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Este novo hábito de atear fogueiras em frente à Assembleia da República bem que podia ser aproveitado para fazer um magusto.
Quando em início de Setembro por duas vezes aqui lançámos o nome de Rui Rio como sucessor de Pedro Passos Coelho e antecipámos os cenários possíveis, estávamos isolados nessa análise. Mas quase que parecia que tínhamos sido ouvidos, quer em Belém, quer no Largo do Rato. Para além do PSD "profundo", como é evidente. Da Presidência, naturalmente, não chegam notícias. Da parte do PS, porém, eis que ontem ouvimos o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares de José Sócrates, Augusto Santos Silva, um homem do Porto, fazer precisamente a mesma análise que aqui deixámos. Parece que, afinal, o Plano B existe mesmo. Mas, ao contrário do que a maioria pensa, não inclui Passos nem Gaspar. Há um Rio que se avista no horizonte...
Passos Coelho, aflito e sem saber o que fazer, pede o apoio do PS para destruir o Estado Social e manda Seguro pensar bem por este se recusar fazê-lo. Luis Filipe Menezes, no Porto, já antevendo o previsível descalabro, diz que a sua candidatura é "suprapartidária" e que não pediu o apoio do CDS nem de ninguém! Gaspar, esse, transfere a sua própria encruzilhada e reiterada incompetência pessoal para um problema do País.
Manifestamente para os lados laranjas o pouco juízo que restava começa a escassear. E a conclusão é só uma: ensandeceram de vez...
Pedro Arroja, no Portugal Contemporâneo:
«Larguem o liberalismo e o socialismo. Eu sei que Portugal foi conduzido aqui mais pelo socialismo do que pelo liberalismo. Mas eu também sei que, se o caminho seguido tivesse sido o do liberalismo, o país não estaria em muito melhores condições. Nenhum desses é o nosso caminho. Libertem-se dessa escravidão intelectual, abandonem a politiqueira na blogosfera, nos jornais ou no Parlamento, ou deixem todas essas actividades para quem não tem capacidade para ir mais longe, ou simplesmente precisa disso para viver, o que, de resto, não vai ser por muito tempo. (...)
Se daqui por muitos anos, eles [geração dos trinta anos] se meterem numa aventura como aquela em que nós nos metemos depois do 25 de Abril, a viver de acordo com ideias que nos são estranhas e inimigas, em lugar de viverem com as ideias da sua cultura, que é uma cultura riquíssima e imensamente racional e, em consequência forem também à ruína como nós, se isso acontecer, então, onde quer que eu esteja, eu vou dizer: "Que cambada de parvalhões. Vivi num país arruinado, sei o que isso é, e transmiti-lhes a minha experiência. Indiquei-lhes um caminho para viverem bem. Sobretudo, indiquei-lhes os caminhos por onde nunca se deveriam meter. E foi precisamente por esses caminhos que eles se foram meter. Parvalhões."»
Na última vez em que ouvi o meu pai comentar um assunto da política, referiu-se à próxima visita da sra. Merkel a Portugal. Verificando a nula categoria desta gente que comanda vinte sete Estados europeus, dizia que há uns cinquenta anos, ..."esta mulher não teria passado de uma zelosa secretária bate teclas num escritório". De Lisboa a Varsóvia padronizou-se um certo tipo de empregadecos descartáveis e sem chama, incapazes da menor tentativa de mobilização de um espaço em claro declínio, praticamente perdido para um futuro que afinal não chegará.
No entanto, o meu pai esperava que a dita senhora fosse recebida da melhor forma possível, evitando-se qualquer pretexto para má publicidade extra, acicate de preconceitos e mais umas tantas vingativas cangas. Os irrisórios órgãos de comunicação que nos restam e que unanimemente se encontram ao serviço de quem exauriu a economia nacional, já despoletaram uma capciosa campanha de angariação de indignados de vários cambiantes. Querem ver em Lisboa, as totalmente dispensáveis cenas que ainda há uns tantos dias os atenienses protagonizaram na sua cidade. Tendo o actual regime atirado Portugal para uma situação de impossível solução, os seus donos ordenam o bater de tachos e tilintar de chocalhos, com isso esperando preencher alguns apontamentos de "última hora" nos canais informativos. De Merkel vem o dinheiro, de Merkel miraculosamente poderá chegar alguma "moderação e boa vontade", queira lá isso significar o que tiver mesmo de ser. Aconselha-se a prudência, mas investe-se na baderna. Os imbecis já estão por tudo, apenas querendo alijar culpas nos "odiosos estrangeiros".
Organizem a bagunça, façam partir montras, incendiar automóveis e já agora sigam o modelo de 1975, sugerindo o incendiar da Embaixada da Alemanha. Distraiam momentaneamente as atenções, mas os factos lá continuarão indeléveis e esperando o ajuste de contas que mais tarde ou mais cedo chegará. Tomem os nossos donos boa nota acerca da responsabilidade que a eles e só a eles cabe pelo actual desastre sem paralelo que o nosso país enfrenta.
Certo. Foi um elo da engrenagem partidária. Mas será um daqueles que " não têm vergonha de mudar de opinião "? porque não têm medo de dizer que erraram? Não sei bem se é esse o motivo, mas o certo é que já há tempos vem pondo a boca no trombone. Como outros.
Hoje diz-nos o quanto essa austeridade que tanto apregoam como a alternativa possível pode ser -é!- tenebrosamente facciosa.
Armemo-nos e marchai!...
Por esta e por outras, como posso continuar a acreditar nos partidos?
