Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
“Nós em seis meses vamos transformar o país e apresentar reformas que irão marcar o país para as próximas décadas. É para reinventar o país, para transformar o país e salvar o país dos 15 anos [sic] [a] que o Partido Socialista condenou o país à situação actual.”
Álvaro Santos Pereira, em 25 de Outubro de 2011
Como se a coisa não fosse já suficientemente negra, eis que, de repente, aparece, qual coelho tirado da cartola, mais uma PPP. É caso para dizer que os ministros da economia e da saúde deveriam pagar multas pela sua insistência numa fórmula ruinosa. Bolas que já chega!
Aguiar Branco perguntou: "há uma cultura suficientemente forte de partilha interna e com países vizinhos, neste caso, Espanha, para se poder edificar despreconceituadamente e descomplexadamente aquilo que é fundamental para sermos produtores de segurança"?
Não.
Porque não? Porque este é um velho e relho projecto republicano e para mais, já a contar com uma improvável mudança de regime em Espanha, essa arcaica monomania de certas lojas e marcenarias para todos os gostos. Aguiar Branco não parece ou não quer entender o percurso secular de Portugal na história e o que significa essa inevitável subalternização à Espanha. Aguiar Branco não entende? Olhe para o mapa, os militares podem explicar-lhe: Zona Económica Exclusiva no Atlântico, o Caso das Selvagens e a posição de Portugal na NATO. Estes três argumentos entre muitos outros sobejamente conhecidos e em suma, a independência nacional. Dada a situação do espaço lusíada no Atlântico, chegou o tempo de começarmos a olhar para o Brasil e para já, aproveitar melhor a estadia de Paulo Portas naquelas paragens. Angola e Cabo Verde seguir-se-ão automaticamente.
Que outras brilhantes ideias terá o sr. ministro? Também pretenderá reeditar o anúncio guterrista do fecho do ensino militar em Portugal, remetendo a nossa gente para a Academia de San Fernando? Atenção, existe um limite para tudo.
...ou mais propriamente, alguns dos táxis que fazem o servicinho no Aeroporto da Portela.
O meu amigo Jacques comprou um apartamento na zona da baixa e tem vindo regularmente à nossa cidade, fiscalizando as obras de recuperação - aliás muito bem feitas e com gosto - da sua futura residência. Chegando ao aeroporto, toma um táxi que invariavelmente o deixa à porta de um hotel na Avenida da Liberdade. Para meu embaraço, é a terceira vez consecutiva que se queixa do mesmo azar. Conhecendo Lisboa como poucos, sabe bem que o caminho entre o aeroporto e a principal artéria da capital, é quase "em linha recta", apenas sendo necessário cruzar a Av. do Brasil, passar ao Campo Grande, seguir pela "República" - neste caso mais "das bananas" do que nunca - e daí descer a Fontes Pereira de Melo, contornar o Marquês de Pombal e rapidamente chegar ao dito hotel. Pois bem, tal não tem acontecido. Falas "estrangeiro"? Zás!, estás bem arranjado. As jiga-jogas são mais que muitas, as voltas, revoltas e voltinhas tornaram-se insistentes e ontem o matreiro chófer chegou ao ponto de se decidir por uma incursão pela zona próxima de Benfica-2ª circular, seguindo para Sete Rios, entrando Praça de Espanha adentro, demorando tempos infindos no trânsito que se espreguiçava pela António Augusto de Aguiar, etc. Uma vergonha que saiu cara, como seria de esperar.
Não há quem ponha cobro a este escândalo, para não dizer roubo à descarada?
No Diário Económico: «Primeiro-ministro afirma que ninguém no Governo deseja sobrecarregar os portugueses com mais impostos, mas defende que nesta altura nenhuma decisão pode ser excluída.»
Já dizia Einstein que insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes.
Nem sequer me dei ao trabalho de pesar os "prós e contras" da privatização da RTP, embora pense ser útil a posse de um canal pelo Estado. Talvez esteja errado, pois conhecendo-se o que o actual Estado significa, qualquer insistência na manutenção do mesmo, consiste num puro exercício de masoquismo.
O que se torna cada vez mais nítida, é a azáfama dos mesmos de sempre, clamando contra a entrega daquela empresa a outras mãos que não aquelas que bem conhecemos, geradoras de défices descomunais destinado às carteiras do povinho. Carrões ano sim ano não, ajudas de custo, cartões de crédito, telemóveis, cadeirões, assessorias, colegas de Partido, pessoal contratado por ex-funcionários que se tornaram gestores de empresas prestadoras de serviços à RTP, eram e ainda são parte integrante do vórtice de dinheiro. Agora, num ápice todos garantem que a estação pública "pode ser" autónoma e gerar... lucro?!
