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"What if there are no aliens?"
"Then we are screwed!"
Miguel Castelo-Branco, A morte do pequeno deus:
«A crise que vivemos é a crise da ficção dos governos. Na presente crise, a excepção parece ser a dos países onde não há governo. Na Europa em pré-bancarrota, o único país que se tem saído bem é a Bélgica, que esteve sem governo durante ano e meio. Onde há políticos e gestores do imediato, há crise; onde não os há, a crise parece resolver-se de forma natural. No fundo, a crise dos governos é a crise de um modelo. No Antigo Regime, que tinha governos mínimos, quase sem funcionalismo, os governos serviam o Rei e não se envolviam em minudências. Os chamados corpos intermédios cuidavam do essencial, resolviam os problemas e encontravam soluções. Hoje, que os governos são complexos, pesados, estão em todo o lado, legislam sobre tudo, as crises tornam-se generalizadas, invadem todos os campos da vida colectiva e imobilizam as sociedades.»
De acordo com a sondagem do jornal Expresso, o Governo está no "grau zero" da confiança dos Portugueses.
Embora jamais tenha visto António Costa a bordo de qualquer carruagem do Metro lisboeta - conduz um "espada", não é nenhum D. Duarte Pio -, creio que o edil está cheio de razão quando se insurge contra o eventual encerramento nocturno do Metropolitano. Antes pelo contrário, aos fins de semana podia ser ensaiada a sua abertura durante toda a noite, nem que isso significasse a passagem de um comboio de hora a hora. Evitavam-se os incontornáveis problemas automobilísticos dos "indignados e enrascados ases do volante" empanturrados em imperiais, caipiroskas, pós e outros etc. Num momento em que deve ser incentivado o uso dos transportes públicos, a intenção do fecho do Metropolitano apenas pode ser uma atoarda reaccionária dos "outros que saíram", ou mais um episódio do portuguesíssimo Jornal do Incrível feito lei.
Enquanto escrevo um artigo sobre indignados e "ocupas" para o próximo número do Lado Direito, jornal da JP Lisboa, veio-me à memória uma aula do primeiro ano da licenciatura em que um desses académicos frustrados e infelizes, daqueles que pouco ou nada de original têm e que se limitam a uma espécie de enciclopedismo que se fica pelos redis do sindicato das citações mútuas, dizia que a Teoria das Relações Internacionais era cada vez mais a ciência do quotidiano. Quão ridícula e redutora perspectiva.
Muitas das perspectivas da Teoria das RI não levam em consideração conhecimentos e ensinamentos das ciências de que se diz ter autonomizado e que muitos autores se esforçam até por repudiar – porventura consoante sejam mais fracos nesses domínios, desde a História à Filosofia, passando pela Ciência Política, Economia e Direito. Exemplos claros são as chamadas “narrativas” idealistas pautadas por dogmas ideológicos como o Fim da História, ou o construtivismo da governança global. Ademais, não tendo tanta relevância a perspectiva de Kenneth Waltz de que a primeira unidade de análise da realidade internacional é o indivíduo, sendo o Estado a unidade de análise principal para a grande maioria dos autores, a TRI tornou-se demasiado circunscrita. Nada contra, até porque tal consubstancia a sua autonomização científica. Simplesmente não me parece intelectualmente honesto circunscrever um objecto de estudo e autonomizar uma ciência para depois clamar domínio sobre todas as outras – ainda que apenas tenha ouvido isso da boca de uma só pessoa da área. É que muitas das outras ciências tentaram fazer o mesmo, e já cá andam há mais tempo. Talvez um bocadinho de humildade académica não fizesse mal.
Mais, a proeminência de economistas nas tentativas de explicação dos tempos que vamos vivendo é, também, um sintoma de que os modelos explicativos da TRI estão esgotados, o que é apenas normal se considerarmos que a Economia Internacional assenta nos ensinamentos do keynesianismo (ou não tenha Keynes sido o grande arquitecto do sistema de Bretton Woods).
Maria Filomena Mónica, no Expresso de ontem, via Delito de Opinião:
«Encontrei uma solução que gostaria de apresentar. Em vez de me cortarem um quarto no vencimento, bastaria despedir nove de entre os meus colegas que, ao longo dos anos, não escreveram dez linhas aproveitáveis. Já agora, talvez não fosse má ideia pôr na rua os docentes que não preparam aulas, os que faltam aos compromissos académicos, os que promovem os amigos e os que andam a "salvar" o mundo com propaganda que introduzem na sala de aula.»
