas benesses injustificadas. Engano. Que essa moralização está longe de acontecer evidencia-o o facto de a actual Presidente da A.R. continuar a " tradição ", a má tradição, ao atribuir idênticos privilégios a um antigo Presidente da mesma Casa, não relevando sequer o estarem os contribuintes " à rasca ". Mudança ou apenas remendos? A um passo em frente segue-se um atrás...
" Bravamente é apaixonado o Sr. D. Júlio, acudiu o doutor, pelas coisas da nossa pátria; e tem razão, que é dívida que os nobres devem pagar com mais pontualidade à terra que os criou (...)é a língua pportuguesa branda para deleitar, grave para engrandecer, eficaz para mover, doce para pronunciar, breve para resolver, acomodada às matérias mais importantes da prática e escritura. Para falar é engraçada, com um modo senhoril; para cantar é suave, com um certo sentimento que favorece a música; para pregar é substanciosa, com uma gravidade que autoriza as razões e as sentenças; (...) para histórias nem é tão florida que se derrame, nem tão seca que busque o favor das alheias. A pronunciação não obriga a ferir o céu da boca com aspereza, nem arrancar as palavras com veemência do gargalo.
Tem de todas as línguas o melhor: a pronunciação da latina, a origem da grega, a familiaridade da castelhana, a brandura da francesa e a elegância da italiana. Tem mais adágios e sentenças que todas as vulgares, em fé da sua antiguidade. E, se à língua hebréia pela honestidade das palavras chamaram santa, certo que não sei eu outra que tanto fuja de palavras claras em matéria descomposta quanto a nossa. E para que diga tudo, só um mal tem, e é que, pelo pouco que lhe querem seus naturais, a trazem mais remendada que capa de pedinte."
Francisco Rodrigues Lobo, « Corte na Aldeia »
Pedro Passos Coelho anunciou ter cortado radicalmente no números de chauffeurs de serviço à presidência do conselho de ministros. Mais ainda, ficámos todos a saber que Sócrates podia contar com 23 motoristas para o que desse e viesse. Curiosa esta fartura, hoje reduzida a 14 (ou 11?) condutores de Mercedes, a 150.000 Euros por limusina.
Já não me recordo do nome do conhecido motorista de Estaline e não me apetece consultar Simon Sebag Montefiore para me avivar a memória. Quanto ao Führer, lembrei-me de Erich Kempka, o homem que substituiu Julius Schreck e Emil Maurice. Durante muitos anos condiziu o Grosser-Mercedes de Hitler. Assim, sabe-se que o ditador alemão possuía um motorista permanente.
Por cá e em democracia, ficamos à dúzia. Coisas do progresso. Já agora, gostávamos de saber se a dose de farturas é extensível ao Palácio de Belém, o tal que é ocupado por alguém que gosta de utilizar o Falcon quando tem um C-130 à espera na pista de Barcelona. Gente fina é outra louça.
Via Margarida Pereira, recebi o seguinte texto:
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Olhem que maçada, que coincidência. Há uns dias, aventávamos a hipótese de o rapaz Breivik pretender uma República na Noruega. Parece que acertámos, pois a imprensa daquele país diz que o Palácio Real era um dos alvos, dado o seu valor simbólico. Agora percebe-se o porquê do silêncio de um certo sector político lusitano que foi o primeiro a reagir com os entusiasmos e apontar de culpas do costume. Agora a situação é outra, alternando o silêncio com a desculpa da maluquice.
Aqui temos um Afonseco Costa: conspiração, assassínio e bombas. Tal e qual como há umas boas décadas. Onde é que já vimos isto?
Nestas guerritas do "render da guarda" - que afinal de contas é sempre a mesma, mas com dragonas diferentes -, chovem afirmações e desmentidos acerca de limpezas. No preciso momento em que quando nos atrevemos a publicar algo de menos agradável se sucedem os ataques aos mails, computadores e telefones, será mesmo desejável essa vassourada, desde que esteja conforme aquilo que deve ser um Estado de Direito. Não chegará varrer o pó para debaixo da carpete, como é costume fazer-se. Aconselhamos o uso de um aspirador que por sinal, poderá também ser usado noutros locais. Na Armada, por exemplo.
