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Ainda falta limar algumas arestas, como a secção das ligações, mas já pode ser lançado publicamente o meu site pessoal. Este destina-se principalmente a reunir no mesmo sítio diversos artigos e textos, quer de cariz académico, quer opinativo, que tenho vindo a escrever ao longo dos últimos anos. No blog encontram-se todos os meus textos publicados no Estado Sentido. Comentários, sugestões e opiniões são bem-vindos.
Tendo como fundo uma guitarrada retintamente espanhola, a RTP24 passou um pequeno número anunciando a elevação das Fortificações de Elvas a Património da Humanidade, designando a localidade como um "ponto de união entre Portugal e Espanha". Mais um disparate a juntar a outros que ininterruptamente consegue produzir.
Além do valor patrimonial do monumento, existe aquele outro mais importante e que sem qualquer dúvida salienta a firmeza da luta pela Independência Nacional, coisa negregada por muitos agentes do poder político submetido a caprichos individuais do enche-bolsos a que chegou o Estado a que nos habituámos.
Bertrand Russell, "Ideas that have harmed mankind": «Male domination has had some very unfortunate effects. It made the most intimate of human relations, that of marriage, one of master and slave, instead of one between equal partners. It made it unnecessary for a man to please a woman in order to acquire her as his wife, and thus confined the arts of courtship to irregular relations. By the seclusion which it forced upon respectable women it made them dull and uninteresting; the only women who could be interesting and adventurous were social outcasts. Owing to the dullness of respectable women, the most civilized men in the most civilized countries often became homosexual. Owing to the fact that there was no equality in marriage men became confirmed in domineering habits. All this has now more or less ended in civilized countries, but it will be a long time before either men or women learn to adapt their behaviour completely to the new state of affairs. Emancipation always has at first certain bad effects; it leaves former superiors sore and former inferiors self-assertive. But it is to be hoped that time will bring adjustment in this matter as in others.»
Para além dos efeitos nefastos do feminismo de pendor neo-marxista – o que mais visibilidade e expressão tem –, um dos grandes problemas das relações humanas na contemporaneidade é o facto de muitas mulheres pensarem que são a Samantha de "O Sexo e a Cidade", e de muitos homens serem realmente idiotas como alguns dos que aparecem na série. A natural dinâmica de grupo que leva à imitação, propagação e aceitação social destes tipos de comportamentos acaba por originar um certo vazio de individualidade, dissolvendo-se esta no grupo, acabando muitas pessoas por se tornarem fotocópias umas das outras e, portanto, realmente entediantes e desinteressantes como as mulheres respeitáveis de que Bertrand Russell falava. É a vitória da matéria sobre o espírito, e do efémero sobre o eterno.
No próximo Domingo, 1 de Julho, comemoram-se 60 anos sobre a fundação da Força Aérea Portuguesa. A FAP resultou da fusão da Aeronáutica Militar (pertencente ao Exército, fundada em 1912) e da Aviação Naval (da Marinha, fundada em 1917), razão pela qual este ano também se assinala um século de aviação militar em Portugal.
Lamentavelmente, e devido à situação financeira, as comemorações serão muito aquém da ocasião e do que inicialmente estava planeado, que incluia um festival aéreo internacional, o Tiger Meet 2012, reunindo esquadrões de forças aéreas de países aliados e amigos (tal como sucedeu em 2002, em Beja).
A comemoração principal terá lugar na Base do Montijo (B.A. nº6), que estará aberta ao público. Outras bases estarão abertas ao público em Julho e Agosto, podendo o programa completo ser consultado no site da FAP.
Parabéns, FAP!
PS. Hoje, 29 de Junho, é o aniversário do Regimento de Comandos, como bem lembra João Gonçalves: fazem meio século. Audaces Fortuna Juvat.