Tom Toles, no Washington Post
Já começaram a ser expedidos os cartões de Boas Festas do Ministério das Finanças. Contudo, e para evitar custos de correio, uma nova forma de expedição foi encontrada e cada funcionário do Ministério fará a sua entrega pessoal em casa dos contribuintes lusos, junto da sua área de residência, antes do início do seu trabalho ou no final do mesmo. O primeiro dos postais foi remetido para Paris via mala diplomática e será pessoalmente entregue na casa de um conhecido estudante de filosofia daquela capital.
É só uma questão de meses. O próximo alvo está escolhido de há muito. De forma totalmente irresponsável, os americanos e os seus aliados europeus já traçaram o destino da Síria: o de a transformar, como refere o seu Presidente, num novo Afeganistão. Será que nunca aprendem?
O Sr. Peces-Barba é apontado como um dos "pais" da Constituição espanhola e talvez tenha sido uma das genialidades que engendrou o esquema das Autonomias que por lá não poucos estragos têm ocasionado.
Incorrigível galhofeiro, resolveu considerar uma má escolha a opção de Madrid por Barcelona, "deixando Lisboa" ir à sua vida em 1640. É claro que tudo isto se resume à estranha paranóia megalómana dos nossos vizinhos, até porque uma consulta a um manual da Primária de outros tempos, dirá que os portugueses souberam fazer o serviço completo, apesar de grandes exércitos comandados pelos mais conhecidos "Martes" espanhóis. Este Peixe-Barbudo talvez jamais tenha ouvido falar de Montijo (1644), Linhas de Elvas (1659), Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664) e a nossa réplica Rocroi, dada a dimensão dos efectivos em contenda e o resultado final da mesma: Montes Claros (1665). Nem sequer valerá perdermos tempo a lembrar a este pescado fora de prazo, o que significou a restauração do Brasil e Angola. Pelas reacções em Espanha e o crispar de posições nas tais "nacionalidades", podemos estar descansados: os projectos pessoais de certa gente que por cá quer vender este tipo de peixe, não encontrarão banca disponível na praça.
No entanto, o Peixe-Barbudo acabou por procurar remediar a patetice recorrendo ao infalível futebol, esse farol do conhecimento. Pobre diabo...
Hoje, os governos são na sua generalidade máquinas de prestidigitação, edifícios complexos abrigando uma floresta de instituições servidas por gente desclassificada, sem outra preparação específica que as artes práticas das logomaquias parlamentares; os governos converteram-se em inimigos do bom-senso e até da natureza. As crenças desenvolvimentistas estatelam-se e o progresso – esse monstro – vai mostrando o erro trágico de décadas de sedução perante o abismo que ninguém queria ver.
O Sr. Jorge Sampaio dos 500 "Euritos" por reunião e agora novamente Presidente de qualquer coisa que também é uma das tais gordurinhas do Estado - mais uma Comissão que se estenderá no tempo -, diz que "Portugal não se pode dar ao luxo de ter uma recessão". Além de outras tantas balelas inconsequentes, o luxuoso e regalado conviva, esqueceu-se dos tempos em que alegremente assobiava para o lado, enquanto os "seus governos" tudo faziam para enterrar o país na fossa onde se encontra.
O descaramento é proporcional à insignificância choramingas de certos vultos.
Enquanto a minha mulher arranjava o cabelo (actividade quinzenal demorada), aproveitei a lindíssima tarde de hoje para ir até à margem norte do Tejo entre a ponte Vasco da Gama e a foz do Trancão e maravilhei-me com a dúzia de flamingos e um punhado de pequenos pássaros (garças?) ali a talvez não mais que 50 metros de mim. A luz, para mais, era esplendorosa e eu tinha duas horas. Gastei-as a ler o ensaio de José Manuel Fernandes, distribuído hoje com o Público, intitulado "Liberdade e Informação" que aproveito para recomendar especialmente àqueles, como eu, que não conhecem a história do jornalismo.