Há uns vinte anos, coçando as impantes barrigonas e enrolando barbichas, os intelectos garantiam ser "impossível!" o sucesso financeiro de qualquer estação privada. Toneladas de miseráveis enlatados, Hollywoods de barraca e lixeiras aparte, vemos que a SIC e a TVI ultrapassam em muito os Jorges Gabriéis e afins, todos eles sujeitos ao mesmo modelo BIg Show. O Sr. Balsemão, esse portento de coerência, também parece ser contra a indecente privatização da RTP, sabendo-se que isso significará um certeiro corte nos caudais financeiros provenientes da publicidade que contará com mais um concorrente de peso. Numa inesperada autocrítica, Mário Soares fala em gravidade estranha e com toda a razão, pois vivemos num mundo exótico onde a gravidade portuguesa funciona ao contrário, fazendo elevar os pézinhos dos nossos políticos bem acima daquele contacto com o sujo planeta Terra. Enquanto isso, o pataqueiro junta-tostões Jorge Sampaio e o resto da cangalha assinam petições, quiçá receosos do fim daquele habitual cortejo de "noites, baladas da sorna, opressões, aljubismus tarrafalensis e berreiros mais ordenas" protagonizados pelo tal serviço público.
Não há pachorra. Se o tal Estado fosse o que dele se esperaria, seria até favorável à imediata retirada do sinal às privadas e imposição da existência de uma RTP de qualidade idêntica à BBC. Sim, assim mesmo, mas despoticamente monopolista, sem dar hipóteses a segundos e terceiros balsemismos locais ou colombianos.
Se os jornalistas soubessem ser jornalistas a sério, coisas como esta veriam a sua verdadeira face ser revelada. Não é difícil, bastaria falar com meia dúzia de jovens que conhecem realmente aqueles jotinhas que se servem das juventudes partidárias para o carreirismo, sem esquecer que a ilegalidade e a imoralidade são o prato do dia em certas agremiações. Até andamos todos por aqui, no Facebook e na blogosfera. Da minha parte, podem começar por estes posts: Um, dois, três, quatro, cinco.
Por "razões culturais", o atleta paralímpico iraniano recusou-se a apertar a mão da Duquesa de Cambridge. Neste caso concreto, compreendem-se as diferenças culturais e o respeito que há que ter pelas mesmas. O curioso é verificarmos que nos países deles, as portuguesas, espanholas, inglesas, alemãs, suecas, francesas ou búlgaras, são obrigadas a saírem à rua de dispensável trapinho na cabeça. Para ficarmos por aqui, os "mehrdads" acabam sempre por impor o que bem entendem. Vão a Paris e logo verão o que isto quer dizer.
«A História de Portugal, Rui Ramos e Manuel Loff
Por várias vezes, no decurso das últimas semanas, fui surpreendido por escritos alusivos à História de Portugal da autoria de Rui Ramos (coordenador), Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, publicada em 2009. A maior parte desses textos apareceram no PÚBLICO e o seu principal autor é Manuel Loff. Sei bem que a liberdade de expressão não pode ser limitada de ânimo leve, nem sequer pela qualidade. Mas é sempre triste ver que a inteligência, o rigor e a decência têm por vezes de ceder perante essa liberdade última que é a de publicar o que se pensa.
Quando tive a honra de apresentar o livro, na Sociedade de Geografia, anunciei o que para mim era um momento histórico. Com efeito, esta História de Portugal quebrava finalmente o duopólio fanático estabelecido há muito entre as Histórias ditas "da esquerda" e da "direita".
As várias formas de "nacionalismo" e de "marxismo" e respectivas variantes tinham dominado a disciplina durante décadas. Apesar de algumas contribuições magistrais (e a de José Mattoso é das principais), ainda não se tinha escrito uma História global, compacta e homogénea que rompesse com a alternativa dogmática, que viesse até aos nossos dias e que, especialmente para o século XX, "normalizasse" a interpretação da 1.ª República e do Estado Novo. Ambos estavam, mais do que qualquer outro período, submetidos à tenaz de ferro das crenças religiosas e ideológicas e ao ferrete das tribos.
Com esta História, estamos longe daquela tradição que cultiva e identifica inimigos na História. Agora, deixa de haver intrusos e parêntesis. Os regimes políticos modernos e contemporâneos, de Pombal à Democracia, passando pelos Liberais, pelos Miguelistas, pela República e pelo Salazarismo, eram finalmente tratados com igual serenidade académica, sem ajustes de contas.
Um dos feitos desta História consiste na "normalização" do século XX, marcado por rupturas e exibindo feridas profundas. Por isso me curvava diante dos seus autores, homenageando a obra que ajuda os portugueses a libertarem-se de fantasmas. Mas, sinceramente, já não esperava que ainda houvesse demónios capazes de despertar o pior da cultura portuguesa.»