José Adelino Maltez no The Next Big Idea da Sic Notícias:
Tratar o patriotismo como algo pejorativo sem operacionalizar e qualificar o que se entenda por patriotismo é, vá lá, um bocadinho para o iliberal, irracional e academicamente pouco sério. Umas leituras de MacIntyre ou Scruton podem ajudar. E relembrar o que é uma ordem espontânea também. Por mim, continuo a subscrever Pessoa quando diz que o «O Estado está acima do cidadão, mas o Homem está acima do Estado» e apenas acrescento que a pátria está acima do estado, não podendo ser aprisionada por este nem por nenhum de nós e sendo, na realidade, o mito que fundamenta o burkeano contrato entre os mortos, os vivos e os ainda por nascer. E continuo também a subscrever Samuel Johnson quando falando no falso patriotismo afirma que este é o último refúgio de um canalha. Relembrando Miguel Torga, a pátria é "o espaço telúrico e moral, cultural e afectivo, onde cada natural se cumpre humana e civicamente. Só nele a sua respiração é plena, o seu instinto sossega, a sua inteligência fulgura, o seu passado tem sentido e o seu presente tem futuro." Nenhum homem é uma ilha, ao contrário do que muitos pensam.
Por estes dias, falham alguns em entender o mito que é a pátria enquanto, nas palavras de Karl Deutsch glosado por José Adelino Maltez, "uma comunidade de significações partilhadas" e, nestes tempos de paz na Europa, como esta se reflecte numa ligação emocional entre um povo e os seus representantes em actividades onde exista representação nacional, como o caso do desporto - em concreto, nestas últimas semanas, o futebol. Lembrando que a pátria é, como escreveu Miguel Torga, "o espaço telúrico e moral, cultural e afectivo, onde cada natural se cumpre humana e civicamente. Só nele a sua respiração é plena, o seu instinto sossega, a sua inteligência fulgura, o seu passado tem sentido e o seu presente tem futuro", vale bem a pena ler o Filipe Nunes Vicente e o Carlos Guimarães Pinto:
Filipe Nunes Vicente, O futebol e os intelectuais:
«As vitórias da selecção nacional suscitam orgulho aos portugueses porque o EURO 2012 é um parque de diversões para os símbolos nacionais. Nenhum problema nisto. Nas guerras, as acções dos soldados, dos generais e dos políticos suscitam o mesmo espírito e ninguém pensa que essa inflamação patriótica oculta atraso económico, maus hospitais ou insucesso escolar.
A ligação de um povo com a sua selecção não passa pela leitura de Píndaro ou pela exegese de Heidegger: é simples, directa e dura pouco. Como o sexo.
Os que contam bandeirinhas, se incomodam com a cruz ou anotam os minutos imbecis dos directos, racionalizam o que não é racionalizável. Nunca tiveram um ataque de pânico ou uma obsessão?»
Carlos Guimarães Pinto, Os ateus do Futebol:
«Os ateus do futebol já fazem parte do folclore das competições internacionais de futebol em que Portugal participa. Para quem não sabe o ateísmo futeboleiro foi inaugurado por Pacheco Pereira e, entre coisas, consiste em passar todo o período das competições de futebol a falar sobre o quão irrelevantes elas são, da irracionalidade do gosto pelo futebol e sobre a forma como estes eventos distraem as pessoas dos assuntos importantes (por assuntos importantes, entenda-se, a política, a troika, o défice, o sacana do Sócrates e o demagogo do Louçã).
Tenho que concordar com eles: a devoção irracional pelo futebol contribui de facto para que muitas pessoas se esqueçam por um período de tempo destes assuntos. Mas não é só o futebol: um bom livro, as séries de televisão americanas, as quecas, os bikinis, os jantares de amigos, um bom cabrito, o sorriso dos filhos são tudo aspectos da vida que, sem motivo racional, nos fazem esquecer desses assuntos “importantes”. Os ateus do futebol estão certos relativamente à relação causal, têm é as prioridades de vida trocadas.»
Finalmente provou-se que é possível contrariar o "tiki-taka" espanhol e fazer frente de igual para igual à selecção espanhola. Faltou o bocadinho de sorte, como é habitual. Estão todos de parabéns e agora é seguir em frente rumo ao Mundial, onde de certeza esta belíssima selecção fará outro percurso excepcional!
