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No Brasil, até as Prefeituras Municipais mostram orgulhosamente as nossas bandeiras e tudo o que elas significam.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros de um país independente há oito séculos, atrevidamente declarou hoje que o 1º de Dezembro "não é infelizmente celebrado pelas instituições" e vai dizendo em tom de desculpa, que nada mais patriótico existe "do que cada um de nós dar o seu contributo para reaver a independência económica do país". Enfim, neste tempo de cifrões, a data da difícil e na época considerada improvável reconquista da independência do Estado, é remetida para questões económicas da oligarquia. Claro que Paulo Portas não corresponde ao grosso daquilo que se conhece por "classe política" e por isso mesmo devia medir as palavras, pois nem todos são transumantes de feiras de enchidos. Longe disso. Dr. Portas, se o Estado não comemora o Dia da Restauração e estando V. Exa. no governo, mude radicalmente este infeliz estado de coisas. Se tem o poder, tenha a vontade e mais ainda, a ousadia.
O 1º de Dezembro não é comemorado pela população, leia-se, pelos habitantes das principais cidades, enquanto noutros pontos do país é dia de festa popular. Tal se deve à absurda menorização e intencional apagamento da nossa história, responsabilidade que deve ser integralmente assumida pelo regime republicano. O sistema vigente não comemora o 1º de Dezembro e tem como símbolo máximo, o verde e vermelho de uma Federação Ibérica imaginada no século XIX.
A Restauração da Independência consiste numa nódoa escarrapachada nos interesses dos mais poderosos malabaristas da finança e das negociatas que nos trouxeram a esta situação. A cada 1º de Dezembro que passe, jamais é organizada qualquer demonstração militar digna desse nome e as Forças Armadas não fazem qualqer esforço para que seja evocada uma data onde os antepassados justificaram a própria existência dos nossos quadros militares. As escolas ignoram ostensivamente o feito de 1640 e os heróis da Restauração são hoje tão desconhecidos, como qualquer um dos pretéritos e bastante dispensáveis presidentes da República. O Estado e centros de estudos não patrocinam ou incentivam trabalhos académicos relativos ao período e os manuais escolares são escandalosamente parcos na informação capaz de solidificar a nossa consciência nacional. É o completo deboche.
Dir-se-ia ser a nossa "classe política" um mero eco dos interesses da Câmara de Comércio e Indústria espanhola em Portugal. A gente do(s) governo(s) apenas parece(m) pensar na segurança dos seus interesses particulares. Isto, para ficarmos por aqui.
Há quem, apesar da sua neutralidade, não deixe nada ao acaso. A isto chama-se planeamento.
No Brasil, as unidades militares exibem ostensivamente a bandeira portuguesa
O alegadamente nada discreto deputado Nuno Magalhães, parece estar a convidar Ribeiro e Castro a apresentar a sua demissão. Magalhães perdeu qualquer tipo de pudor, procurando expulsar do hemiciclo, o único deputado que neste Parlamento mostrou a verticalidade da sua coluna vertebral. Espanta-nos o interesseirismo, silêncio ou timidez de muitos outros "deputados monárquicos" - ministros Paulo Portas e Mota Soares incluídos - que do PS ao CDS permanecem quedos e mudos perante o insulto em que consiste a abolição do feriado do 1º de Dezembro. Se a isto juntarmos o descarado assalto BPN, para sexta-feira apenas falta o 13 do calendário.
Em suma, esta gente não é de confiança.
Faz hoje 90 anos. Dois oficiais da Marinha de Guerra, os comandantes Jorge de Sacadura Freire Cabral e Carlos Viegas Gago Coutinho iniciaram aquela que seria a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Depois de todas as terras terem sido descobertas, de todos os mares terem sido navegados, chegara a vez de explorar os ares por onde nenhum ser humano tinha estado, desafiando rotas cada vez mais longas e arriscadas. A primeira travessia sobre do Canal da Mancha, pelo francês Louis Blériot (1909); do Mediterrâneo, por Roland Garros (igualmente francês, em 1913); do Atlântico Norte (da Terra Nova à Irlanda) pelos norte-americanos Alcock e Brown, em hidroaviões da Marinha dos EUA (1919).