Leitura complementar: Sobre a polémica Loff-Ramos
O Nuno chamou e bem à atenção para esta questão, mas permitam-me uma outra conclusão:
A troika chegou a Portugal, gizou um programa e disse ser um imperativo aplicá-lo. O Governo fez "orelhas moucas" e não o aplicou como receitado. Pelo contrário, "armou-se numa de herói" e disse que iria muito mais longe, ou seja, não aplicou na verdade o ditado pelos internacionalistas.
O resultado?
A troika diz que a culpa da queda das receitas e do não cumprimento do défice previsto para 2012, é do Governo.
E a troika tem toda a razão. Receitou ao doente um remédio com determinado número de tomas para que este pudesse recuperar de forma gradual. O médico luso fez de conta que não ouviu e, por sua vez, receitou ao paciente a toma única de uma "dose de cavalo".
O resultado?
O paciente morreu!
Estão a perceber?
A troika chegou a Portugal, gizou um programa e disse ser um imperativo aplicá-lo. Os portugueses foram a eleições, votaram em quem tinha mais capacidade ou idoneidade para aplicar o programa sem hesitações ditado pelos internacionalistas.
O resultado?
A troika diz que a culpa da queda das receitas e do não cumprimento do défice previsto para 2012, é do governo. Perceberam?
(imagem do ionline)
Elevando o senso comum à condição de ciência: «Em tempo de crise, as mulheres investem mais na beleza para caçar homens ricos, garante estudo norte-americano.»
Como há tempos escrevi, nutro apenas indiferença pelo espectáculo tauromáquico. Não deixo, contudo, de o compreender na sua dimensão cultural e social como sendo uma tradição portuguesa que não deve ser eliminada apenas porque um movimento de reduzidíssima expressão social o queira. Da mesma maneira que, sendo agnóstico, obviamente compreendo a herança judaico-cristã enquanto expressão da identidade ocidental. Infelizmente, há quem não conceba o conceito de tolerância, bastas vezes não se coibindo de mostrar à saciedade que talvez não devesse partilhar a mesma categoria moral dos demais bípedes.
Perante o sucedido com o forcado Nuno Carvalho, que corre o risco de ficar paraplégico após ter sido colhido por um touro, certos ditos defensores dos animais, que pretendem impor aos outros, por via da coerção, a sua visão quanto à existência de touradas, aproveitaram ou para utilizar o sofrimento do forcado para dar força às suas convicções, demonstrando lapalissianamente que além dos animais, os humanos que participam em touradas também se sujeitam a lesões graves - como se eles não soubessem -, ou para se regozijarem com o que potencialmente lhe virá a acontecer. Se dúvidas houvesse quanto à falta de nobreza de carácter dos ditos cujos, ficariam agora desfeitas.
Leitura complementar: Os animais que um forcado tem de pegar (JCS).
Um dos principais responsáveis pelo infinito rol de incompetências, nepotismos, roubos, má administração de fundos alheios e outras tantas desgraças que se abatem sobre Portugal, vem agora falar de previsões falhadas por outros.
O verão está a chegar ao fim e a maioria dos portugueses definitivamente regressa de férias neste fim de semana. A Câmara Municipal teve três meses - Junho, Julho e Agosto - para aproveitar a diminuição de trânsito, mas como sempre, pouco se rala com os problemas dos outros. A dupla Costa & Salgado bem deve ter torrado os miolos, tentando encontrar uma saída que desse direito a "obra feita". Como os ridículos candeeiros-fósforo do Terreiro do Paço não são suficientes para acrescetar às dúzias de odiosas demolições de prédios oitocentistas, a Câmara viu no Marquês, uma oportunidade única para andar na peugada de Santana Lopes e do seu túnel. É o normal passar da cachorrada que sucessivamente vai marcando árvores, pneus, postes ou caixotes de lixo.
O túnel está fechado devido às "obras de remodelação" do Marquês de Pombal. Dizem que o "breve incómodo" durará por três semanas, mas apenas esperamos que estas não sejam três semanas camarárias. Um tráfego perigoso e impossível, um "ver se te avias" a prometer contas a pagar no bate-chapas e copiosa recolha de multas, como convém.
Mas como é que esta gente imagina coisas assim? Aliás, quem lhes dá o livre arbítrio para incomodarem uma cidade inteira e os forasteiros que a visitam? E quem paga a conta?
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… (...)"
José Saramago
in Cadernos de Lanzarote – Diário III
Deve ter sido mesmo a única vez que concordei com Saramago...mas nem de propósito para a época que se vive.