Nas páginas 52 e 53, José Manuel Fernandes evoca um episódio (pelos vistos clássico, ainda que só agora o tenha descoberto) na relação entre o jornalismo e o Poder. Resume-se na sucessão de títulos que o jornal realista Le Moniteur vai exibindo à medida que Napoleão Bonaparte, desembarcando no sul de França vindo do exílio na ilha de Elba, se aproxima de Paris: «O antropófago saiu do seu covil»; «O ogre da Córsega acaba de desembarcar no golfo Juan»; «O monstro dormiu em Grenoble»; «O tirano atravessou Lyon»; «O usurpador foi visto a 60 léguas da capital»; «Bonaparte avança a grandes passos, mas nunca entrará em Paris»; «Napoleão chegará amanhã às nossas muralhas»; «O Imperador chegou a Fontainebleau»; «Sua Majestade Imperial fez a sua entrada no Palácio das Tulherias, por entre os seus fiéis súbditos».
Parece-me bem espelhado nesta história, verdadeira, o temor quanto ao exercício do poder das sociedades estatistas, iliberais. Daí a horrível importância da não privatização da RTP (à excepção de um canal generalista) e do que já está a suceder nas empresas de comunicação social privadas, enfraquecendo-as(*), tornando-as mais dependentes do Estado (José Pacheco Pereira, hoje no Público).
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(*) - Não me refiro à decisão de privatização de um canal de televisão daí decorrendo uma concorrência acrescida por um bolo publicitário que não se afigura que cresça nos próximos tempos (bem pelo contrário). Se aparecer algum concorrente à privatização - e é evidente que tal irá ocorrer - a concorrência irá aumentar e os preços da publicidade irão provavelmente baixar. Mas não é este o fundamento básico de funcionamento de um mercado?
Refiro-me, isso sim, à possibilidade de também a televisão do estado - a futura RTP Informação - querer continuar a comer parte do bolo publicitário (amanhã ou num futuro não muito longínquo...), ao mesmo tempo que se respalda nos consumidores ("contribuição" audiovisual) e contribuintes (imdemnizações compensatórias) não fazendo mais nem melhor do que os privados já o fazem pelo que não passa de uma mera e caríssima inutilidade.
Soren Kierkegaard, O Banquete ou In Vino Veritas:
«Estais agora a ver, meus caros amigos as razões por que renunciei ao amor. As minhas razões são tudo para mim; o meu pensamento é tudo para mim. Se o amor é o mais delicioso de todos os prazeres, recuso-o; recuso-o sem pretender com isso ofender ou desdenhar alguém. Se o amor é a condição do maior benefício, perco a oportunidade de bem fazer, mas salvaguardo o meu pensamento. Não é que eu esteja cego para a beleza, não é que eu esteja surdo para as harmonias e as melodias. Não. O meu coração não é insensível ao cantar dos poetas que gosto de ler, a minha alma não é destituída de melancolia e não deixa de sonhar com as belas imagens do amor. A verdade é que não quero ser infiel ao meu pensamento, pois, se o fosse, o que lucraria com isso? Quanto a mim, não sinto felicidade quando não sinto o meu pensamento livre; nem quando tivesse de interromper os meus pensamentos para me ligar a uma mulher, para gozar as maiores delícias; porque a ideia é para mim o meu ser eterno, e, por isso, mais preciosa ainda do que um pai ou de que uma mãe, mais preciosa ainda do que uma esposa. Bem vejo que se algo deve ser sagrado, é o amor; que se a infidelidade é algures infame é no amor; que se alguma traição é ignóbil, é no amor; mas a minha alma é pura, nunca olhei mulher alguma que a cobiçasse; nunca andei como borboleta em inconstantes voos até que, cego ou empurrado pela vertigem, fosse cair na mais decisiva das situações. Se eu soubesse em que é que consiste o amável, saberia também com exactidão se estarei ou não isento de culpa por ter induzido alguém em tentação; mas como ignoro o que é o amável, posso apenas ter a convicção de que conscientemente, nunca tal fiz nem quis fazer. Suponde agora que eu tivesse capitulado, que me tivesse resolvido a rir ou que sucumbisse de medo, o que talvez fosse possível. Sim, eu não sou capaz de encontrar a via estreita pela qual os amantes tão facilmente seguem como se fosse larga, imperturbáveis em todas as vicissitudes como se tivessem estudado e aprofundado, no nosso tempo que examinou já, sem dúvida, todos estes problemas, e, portanto, compreende também este meu pensamento: não tem sentido agir segundo o imediato, para ter sentido é indispensável passar pela meditação, por conseguinte é preciso esgotar todos os modos possíveis de pensamento antes de passar aos actos. Mas, que dizia eu? Suponde que eu tivesse sucumbido. Não teria eu então, irremediavelmente, ofendido a minha bem amada com o meu riso, ou não teria eu, pela minha retirada, causado para sempre o desespero dela? Quanto à mulher, vejo bem que ela não pode chegar a tão alto grau de reflexão; aquela que julgasse cómico o amor (usurpando assim o privilégio dos deuses e dos homens; porque é ela, mulher, por natureza a tentação que os incita a tornarem-se ridículos) trairia por isso inquietadores conhecimentos prévios, e seria portanto a pessoa menos apta para me compreender; aquela que concebesse o meu receio teria por isso perdido a amabilidade que era o seu encanto, sem que por isso ficasse apta para compreender; de um ou de outro modo, a mulher seria aniquilada, o que eu não sou nem serei enquanto tiver o meu pensamento para a minha salvação.»