Mas os portugueses também fazem das suas. Em Outubro de 1920, dois aviadores da Aeronáutica Militar (do Exército), José Manuel Sarmento de Beires e António Brito Pais tentam a travessia de Lisboa à Madeira num bombardeiro Breguet 14. É uma verdadeira aventura: um vôo directo de 1500 Kms sobre o mar, sem rádio nem navios de apoio, num avião com trem de aterragem de rodas, e portanto incapaz de amarar em caso de emergência. Atingida a Madeira, a ilha está envolta em nevoeiro cerrado, e os aviadores são incapazes de se orientar e aterrar. Esgotado o combustível, despenham-se no mar. Mas como a sorte protege os audazes, acabam por ser salvos, milagrosamente, por um cargueiro inglês que por eles passa, por mero acaso.
No ano seguinte, aquando da compra por parte da Marinha de dois hidro-aviões torpedeiros em Inglaterra, Sacadura Cabral (aviador) e Gago Coutinho (hidrógrafo) propõem a encomenda de um terceiro, modificado sob especificação (asas de maior envergadura, sem armamento e com muito maior capacidade de combustível) para tentar a travessia do Atlântico Sul no ano seguinte, por ocasião do centenário da independência do Brasil. A ideia é aceite, e assim a Marinha recebe o Fairey IIID F-400, que é baptizado de «Lusitânia».
Mas a viagem Lisboa-Rio de Janeiro é bastante mais ambiciosa que todos os anteriores vôos sobre o mar. Totaliza 8000 quilómetros, em grande etapas voadas em larga medida de noite, sem outra referência que não as estrelas, e por diferentes regimes de vento. Para possibilitar o vôo sobre grandes extensões de oceano de noite, Gago Coutinho adapta o sextante para o uso em navegação aérea, dotando-o de um horizonte artificial. Depois de efectuada a primeira travessia bem sucedida até à Madeira, em 1921, a grande viagem tem início a 30 de Março de 1922, quando às 16h30 o «Lusitânia» sai da base de hidroaviões na Doca do Bom Sucesso, em Belém e levanta vôo.
Ao longo do trajecto entre Lisboa, as Canárias, Cabo Verde, Fernando de Noronha e a costa brasileira, a Marinha destacou navios de forma a prestar assistência à expedição. A viagem seria atribulada ao aproximar-se da costa brasileira, e seria muito atrasada quando o «Lusitânia» é perdido na amaragem junto aos penedos S. Pedro e S. Paulo, tendo os dois aviadores sido salvos pelo cruzador «NRP República». De Lisboa, é enviado um segundo avião, o «Pátria», de forma a retomar a viagem desde o ponto em que fora interrompida, mas o azar de novo acontece e também este avião é perdido numa amaragem de emergência.
Montaigne, Da Amizade:
«Há, para lá de todo o meu discernimento e de tudo o que eu possa dizer esmiuçadamente, não sei que força inexplicável fixada pelo destino a servir de mediadora desta união. Procurávamo-nos antes de nos termos encontrado, por causa dos relatos que ouvíamos um acerca do outro, os quais nos abalavam emocionalmente mais que o que seria razoável esperar de relatos que se ouvem, e, creio-o, por causa de algum decreto do Céu: abraçávamo-nos pelos nossos nomes. E, no primeiro encontro, que ocorreu casualmente numa grande e muito concorrida festa da cidade, sentimo-nos tão cativados um pelo outro que desde então nunca nada passou a ser tão próximo de cada um de nós como o outro.»
Naquela espécie de noite da má língua da SIC Notícias, a coqueluche António Costa - o tal das arrasadoras demolições lisboetas -, volta à carga com a ladainha do "falar do passado.... o bode expiatório Sócrates", etc. Fala da necessidade de investimento, do secar da economia, do desemprego e doutros fracassos destes dias, como se porventura tivesse na cabeça, o exacto local onde encontraremos o pote de ouro que permita mais umas tantas habilidades para eleitor ver.
Assim continua em grande, o processo de branqueamento do todo ex-governativo, sabendo-se que o independente engenheiro é uma súmula de todos os outros que andaram em caras engenharias pela Administração Interna, Obras Públicas, Economia, Finanças, Saúde, Educação, Assuntos Sociais, caminhos de ferro, autoestradas, aeroportos, escolinhas, contentores, pontes, bancos e por aí fora.
É infalível a sub-reptícia santificação do homem que bem vistas as coisas como elas realmente foram, muito se parece com um vendedor de automóveis a estrear ... em quarta mão.
..antes de uma vez mais tentar vender-nos a sua lucrativa - no que lhe toca, claro - banha da cobra, atente à situação no Japão.