Recebi esta estranha mensagem que diz provir do Sapo (customerserviceaccount1@auto.lt). A partir daquele momento, deixei de poder de enviar qualquer e-mail, embora já há alguns dias tivesse notado o desaparecimento de algumas das funções no "blogger Sapo". Dado o português claramente macarrónico da comunicação, não respondi. Quantos mais terão recebido o comunicado? Gostava de saber.
"Caro User Account sapo.pt
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"Países que recebem ajuda deviam ceder parte da sua soberania à União Europeia"
Devo ser eu que estou muito desatento mas não me lembro de ter ouvido uma declaração que fosse, uma, por parte dos responsáveis portugueses acerca desta intervenção do ministro alemão. Gaspar, Portas e Passos aos costumes disseram nada. E vamos andando...
A este propósito merece a pena ser lido o excelente texto de Luís Menezes Leitão disponível aqui.
Um pormenor que me chamou a atenção no caso do duplo atentado mortífero na Noruega: um dos entrevistados foi o pai de Anders Breivik, o terrorista do momento. Ao que parece, o senhor, um diplomata na reforma a viver no Sul de França, separou-se da mãe do autor dos atentados quando ele tinha um ano e não tem contacto com ele há 15. Diz-se agora "absolutamente chocado" e espera que o filho "se suicide".
Mas já que ele aprova o suicídio, talvez estivesse na altura de comprar cianeto, uma corda resistente ou um par de balas. É que um pai que corta o contacto com um adolescente quando este tem dezassete anos tem no mínimo as suas responsabilidades. Sabe-se que os nórdicos têm uma visão dos laços familiares bem diferente da que temos no Sul da Europa. Se a emancipação precoce é largamente fomentada, também a quebra de relações familiares se tornou regra. Não só se pretende que os jovens se "façam à vida" muito novos, como ao que parece, devem cortar definitivamente com as origens. Um caso na minha família, através de um casamento, demonstrou-me como o afastamento das raízes familiares pode ser perverso e doloroso. É dos tais casos em que os sistemas nórdicos nada têm de "civilizados" ou "superiores". O corte e o enfraquecimento das relações familiares representa antes decadência, individualismo extremo, e talvez explique em parte a alta taxa de suicídios na região. A referência paterna, o apoio familiar em ocasiões de crise, a inculcação de valores de pais para filhos é vital para qualquer desenvolvimento são. E nenhum pai que se preze corta simplesmente os contactos com um filho de dezassete anos. Para mais, não parece padecer de problemas económicos. Ao que parece, o progenitor "biológico" não pensou nem pensa nisso. Já que os noruegueses estão em reflexão, recuperando do choque, Talvez fosse uma boa ocasião para pensar se não terão falhado no espezinhamento dos seus valores familiares.
Uma conversa ao nível da tasca de caracóis na Feira da Ladra. Se um é um conhecido provocador blasé, a oxigenada oponente não lhe está ao nível e caiu numa armadilha primitiva. É esta a gente que manda em Portugal, sendo os espelho de uma realidade que ninguém poderá ignorar. É a República Portuguesa no seu melhor e com um bocadinho de sorte, bem merecem uma comenda no próximo 10 de Junho.
Onde é que já vimos isto? Ficámos a saber que os gestores da empresa foram "aconselhados" a precaverem-se nos caminhos percorridos dentro do estaleiro, assim como evitarem tomar refeições na cantina. À maneira dos antigos documentários da Revolução Cultural chinesa que até aos nossos dias chegaram, os bandidos do "patronato" deverão manter a cabeça baixa e olhar timidamente, por "debaixo da burra" e sem qualquer direito a um esboçar de sorrisos. Afinal, a gestão do ENVC costuma almoçar com o operariado? Julgávamos que isto demonstrava qualquer coisa de positivo, mas pelos vistos, a obsessãozita pela "luta de classes" segue de vento em popa. Como há 60 anos. Que atraso! E é esta uma "empresa do Estado"? Visando salvar o ENVC, não poderá o PC aconselhar o governo a investir na construção de uma série de navios para a Armada? Aqui está mais uma das apetitosas "contradições" da "dialéctica".