Todos reconhecem os inestimáveis serviços que a nossa amiga Augusta Menezes quotidianamente tem prestado à Causa, no seu blog Família Real Portuguesa. Como alertei há uns dias neste post, é imperiosa a colaboração de todos para o progressivo esclarecimento dos portugueses. Sendo um inegável facto o recrudescer da simpatia pela instauração da Monarquia em Portugal, a mensagem tem encontrado eco em toda a sociedade e já chega aos mais importantes jornais do país. A prova disso, é a coluna que hoje mesmo Fernando Madrinha deixou no Expresso do oportunamente republicano Sr. Balsemão.
Já se contrapõe abertamente o exemplo do Rei D. Carlos I, à péssima, abusiva, inconsciente e absurda prestação do Presidente em exercício e dos respectivos antecessores-colegas na capitosa reforma.
À hora do almoço, passava diante da Cartola, uma pastelaria perto de minha casa. Cruzei-me no passeio com uma família. A filha mais velha, uma miúda de uns dez ou onze anos, vestia uma sweat-shirt branca, com uns dizeres em lantejoulas bordeaux. O brilho das letras apenas dizia SLUT!
Repito: a miúda deve ter uns dez ou onze anos. Nem sequer estranhando o facto de os pais talvez não saberem o que slut significa, parece ainda mais incrível a existência deste tipo de vestuário à venda. Devo mesmo ser muito reaccionário...
A Presidência da República representa uma factura de 16 milhões de euros por ano, o que corresponde a um valor de 1,5 euros por cada português.
Este número sustenta 12 assessores e 24 consultores, além dos restantes elementos do séquito pessoal que assegura o financiamento da presidência da República, de acordo com o jornal i.
Cavaco Silva faz-se rodear de um regimento de quase 500 pessoas, fazendo com que os 300 elementos a trabalhar no Palácio de Buckingham, e os 200 que servem o rei Juan Carlos de Espanha pareçam insignificantes.
Os 16 milhões de euros anuais são um valor 163 vezes superior à presidência de Ramalho Eanes, gastando o chefe de Estado luso o dobro do rei de Espanha (8 milhões)(...)
Andam mesmo aflitos. Neste preciso momento, está na SIC Notícias um painel composto pela Isabel Moreira e por um fulano que nunca vi "mais gordo". Insurge-se o homem contra as mordomias do regime, dizendo que "vão contra" os sacrossantos princípios republicanos e já por diversas vezes trouxe a Monarquia à baila. De repente, os comensais tornaram-se teoricamente frugais e tecem loas à morigeração de costumes, apontando incompatibilidades entre a "decência republicana" e o corrupio de deboches que há décadas e décadas temos assistido. "Decência" existia no nepotismo descarado do regime de Afonso Costa, assim como naquela época, "decentes" eram aqueles princípios que diziam que o Estado era só para os republicanos. Estado era sinónimo de lugares cativos e respectivas mercês. O mesmo se passou de outra forma na sucessora II República, enquanto esta III já a caminho de abrupta extinção, é a imbatível campeã no sugadouro.
Enfim, aflitinhos, desatam a disfarçar e desapertam os cintos antes que as calças fiquem sujas.