Ao contrário de muita gente, não sofro de anti-espanholismo primário, daquele que nos é praticamente incutido desde os primeiros anos de escolaridade. Simplesmente não os suporto devido à irritante mania de fazerem um banzé, berrando e incomodando toda a gente à sua volta. Há qualquer coisa de muito elegante na atitude portuguesa no espaço público. Quanto mais não seja por isto, adoraria que a selecção nacional de futebol os silenciasse mais logo.
De resto, é como diz o Dragão:
«Por regra, futebol não é questão que me ocupe. Mas como pretexto é tão bom como outro qualquer. Para bater nesses filhos da puta. E só num país onde viceja e infesta uma prole imensa da mesma mãe é que pode ter-se implantado o conceito catita de "país irmão". Nustros hermanos, o caralho! Vossos, não sei; meus é que não!»
Vão faltar ao pica-ponto no Parlamento, fundações - até a novel-portuguecha "Saramaga" lá estará - , comissões, gabinetes de estudos e associações disto e daquilo. No próximo dia 5 de Outubro, o tal "desferiado", alguns convivas reunir-se-ão sob o unitário beneplácito do ex-CGTP Carvalho da Silva, o desde sempre anunciado candidato presidencial que não o será. Nomes sonantes como Almeida Santos - a filha, não o empreendedor pai - e restantes entusiastas socratistas que nos trouxeram à situação troikeira - Galamba, Sousa Pinto e a "Moreira filha" -, acompanhados pela inevitável Drago e a quéquíssima Joana Amaral Dias, estarão em joint-venture com os habituais militares da barrigona. Para compor o ramalhete, contam ainda com Paulo Pedroso, os estoriadores quebra-pedras António Reis e Rosas e o inevitável bem-aventurado Sousa Santos. Num fadinho de Carlos do Carmo, dizem-se "inquietos" e que "têm" capacidade política, mas o móbil é o mesmo, o da imagem.
Pois aqui desde já lhes garantimos faltar-lhes um operacional competente, um "faca de mato". Sugerimos a angariação do sr. Ricardo Rodrigues. Estando as cassetes do PREC preparadas para o grandioso evento, qualquer imprevisto jornalista poderá fazer descambar a festa e há que acorrer a todas as eventualidades.
Albert Camus, A Peste: «Em vão eu lhe disse que a única maneira de não estar separado dos outros era, no fim de contas, ter uma consciência limpa. Ele olhou-me com maldade e disse-me: "Então, por esse modo, ninguém está nunca com ninguém."»
Como é que eles diziam há um ano? «Nós não somos Portugal». Pues que no.
Depois do downgrade para nível lixo, Chipre pediu esta tarde resgate financeiro à UE.
O antigo Blogómetro foi desactivado, mas o Aventar, em serviço blogosférico, tratou já de colmatar a falha com um novo Blogómetro.
Pode dizer o que for mais conveniente, desde que faça outra coisa. Sabemos bem que a situação em que o país se encontra, não é de molde a grandes demonstrações de firmeza e neste momento será necessária uma certa dose de duplicidade.
No Expresso, Paulo Portas fastidiou-nos - numa entremeada de bocejos e risos - com federalismos e integrações para bruxelês ver. Estamos de acordo, pois poderá tratar-se de uma dose cavalar de Dormicum ministrado a quem abre os cordões à bolsa e anda sempre cheio de ânsias controleiras. De visita à América do Sul, o ministro faz o que deve e lhe compete, abrindo outras perspectivas que desamarrem Portugal deste nó mortal em que o regime da república nos colocou à força. Que saia do país, palmilhe Américas, a África, Ásia e Oceânia. Aí esteve o nosso passado que dá garantias de futuro.
A vizinhança anda aflita e pode aproveitar para bem reflectidos actos de propaganda. O Sr. Cavaco Silva deverá fazer uma urgente visita oficial às Ilhas Selvagens, e de preferência acompanhado por cientistas, militares e representantes do Parlamento. Os incidentes com os descendentes de Sancho Pança vão-se multiplicando e durante o verão, os detentores de cargos da nossa soberania poderão facilmente marcar o terreno.
Este assunto não está esquecido. Para que Belém e São Bento tomem boa nota.