Francisco Assis abespinha-se contra aquilo que diz ser uma gigantesca campanha de demonização do boulevardier José Sócrates. O verdadeiro caso é outro, porque no preciso momento em que o antigo chefe parlamentar pronuncia o desabafo, o próprio Partido continua a sua gigantesca campanha de branqueamento de tudo o que neste país se foi passando ao longo de mais de duas décadas, cooperante estratégico belenense incluído no rol das malfeitorias. Foi apenas por mera tolice ter sido necessário o resgate internacional, a humilhação de Portugal às mãos dos credores e a actual política da banda gástrica nacional.
Nem Göbbels teria tanta imaginação para a propaganda. Só visto.
O Livro Negro dos Esquemas e Fraudes Na NET
O Estado Sentido em missão de serviço público.
(fotografia "roubada" ao Delito de Opinião)
Ao ler algumas das míticas frases do genial Millôr Fernandes por aí, como as salientadas pelo Bruno Garschagen, veio-me à memória que o meu trabalho final de licenciatura, sobre o lugar do Brasil na Política Externa Portuguesa, abre precisamente com aquela que continua a ser uma das minhas citações favoritas: "Um país que precisa de um salvador não merece ser salvo."
O Sr. Patrick Monteiro de Barros tem agora uma excelente oportunidade para demonstrar a sua benemerência.
O argumento da idade/antiguidade. O típico lugar-comum de quem julga que a idade é um posto seja lá para o que for, especialmente para validar argumentos numa discussão, como se um tipo mais novo não pudesse ser mais conhecedor e inteligente e derrotá-lo intelectualmente. Parece-me ser uma coisa muito portuguesa, esta variante do "respeitinho." Qualquer pessoa que caia na estupidez deste argumento falacioso está obviamente a pedir para que eu nem sequer perca mais um segundo que seja a debater com ela, até porque recorrer a isto implica automaticamente dar-se por vencida e, portanto, o meu trabalho aí está feito.
Um oportuno e sucinto artigo da autoria de Mário Soares, sumariamente foca alguns aspectos da situação que a pujante China hoje vive. Evocando a aparente contradição entre o comunismo "dogmático, reconhecidamente duro, e uma economia neoliberal de capitalismo selvagem", o autor poderia ter ido mais longe, procurando dissecar o que verdadeiramente se esconde por detrás dessa realidade. Tal como vimos nos ainda recentes acontecimentos ocorridos na Baixa da capital tailandesa, a plutocracia encontrou na forma de organização do Estado maoísta, um quase perfeito enquadramento das massas, submetidas estas aos ditames do Partido que pela clara coerção física e moral, impõe as regras, desloca populações, mantém o silêncio e a disciplina. É certo tratar-se de um primeiro estádio em que a contemporização do PCC também se deve à necessidade de aquisição de know-how e avidez de novos mercados.
Podemos então questionar acerca da capacidade que os ocidentais terão em indefinidamente continuarem a comprar produtos chineses, dada a constante desindustrialização e consequente empobrecimento da outra rica Europa. Paralelamente há ainda que perceber a forte hipótese de a China enveredar pelas possibilidades oferecidas pelo seu mercado intern, com as inevitáveis transformações políticas que tal opção encerra. Este consite sem dúvida, num aspecto essencial com o qual o mundo terá de contar.
A China vai cimentando algumas submissões na região e além-mar, mas também encontra novas desconfianças e decerto bastantes precauções por parte de países que não estarão dispostos a demasiadas cedências perante delírios de grandeza que até já reivindicam o Mar das Filipinas e o controlo das passagens para o Índico como imaginadas fronteiras naturais. Como o Ocidente poderá aproveitar esses potenciais aliados temerosos e conhecedores daquilo que os chineses têm desenvolvido em regiões tão problemáticas como os Himalaias, o Médio Oriente e o Sudeste asiático, é a incógnita que se coloca.
Num discurso atroz e cheio de contradições Paula Teixeira da Cruz afirma veementemente que "O PSD recusa o liberalismo clássico e o conservadorismo". Era preciso que a senhora Ministra soubesse o que é que rejeita, mas isso são contas de outro rosário e não se pode pedir muito a quem no mesmo discurso defende ideias como a separação de poderes, que por acaso não tem nada a ver com o liberalismo clássico, enquanto critica as coligações de interesses organizados ao mesmo tempo que defende a justiça social, que por acaso nem é uma ideia fundadora da social-democracia que nem tem precisamente como efeito fomentar as tais coligações de interesses que parasitam o estado e são privilegiadas pelo poder político à custa de todos os contribuintes.