Quanto a salários e mordomias hollywoodescas da administração, essa é outra estória, bem ao estilo das "empresas públicas".
Como ontem dizíamos, este parece ser um caso que traz para a realidade da rua, aqueles jogos com que muitos se entretêm no computador ou na play-station. Já o suspeitávamos e agora a coisa confirma-se. Com alguma dificuldade, vamos sabendo algo acerca de Breivik. Longe de ignorante, o norueguês leu, informou-se e procedeu a uma amálgama de dados, compondo-os de forma a adequar aquilo a que já apontámos como tradições do velho Norte, à realidade de uma Europa que é hoje muito diversa daquela que existia no final da II Guerra Mundial. Breivik não pode ser apenas aquilo que a imprensa tem designado como "fundamentalista cristão". Há elementos novos, difíceis de catalogar. Favorável ao aborto, bastante condescendente para com o sexo casual e pornografia, é um acerbo crítico do Papa "traidor" Bento XVI, sendos estes alguns dos elementos que podem de imediato ser apercebidos nos seus longos e por vezes confusos textos, colocados à nossa diisposição por alguém que os traduziu para o inglês. Membro da Soilene, a loja de S. João da Ordem Norueguesa dos Maçons - a foto que corre o mundo é de 2010 - de Oslo e grande adepto de jogos de RPG online e offline - World of Warcraft, BioShock e Fallout -, Breivik está muito longe de ser um imbecil semi-analfabeto. Decerto megalómano e fanaticamente crente num destino pelo próprio criado, é sem qualquer dúvida, um homem muito diferente daquilo que imprensa e advogados querem hoje fazer crer, remetendo-o para um caso de manicómio. Dados os embaraços causados por aquilo que declara - foge a quase todos os arquétipos atribuíveis ao extremismo tradicional e "é um nazi" pró-israelita e pró-cigano -, não nos admiremos muito se o caso rapidamente desaparecer dos noticiários. Não convém ao universalmente aceite.
Entretanto, este texto do Combustões aborda o problema sob o prisma da incómoda verdade que tem de ser encarada. Aqui deixamos um curto excerto:
"O homem da bomba de Oslo pode ser tudo, mas não é um tolo. É isso que incomoda, e como incomoda, há que defini-lo como "louco". Como os loucos são inimputáveis, a loucura é tratada em asilos e não há tribunal que a possa acolher. Estranho, mas talvez não, pois com o julgamento da criatura, com tanta filiação em boas causas e boas associações discretas, corre-se o risco de perder o controlo sobre a dita opinião pública (a opinião que se publica). Repararam, sem dúvida, que do coro inicial de indignações dos cátaros da "democracia" deu lugar ao coro de psiquiatras, psicanalistas, sexólogos e demais sacerdotes das religiões em prática. Estranho, depois de sa saber que, afinal, o homenzinho se afirma "sionista", "democrata, anti-nazista, anti-católico e anti-muçulmano."
Veja tudo aqui, no Fórum Cidadania.
Não se trata de uma mania. É a realidade incontornável e que explica muita coisa.
O massacre executado na Noruega, consiste num daqueles eventos que inevitavelmente ocorreria naquele ou noutro país próximo de nós. Independentemente da verdadeira opção política do autor do crime, cremos que os media se apressaram a apontar o dedo ao que se considera ser a extrema-direita. Neste conceito cabem vários matizes, desde os sectores mais conservadores da chamada direita clássica, até aos grupos nacional-socialistas que nos pressupostos e prática revolucionária, mais seriam condizentes com o que denominamos de extremismo esquerdista que ocasionalmente ataca em dias de organização de cimeiras internacionais. Para confundirmos ainda mais a questão das "fidelidades ideológicas", recordemo-nos da osmose eleitoral que ocorreu há vinte e cinco anos em França, quando o PCF foi despojado dos seus tradicionais votantes que até aos nossos dias, se passaram para a Frente Nacional de Le Pen.