Parece que de há uns anos a esta parte o debate público está dominado pelas oposições entre mais austeridade ou menos austeridade, menos estado ou mais estado, público ou privado. Infelizmente, porém, raramente se discute verdadeiramente o que subjaz a estes conceitos e quantificações, ou seja, não se qualifica aquilo de que se fala, pelo que muitas pessoas acabam a falar para as paredes ou a falar com outras sobre coisas que embora tenham o mesmo nome, podem e têm mesmo entendimentos diferentes e até divergentes. O debate público português (e talvez mesmo o europeu e até o americano) está afunilado e esgotado. Pior que a pobreza económica, só a pobreza intelectual. "Isto dá vontade de morrer", como diria Herculano, ou pelo menos de nos exilarmos voluntariamente como ele. É que como diria Cícero, "Se temos uma biblioteca e um jardim, temos tudo o que precisamos."
- “Não percebo. Não há empregos mas, nos empregos que há, querem obrigar as pessoas a trabalhar mais e a receber menos, em vez de aligeiraram a carga e deixarem que mais gente trabalhe e tenha tempo para viver a sua vida ao mesmo tempo. Parece que o mundo ficou dividido entre os escravos do trabalho e os que, como eu, não conseguem trabalhar e depois também não conseguem fazer mais nada, porque não têm dinheiro e andam com a cabeça negra e cinzenta.” Público online
- “É um bocado triste dizer isto, mas o McDonald’s foi o sítio onde mais gostei de trabalhar. Às vezes, dizem-me “Ah, que horror, no McDonald’s” e eu até ganhava uma miséria, mas tinha trabalho.” Público online
- “Uma vez, estive quatro dias numa loja. Fui à entrevista, seleccionaram-me e, ao fim de quatro dias de trabalho, chamaram-me para assinar contrato. Meia hora depois, chamaram-me para assinar a carta de rescisão, porque tinham recebido um e-mail dos recursos humanos a dizer que, afinal, as lojas não estavam a facturar. Pouco tempo depois, aconteceu-me uma coisa parecida: chamaram-me, pediram as medidas para a farda e, 43 minutos depois, disseram-me que a administração não deixava contratar.” Público online
- “Já dei por mim a perguntar-me a quem é que eu podia pedir um pão ou uma maçã para elas levarem para a escola.” Público online
- “Uma vizinha minha bateu-me a porta a pedir-me comida. Até onde isto vai parar! Enquanto podermos cá em casa vamos ajudar.” (retirado do Facebook)
O artigo de ontem de José Pacheco Pereira merece ser lido, relido, afixado e guardado para memória futura.
Após aquela desastrosa tirada das "sinergias com Espanha", o sr. Aguiar-Branco disse umas verdades. Terá de nos avisar com qual dos hemisférios cerebrais prefere trabalhar, pois contentamo-nos com aquele que hoje o fez falar. Por vezes ele é um dos tais comentadores que agora increpa desabridamente.
Querem um aperitivo desta "peixinha"?
"A year into their marriage and the royal butler is no doubt unwrapping the tub of aphrodisiacal love butter and placing it on a silver tray. (I just hope they don't let the corgis watch. They may get over-excited and participate. I've heard of ''puppy love'' but that would be classified as ''heavy petting''.)"
Este é um típico jornalismo de recorte balsemista. Leiam o resto e concluam até onde pode ir a rasca estupidez convencida, bem paga e "cancioneiramente" risonha. As fotos do site da fulana resumem a criatura.
A chaputa foi pescada aqui.
Longe vão os tempos em que retirava um certo prazer da leitura habitual da blogosfera política dita de referência. Os textos e temas são cada vez mais repetitivos e o suposto pensamento livre que caracterizou e mobilizou muita da blogosfera contra os governos socráticos deu lugar a um pensamento cada vez mais amorfo, comprometido, simplista e muitas vezes demagógico. O maniqueísmo desbragado vai fazendo escola, provocando um certo fastio, já para não falar na escrita cada vez mais descuidada, talvez dando primazia a um certo imediatismo que, se é muito próprio dos blogs, não deixa de ser sintomático de uma infeliz adaptação a um certo tipo de jornalismo. Por vezes chego a ter até a sensação que certas redacções e a Assembleia da República se deslocaram para a blogosfera, ou que esta se tornou uma extensão daquelas. No fundo, a blogosfera vulgarizou-se, partidarizou-se e perdeu profundidade. Talvez seja eu que, ao fim de 5 anos de Estado Sentido, esteja um pouco cansado. Sinto, contudo, que vários bloggers que me habituei a ler também alinham um pouco por este diapasão, já não sendo tão assíduos e não trazendo com tanta frequência novos temas e abordagens originais. Ainda assim, falando concretamente de bloggers, ocorrem-me três excepções neste panorama depauperado: o Filipe Faria (O Insurgente), José Pacheco Pereira e o Dragão. Retêm uma profundidade e uma elegância ao alcance de poucos. Vale bem a pena segui-los, mesmo que por vezes se discorde do que escrevam.
P.S. - Por decoro, obviamente não me referi ao Estado Sentido na avaliação supra. Felizmente, nesta casa ainda se trata o português com respeito e a liberdade, mais do que apregoada, exerce-se. Acima de tudo, agradeço aos meus caros colegas pela qualidade que conferem a este blog, pelo privilégio que me dão de os poder ler aqui, e por suprimirem a minha cada vez mais parca assiduidade sem, contudo, se aborrecerem comigo.
O Dragão, Frases Assassinas X:
«A liberdade não se apregoa: exerce-se!
A liberdade, como exemplifica (segundo Aristóteles) o único Ser realmente livre do cosmos, tem um preço: a solidão.»