Bom, mas também não se pode pedir muito a quem, defendendo a justiça, de que é Ministra, ainda há pouco tempo propunha a elaboração de uma lei tecnicamente impossível, porque discriminatória e contrária não só aos princípios gerais da abstracção e da generalidade como à Declaração Universal dos Direitos do Homem, de que Portugal é signatário. Mas claro que estas alarvidades passam pelos pingos da chuva e até acabam por ser um mal menor num Congresso que se prestou a uma viragem à esquerda de Passos ontem-era-liberal-mas-agora-sou-social-democrata Coelho e a uma radicalização do discurso de Alberto João Jardim, que mais parecia um camarada de Fidel ou de Chávez.
Como é que Paula Teixeira da Cruz aceitou fazer parte de um governo liderado por alguém que se dizia liberal, é que muito me surpreende. Oscar Wilde bem afirmou que a coerência é a virtude dos imbecis. Mas Passos Coelho também não precisava de levar isto à letra e tão rapidamente operar uma mudança análoga à de Soares que meteu o socialismo na gaveta. Ou até o podia fazer, se ao menos soubesse justificá-lo. Mas isso também era pedir demais a quem também não sabe bem o que é o liberalismo, o conservadorismo ou a social-democracia. Pensando bem, pelo menos ficamos a saber de que fibra intelectual e moral é realmente feito. Uma fibra mole, muito mole.
...uma bela maquia às custas do Estado francês. Nem sequer perdendo algum tempo em imaginosas contemplações por aquilo que poderia ter sido a paterna educação ministrada ao filhote Mohamed júnior, apenas destacamos esta permanente e irritante monomania da inversão de valores, colocando-se o progenitor do carrasco na posição de vítima, ainda por cima ofendida. Embora forçosamente tenhamos de concordar com a afirmação da utilidade da salvaguarda da vida do terrorista islâmico de Toulouse - soltando-lhe a língua -, há ainda que considerar aquela outra hipótese bem plausível, de o menino rapidamente se tornar numa espécie de anjinho ao estilo Bobby Sands, com solidárias manifs na Praça Luís XV - vulgo Concórdia -, greves da fome, tomadas de reféns, "lutas" e outras sandices do estilo. Por obra e graça dos repimpados comensais do erário locais e restante escória do costume - "comunicação social" incluída - provavelmente testemunharíamos a transfiguração do vilão em herói, até porque são conhecidos inúmeros exemplos via IRA, Brigate Rosse, RAF, Setembro Negro, ETA, Mumias Jamals, etc. Não nos admiraríamos nada se chegássemos ao ponto de champanhadas em "círculos literários" e êxtases que tornassem Merah numa espécie de ícone para t-shirts.
Não perdem pitada, estes cameloteiros da morte.
38 anos depois da Revolução de Abril, e depois de múltiplas comissões, planos, etc, que eram bonitos do papel mas disso não passaram, eis que hoje, de novo, e agora com formato legal manifestamente "tímido" adaptado à magreza dos tempos, foi publicada no Diário da República a Resolução do Conselho de Ministros n.º 38/2012, que cria a Equipa para os Assuntos do Território (EAT), coordenada pelo Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e composta pelos Secretário de Estado da Administração Pública, Secretário de Estado da Administração Local e Reforma Administrativa, Secretário de Estado Adjunto da Economia e do Desenvolvimento Regional e Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território. 38 anos feitos de disparates, do "deixa-andar", do desmantelamento cavaquista das vias ferroviárias e do abandono da agricultura. O objectivo da presente resolução é o de municiar o Governo com essa "visão integrada e de conjunto", instrumental mas essencial para a tomada de decisões que as reformas implicarão. Uma visão que, como é publicamente reconhecido, o Governo não tem. Mas uma visão que, uma vez mais, é apenas financeira e preocupada com os números e não com as pessoas ou apenas, e tão só, naquilo que estas impliquem no âmbito da racionalização (leia-se poupança) e na oferta de serviços públicos. Ou seja, a garantia de que, apesar do despertar, este despertador apenas toca no que aos gastos diz respeito e não quer saber do resto. Onde estão as preocupações com as aldeias abandonadas, com a agricultura que não existe? No fundo, e de novo, de forma antecipada, mais uma oportunidade perdida... O doente despertou e morreu logo a seguir. É a triste sina de Portugal.
O Mar e a Terra - Ilhas Selvagens 1985 - parte II
Agradecemos a Mónica Albuquerque a disponibilização deste vídeo.