O rapaz Breivik é mais um destes alucinados à beira de uma explosão manienta que no seu caso, aconteceu da pior forma, espantando o próprio artista da grande cena. Noutras paragens, simplesmente teria feito o mesmo numa universidade, geladaria ou centro comercial, não invocando qualquer razão especial. Este Breivik julga-se um iluminado e dada a repercussão mortífera do acto, torna o acto digno de comentários que escapam aos similares crimes de sangue que ciclicamente preenchem os noticiários.
Os textos que nos vão chegando, apontam para uma completa desorganização conceptual, sendo nisto paradoxalmente inovador. Ali não se vê qualquer laivo de fascismo ou do nacional-socialismo pretérito, mas uma mescla de sonhos de Cruzadas com elmos resplandecentes de um passado que muitos ainda consideram vivo e bem presente. Em suma, um autêntico jogo de play-station tornado realidade. As sagas nórdicas poderão ter apimentado o todo e para consolidar o incómodo geral, eis que surge uma boa parte da população de Israel, como potencial aliada táctica a defender, tirando o apetecido argumento redutor invariavelmente utilizado para colocar uma pedra sobre um assunto indigesto. Mesmo a sua noção de multiculturalismo não é nítida, fixando-se apenas na questão islâmica. Se os judeus são aparentemente integráveis, então como poderemos considerar os conceitos do rapaz Breivik? O que é afinal aquilo que diz ser o multiculturalismo?
Alternando os uniformes paramilitares com o avental maçónico e assumindo-se como "anti-racista, anti-totalitário, anti-nazi, anti-fascista, anti-islâmico, anti-democrático - naquilo que considera ser a democracia representativa -, anti-pacifista, anti-Estados Unidos da América, anti-imperialista, anti-feminista", encontramo-nos perante alguns dos princípios que considera como fundamentais. Uma espécie de base de acção como a daqueles grupos que nos EUA combatem o chamado ZOG, mas neste caso, sem o nazismo dos Sieg Heil! ou o sempre conveniente "caso judaico". Será isto algo de novo, ou a invocação do regime de Vladimir Putin é susceptível de nos oferecer uma pista? Não nos parece próprio, sequer considerar qualquer uma das hipóteses.
Não estamos perante algo de sólido ou relevante. Para já, talvez seja um tema do foro psiquiátrico, pois a política tem "costas largas". O rapaz Breivik é um chanfrado, mas há que reconhecer a existência de um problemático caso na Europa.
"A redução das taxas de juro e o aumento do prazo de pagamento só se aplica às novas parcelas de empréstimo que chegarem a Lisboa. Foi falado mas não se concretizou. Na preparação da cimeira de europeia, países como a Holanda e a Finlândia, exigiram que alguns activos dos Estados resgatados fossem dados como colateral para futuras tranches de crédito e as ilhas gregas e as reservas de ouro português foram invocados como garantia de novos empréstimos. As parcelas de território grego chegaram mesmo a fazer parte de um documento de trabalho durante a cimeira, no quadro do segundo resgate, e as reservas de ouro português, que não podem ser usadas para abater no défice, foram dadas como exemplo de um activo que poderia ser dado como garantia. Ou seja, no caso destes países não poderem honrar as suas dívidas com a União Europeia (UE), estas dívidas seriam cobertas por activos nacionais, antes de activar as garantias dadas pelos países do euro. O assunto acabou, no entanto, por morrer, com as garantias a serem compensadas pelo aumento da participação do sector privado no resgate grego, indo ao encontro dos anseios precisamente da Holanda e da Finlândia, bem como da Eslováquia e da Alemanha. A penalização dos privados acabará, no entanto, segundo técnicos europeus contactados já na passada sexta-feira, por sair mais caro aos contribuintes europeus do que o modelo de socorro concedido a Portugal e Irlanda. O segundo programa para a Grécia inclui financiamento para operações de compra de dívida no mercado secundário e de troca de velhas obrigações por novas, o que contribui para aumentar a sustentabilidade da dívida grega. Para os países mais conservadores foi a moeda de troca para aceitar voltar a emprestar dinheiro à Grécia, ainda que sob forma de garantias, sempre na lógica - tão popular - de partilhar os custos com os privados. O problema é que isso terá um preço."
In: Diário Económico, 25.07.2011